quinta-feira, 14 de novembro de 2013

053. BONNIE E CLYDE – UMA RAJADA DE BALAS, de Arthur Penn

O precursor no gênero será sempre o melhor.
Nota: 9,4


Título Original: Bonnie and Clyde
Direção: Arthur Penn
Elenco: Warren Beatty, Faey Dunaway, Michael J. Pollard, Gene Hackman, Estelle Parsons, Denver Pyle, Dub Taylor, Evans Evans, Gene Wilder, Martha Adcock, Harry Appling, Owen Bush, Mabel Cavitt, Patrick Cranshaw, Frances Fisher
Produção: Warren Beatty
Roteiro: David Newman, Robert Benton e Robert Towne
Ano: 1967
Duração: 11 min.
Gênero: Comédia / Ação

Bonnie Parker tem uma vida sem graça como garçonete em uma pequena cidade, onde mora com sua mãe. Certo dia, o aventureiro Clyde Barrow se apresenta, rouba um carro e foge com a moça a tira colo, que está achando tudo aquilo o máximo. No meio do caminho, eles acabam achando o jovem Moss, que também se propõe a sair por aí roubando as pessoas. Depois, ainda se juntam à trupe o irmão de Clyde e sua esposa, Buck e Estelle. Agora, os cinco se tornarão as bandidos mais famosos dos EUA.


Quando fui assistir a esse filme pela primeira vez, comentei com meu pai sobre a falta de necessidade de incluírem ao título “Uma Rajada de Balas”. Enquanto eu assitia ao filme, meu pai perguntou se já havia passado da metade do longa. Ao passo que eu respondi que sim ele completou: “então compreendeu o por que das rajadas de bala?” Realmente, há como entender por que o título no Brasil se tornou “Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas”. O filme é violento para sua época, e não é violento uma vez ou outra, como alguns filmes da época. “Bonnie e Clyde” é um filme de ação do começo ao fim, as cenas dos roubos representam, sem dúvida, mais de um clímax na história toda. As perseguições e os deboches acerca da fama dos protagonistas são outro trunfo. Arthur Penn foi indicado três vezes ao Oscar de melhor direção, uma antes desse filme, outra por esse filme e outra depois de filme. Seu trabalho é algo impressionante por termos cenas de perseguições e cenas de tiroteio tão bem realizadas, mesmo existindo limitações. O roteiro foi escrito por roteiristas, na época, inciantes, que tiveram suas carreiras iniciadas justamente por esse filme, que lhes rendeu uma indicação ao Oscar: David Newman, de “Superman: O Filme” (1978), Robert Benton, do maravilhoso “Kramer vs. Kramer” (1979) e de Robert Towne (não creditado) de “Chinatown” (1974). E é importante lembrar que a união desse roteiro excelente e de Penn resultou em um longa revelador que pode ser considerado uma das maiores inovações da época, trazendo mudanças no cinema que refletiram na geração sexo-drogas-rockn’roll, que se destacou nos anos 80, até hoje.


Todos os interpretes do quinteto que compõe a trupe foram indicados ao Oscar. Warren Beatty (Clyde) e Faye Dunaway (Bonnie) foram indicados nas categorias de ator e atriz principais, respectivamente, Gene Hackman (Buck) e Michael J. Pollard (Moss) foram indicados na categoria de ato coadjuvante e Estellle Parsons (Blanche) venceu na categoria de atriz coadjuvante por sua interpretação de uma mulher histérica. Beatty interpreta Clyde de forma inteligente: o homem se torna um mistério, ele tem suas manias e seus trejeitos, o que o torna um homem comum, cheio de seus problemas, seus desejos e seus sonhos. Beatty é simples e muito natural em sua interpretação e chega a comover em certos momentos. Faye Dunaway começou sua carreira, verdadeiramente, após viver Bonnie no cinema, no filme ela nos apresenta uma moça desesperada para deixar a cidade insuportável onde vive o quanto antes, mesmo que isso signifique cometer verdadeiras loucuras. Dunaway é intensa e forte o tempo todo, cheia de vida. Pollard é um garoto jovem que não tem nada a perder e que resolve se aventurar, na época o ator já tinha seus 28 anos e trabalhava desde os 20, mas o que vemos é um jovem violento sedento do gosto pela aventura. Gene Hackman que, mais tarde venceria 2 Oscars por suas atuações, vive um homem que deseja começar uma nova vida, mas que se vê tentado demais a não partir com o irmão na aventura de sair roubando bancos. Hackman é o típico ex-presidiário que deseja ter uma nova vida longe do crime, mas, ao mesmo tempo, é o típico homem que não consegue deixar um vício. Estelle Parsons não venceu seu Oscar à toa, suas concorrentes eram de peso, mas sua atuação como uma mulher que está à beira de um ataque de nervos a todo tempo é completa e muito bem estruturada, uma construção impecável, que mistura ódio e pena vindos do espectador, uma construção que apenas um grande atriz seria capaz de fazer.



Como apontei, esse filme foi um marco para o cinema. O Oscar nos mostra isso: é uma comédia de humor negro sobre dois bandidos que matam dezenas de pessoas e roubam bancos a torto e direito e conseguiu a façanha de ser indicado a 10 Oscars, levando o prêmio em 2 categorias. O longa é recheado de violência, de barulho (pessoas gritando, pessoas atirando, pessoas morrendo), não parece haver muita lei e os bandidos vão de um estado a outro buscando a liberdade. Em meio a tudo isso, o longa ainda consegue ser divertido, engraçado e inspirador. Não que assisti-lo seja uma motivação para roubar e matar, mas é uma motivação para viver. Essa tal liberdade que os personagens procuram é contagiante e o final épico e perfeito nos alerta quanto a consequências de nossas insanidades. Não há como deixar de esquecer daquele ditado que todos adaptam ao seu gosto: quem rouba uma vez, rouba duas; quem mata uma vez, mata duas, e por aí se vão Bonnie e Clyde até o fim de suas vidas.


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