Engraçada, porém repetitiva e sem
nenhuma novidade.
Nota: 7,0
Título Original: The Chance-Up
Direção: David Dobkin
Elenco: Ryan Reynolds, Jason Bateman,
Leslie Mann, Olivia Wilde, Alen Arkin, Mircea Monroe, Gregory Itzin, Ned
Schmidtke, Ming Lo, Sydney Rouviere
Produção: David Dobkin, Neal H. Moritz
Roteiro: Jon Lucas e Scott Moore
Ano: 2011
Duração: 112 min.
Gênero: Comédia
Mitch Planko e Dave Lockwood são amigos
de longa data. Enquanto Mitch trabalha como ator e passa a vida fazendo festas
– mesmo não tendo fama alguma -, Dave é casado, tem dois filhos, trabalha de
terno e gravata, vive em uma casa bonita e está com a cabeça cheia de
preocupações em uma vida onde rotina é uma regra. Em uma noite, os dois decidem
sair e, ao urinarem em uma fonte, reclamam como gostariam de ter a vida um do
outro. Agora Mitch é Dave, e Dave é Mitch, e eles terão de conviver com esse
fato.
Quando reflito sobre alguns sucessos do
cinema e concluo: “Ok. Acabou, não há mais meios de serem criados filmes onde
pessoas trocam de corpos para aprenderem da pior forma possível a dar valor à
vida que têm”, eis que surge mais um longa que tem isso como centro da
história. “Eu Queria Ter a Sua Vida”, entretanto, pode não ser o primeiro que
trata da troca de corpos de dois homens – não sei se é ou não -, mas é o
primeiro do estilo que vejo. Outros que tratam do tema e que podemos citar são:
troca de casal, “Se Eu Fosse Você” (2006) e “Flertando com o Inimigo” (1996);
troca de mães e filhas, “Se Eu Fosse Minha Mãe” (1976) e “Sexta Feira Muito
Louca” (2003); entre garotos e garotas, “Coisas de Meninos e Meninas” (2006) e
“Garota Veneno” (2002); entre pais e filhos, “Tal Pai, Tal Filho” (1087) e
“Vice Versa” (1988); entre avô e neto, “De Volta aos 18” (1988). Mesmo que o
tema seja tão recorrente a ponto de aparecer em mais de uma dezena de longas,
não acho que seja um tema ruim ou chato. É claro que não cair na mesmice e
fugir por completo dos clichês é impossível, mas esse filme é bem menos
entediante do que se pode pensar. Como a maioria dos filmes da atualidade,
visualmente falando, se visto em uma televisão decente, a produção é ótima e
não decepciona em nada – até por que não há nada de novo, tudo ocorre em uma
cidade e não há nenhum efeito especial. O diretor, David Dobkin, leva o longa
muito bem e tem ótimas tomadas amplas que abrangem todo o espaço em que os
personagens estão. Dobkin é o realizador do bom “Penetras Bons de Bico” (2005).
Um bom trunfo do longa é a trilha sonora do versátil John Debney, compositor
dos mais variados gêneros de filmes para cinema e indicado ao Oscar de melhor
trilha sonora por “A Paixão de Cristo” (2004).
Jason Bateman atua há mais de 30 anos no
mercado de televisão e seu primeiro filme para cinema foi “O Garoto do Futuro”
(1987), mesmo tendo trabalhado em filmes com pouco destaque qualitativo, acho
que Bateman é um dos melhores comediantes de sua geração – referindo-me a sua
geração de profissional, ou seja, comediantes, de qualquer idade, que se
destacaram na última década -, dento feito todo tipo de comédia, desde “Tudo
Para Ficar com Ele” (2002) até “Amor Sem Escalas” (2009), dramas como “Intrigas
de Estado” (2009), ação como “A Última Cartada” (2006) e até um filme de herói,
“Hancock” (2008). Na pele de Dave, Bateman está ótimo, sério e um verdadeiro
pai de família, mas é quando ele precisa enfrentar o problema de “ser” Mitch
que o ator se torna hilário e realmente imperdível. Não acho que Ryan Reynolds
seja tão bom comediante como querem nos passar, gosto dele em dramas ou filmes
de outros gêneros, como ação ou suspense, mas o resultado aqui, como em todo o
filme é surpreendente, Reynolds está bem quando deixa de ser Mitch e se torna o
preocupado e aflito Dave.
O que nesse filme me deixa realmente
incomodado é o roteiro que, mesmo tendo um enredo razoavelmente bom, possui
diálogos péssimos e cai em um clichê muito sem graça em alguns momentos. Não
que o filme seja um completo desastre, e também não é nenhuma obra de arte da
comédia, mas acredito que isso se deva, especialmente ao fato de não ser o
primeiro filme com essa história básica de troca de corpos. O fato é que o
longa passa a mensagem de que devemos nos contentar com nossas vidas e de que
nada é tão ruim que não possa pior, afinal, você pode ficar igual ao seu melhor
amigo, e, diga o que quiser, pense o que pensar, nossos amigos nunca são
perfeitos.
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