segunda-feira, 18 de novembro de 2013

050. BIUTIFUL, de Alejandro González Iñárritu

A interpretação memorável de Javier Bardem nos traz reflexões sobre nós mesmos, sobre a vida que levamos e sobre o mundo no qual vivemos como poucos artistas o fizeram
Nota: 9,5


Título Original: Biutiful
Direção: Alejandro González Iñárritu
Elenco: Javier Bardem, Maricel Álvarez, Hanaa Bouchaib, Guilhermo Estrella, Eduardo Fernández, Cheich Ndiaye, Diaryatou Chen, Jin Luo, George Chibuikwem Chukwuma, Lang Sofia Lin, Yodian Yang, Tuo Lin,
Produção: Fernando Bovaira, Jon Kilik, Alejandro González Iñárritu
Roteiro: Alezandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone e Armando Bo
Ano: 2010
Duração: 148 min.
Gênero: Drama

Uxbal é um pai separado que ficou com a guarda de seus dois filhos. Para ganhar a vida, poder sustentar as crianças e dar um futuro melhor a elas, ele trabalha, dentre outras coisas, com asiáticos trazidos de forma ilegal no México. Além disso, usa sua habilidade de falar com os mortos para ganhar um dinheiro extra. Uxbal ainda precisa lidar com os problemas de sua ex-esposa e mãe das crinças, Maramba, uma alcólatra que tenta recuperar sua família. Em meio a isso tudo, ele descobrirá que está com câncer na próstata e está prestes a morrer.


“Babel” (2006) é um dos filmes mais enigmáticos e intrigantes da primeira década desse século. “21 Gramas” (2003) é um filme que chega a perturbar por sua realidade. “Amores Brutos” (2000) é um dos dramas mexicanos mais belos já feitos. O que todos tem em comum? A genialidade por tras da câmera representada por Alejandro González Iñarritu, diretor de “Biutiful”. Assim como seus outros filmes, o longa é um soco no estômago por atingir nossos maiores instintos como seres humanos, mechendo com nossa pisiquique por abordar um drama que qualquer homem está sujeito a viver. A decadência que assola Uxbal a partir do momento que descobre o câncer na próstata é desumana e é impossível não se emocionar com as cenas em que ele expressa a dor que sente, não apenas por estar morrendo,e sim por estar sendo obrigado a deixar seus filhos e a vida que, apesar de difícil, é tão querida a ele. Além disso, o drama aumenta por ele ser obrigado a conviver com a mãe dos filhos, a mulher que ainda ama, mas uma mulher desequilibrada, de quem foi obrigado a se afastar por saber que seria o mais sensato a fazer pelo bem das crianças. A vida de Uxbal, por sim, é um tormento justamente por aquilo que mais buscamos: dinheiro. Trazer asiáticos para trabalhar na cidade em que mora e ver que eles não possuem condições de mordia adequadas é algo que deixa o personagem inquieto e usar seus dons espirituais para conseguir dinheiro não é forma que ele considera mais sorreta de “ajudar” aos outros. A vida do protagonista, portando, se torna um inferno por exiistirem tantas dificuldade e tão poucos meios de solucioná-las.


Javier Barden, indicado ao Oscar de melhor ator por sua interpretação, é o que há de melhor no longa, é a vida e a morte do filme. Como Uxbal, ele está magnifico, aquele verdadeiro assombro de que tanto falo. Bardem nos traz um homem à beira do abismo provocado pelas derrotas que vem sofrendo com o passar dos anos. No contexto mexicano em que o protagonista vive, a decadência se torna algo inevitável na busca por uma vida melhor, e Bardem representa o homem que, não importa a nacionalidade, luta por algo melhor. Em uma cena incrível, Uxbal se aproxima da morte e vê, no teto de sua casa, pessoas que morreram por sua culpa indireta. Ali, Bardem nos mostra que o Oscar era merecido, que a perturbação e a culpa que assolam um homem com índole boa são as mais tristes que podemos presenciar, e, talvez, os únicos homens que mereçam perdão sejam, justamente, esses. O ator, por fim, nos força, de forma simples e bela, a não julgar o protagonista em hipótese alguma, afinal, tudo o qeu ele tem feito é pelo bem de sua família. Ao lado de Bardem, está Maricel Álvarez, como Maramba. Apesar de o filme ser de Bardem, com o tempo sentimos a sintonia entre os intérpretes e nos convencemos que ela é perfeita para o papel dessa mulher que também quer o melhor para sua família, mas que, tomada pelos vícios, já não sabe mais que caminho deve percorrer para chegar à felicidade. Ambos nos fazem refletir durante o longa todo sobre a vida e seus propósitos. Sendo impossível se desligar do filme após seu término, pois uma onda de questionamentos sobre a vida toma conta de nossos seres: quem somos; o que somos; para onde vamos; de onde viemos; quem manda nisso tudo; quem criou o mundo que habitamos? E mais: será que somos humanos o bastante; fazemos o bem tantas fezes quanto deveríamos; doamo-nos a quem necessita de forma plena; estamos em paz com nós mesmos, mesmo não fazendo o bem para pessoas que precisam?


 Uxbal, assim como a grande maioria da população que passa necessidades no mundo, é uma vítima do sistema que privilegia os ricos, é uma vítima do destino que não trata todos da mesma forma e, pior, é uma vítima do Estado, que não dá assistência, muito menos oportunidades para que as pessoa possam crescer profissionalmente. O protagonista, nesse contexto, deseja que seus filhos tenham algo melhor para suas vidas, e acaba sobrevivendo por eles o máximo que pode, para lhes dar uma vida melhor. Mesmo que isso signifique ultrapassar os limites da lei ou do bom senso, mesmo que isso signifique deixar de lado suas crenças a respeito de seus dons e usá-los em prol de lucro material. Em uma das cenas mais belas do ano, uma amiga de Uxbal deixa claro que oque está acontecendo com ele tem relação direta com o fato de ele fazer dinheiro com o dom de ver e falar com os mortos. No final das contas, “Biutiful” nos revela que a vida não é tão bela e que tudo o que acorre com o nosso destino tem relção com aquilo que fazemos enquanto percorremos o caminho da vida. De uma forma ou outra, tudo o que recebemos é o preço que pagamos por nossos pecados.


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