A última adaptação do romance de
Alexandre Dumas é chata e decepcionante.
Nota: 6,0
Título Original: The Three Musketeer
Direção: Paul W. S. Anderson
Elenco: Mathew Macfayden, Luke Evans,
Ray Stevenson, Logan Lerman, Milla Jovovich, Orlando Bloom, Mads Mikkelsen,
Christoph Waltz, Freddie Foz, Juno Temple, James Corden, Gabriella Wilde, Ian
McKee
Produção: Paul W. S. Anderson, Jeremy Bolt,Robert Kulzer
Roteiro: Alex Litvak, Andrew Davis e
Alexandre Dumas (romance)
Ano: 2011
Duração: 110 min.
Gênero: Aventura / Ação
Athos, Portohs e Aramis eram os três
mosqueteiros do Rei francês até serem traídos por Lady de Winter e se tornarem
um bêbado, um gigolô e um homem a serviço do estado. Entretanto, a chegada do
jovem D’Artagnan, filho de um antigo mosqueteiro, fará com que ressurja o
espírito aventureiro desses homens. Nesse contexto, quando o destino os
colocarem de frente a um velho inimigo, o Duque de Buckingham, eles decidirão
pelo bem da França e lutarão.
Paul W. S. Anderson dirigiu alguns
filmes conhecidos, como “Mortal Kombat” (1995), “O Soldado do Futuro” (1998),
“Resident Evil: O Hóspede Maldito” (2002), “Alien vc. Predador”(2004),
“Resident Evil 4: Recomeço” (2010) e “Resident Evil 5: Retibuição” (2012). Em
“Os Três Mosqueteiros” o trabalho do diretor acaba sendo ofuscado pela beleza
visual proporcionada pela arte de direção de Nigel Churcher, de Hucky
Hornberger e de David Scheunemann, que já foram diretores de arte de outros
bons filmes que, assim como esse, se destacaram, justamente, pela beleza
visual. Além disso, temos a ótima edição de Alexander Berner e Claus Wehlisch,
editores, também, do recente “A Viagem” (2012). Ainda no campo técnico, temos a
decoração de set que nos reporta à exata França da época de Luis XIII,
realizada por Philippe Turlure, responsável por decorações como de “Último
Tango em Paris” (1972), “Perdas e Danos” (1992), “Evita” (1996), “O Último
Portal” (1999), “O Enigma do Colar” (2001) e “Perfume – A História de um
Assassino” (2006). A trilha sonora é composta por Paul Haslinger, e é mais uma
coisa interessante e boa entre tantos desastres desse filme. Dentre os
roteiristas, destaco Andrew Davis, em atividade desde 1967 e roterista de mais
de 80 trabalhos, especialmente para a televisão.
O quarteto que compõe os três
mosqueteiros é simplesmente resumido em péssimo. Respectivamente, como Athos,
Aramis, Porthos e D’Artagnan, temos: Matthew Macfadyen, Luke Evans, Ray
Stevenson e Logan Lerman. Em primeiro lugar não vejo por que falar deles
separadamente se a definição é a mesma: não há sincronia entre eles, nenhum
consegue nos transmitir a beleza de ser um mosqueteiro, mesmo quando parece que
eles arrumaram algo pelo que vale a pena lutar, enfim, não há nada de produtivo
que possa ser tirado desses quatro atores. Macfadyen, um ator com o qual
simpatizo, está melancólico e submisso demais; Evan é o menos pior dos quatro,
mas, ainda sim é um padre, não um mosqueteiro; Stevenson é um brutamontes que
não consegue sustentar nem a ele mesmo, o que o torna um perdedor de marca
maior, e só piora pelas feições do ator; Lerman é convencido demais e parece
que encarna o narcisismo do personagem, perdendo-se em tantas piadas e em tanta
bravura. Milla Jovovich, outra pessoa do elenco por quem tenho simpatia, está
simplesmente desnecessária como Lady de Winter (personagem belíssima inspirada
na prostituta Marion Delorme, possível amante do Cardeal de Richelieu), ela é
chata, artificial demais e a atriz não consegue trazer nenhuma identidade à
personagem. Orlando Bloom é outra decepção de marca maior, quando eu começo a
me acostumar com suas atuações ele nos traz uma interpretação pobre de um dos
melhores personagens da trama, tornando o vilão uma piada. A dupla composta
pelo Rei e pela Rainha da França, respectivamente interpretados por Freddie Foz
e Juno Temple, faz a vez do casal simpático, mas não há seriedade alguma nesse
Rei idiota e ele se expõe de forma ridícula, Temple está aceitável, séria e se
porta como uma dama.
Para salvar esse longa da verdadeira catástrofe, um austríaco e um
dinamarquês, nesse filme dirigido por um inglês e que conta a história dos
mosqueteiros franceses (vividos por ingleses): Christoph Waltz e Mads Mikkelsen
são, respectivamente, Richelieu e Rochefort. Confesso que foi Waltz quem me
convenceu a ir ao cinema há poucos anos assistir a esse filme, saí de lá me
perguntando o que fez esse homem aceitar o papel e, após algum tempo, conclui:
o personagem é ótimo e nos traz um grande nome da história. O Cardeal de
Richelieu foi o braço direito do Rei Luis XIII durante todo seu governo,
destruindo a imagem da mãe e do irmão do monarca para poder ficar ao seu lado.
Foi um dos maiores nomes da história na luta pela preservação do absolutismo e
da França como potência europeia. Ao lado do Rei lutou em guerras e conquistou
territórios e alianças. Dessa forma, volta à minha teoria: só posso acreditar que
Christoph Waltz foi caridoso e emprestou sua genialidade a esse filme devido a
força de seu personagem. Mads Mikkelsen vive o Conde de Rochefort, outro
personagem que possui muita força devido ao destaque dado a ele na história de
Alexandre Dumas. A interpretação é firme como imaginamos o personagem,
Mikkelsen não parece ser um homem piedoso que terá qualquer misericórdia.
Alexandre Dumas gostaria da história
proposta pelo enredo do longa, mas se decepcionaria com os mosqueteiros que nos
são apresentados. Se decepcionaria, também, com um Rei fraco demais e uma Lady
de Winter (uma das personagens mais características de sua obra) que parece mais
uma bonequinha de porcelana que mal pode se mexer de tão dura, com um Duque de
Buckingham deplorável (o dito homem mais poderoso da Inglaterra jamais se
pareceria com ele). O longa possui beleza visual e sonora, como apontei, tem
como trunfos as ótimas atuações de Waltz e Mikkelsen, mas isso tudo não é o
suficiente para ofuscar os defeitos e as enaltações desnecessárias. Com o
passar do tempo, o filme fica exagerado até em seu roteiro, alucinado demais e
sem graça ou proveito algum a não ser pelo enredo interessante. Não cometam o
mesmo erro que eu, se tiverem vontade de conferir o longa por Waltz e
Mikkelsen, aconselho: façam uma dobradinha Tarantino com “Bastardo Inglórios”
(2009) e “Django” (2012), pelos quais o austríaco venceu dois Oscars, e
aproveitem o final de ano para conferir a nova série sobre o serial killer mais
adorado do cinema, “Hannibal” (2012), onde o assassino é interpretado com
maestria pelo dinamarquês.
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