Uma obra de arte que faz jus a Karen
Blixen ao escolher Meryl Streep para interpretá-la. Viva a maior atriz da
história do cinema!
Nota: 9,6
Título Original: Out of Africa
Direção e Produção: Sydney Pollack
Elenco: Meryl Streep, Robert Redford, Klaus Maria Brandauer, Michael
Kitchen, Malick Bowens, Joseph Thiaka, Stephen Kinyanjui
Roteiro: Kurt Luedtke, Karen Blixen (romence), Judith Thurman (livro),
Errol Trzebinski (livro)
Ano: 1985
Duração: 161 min.
Gênero: Romance
Karen Blixen nasceu em 1887,
dinamarquesa, filha de um militar que cometeu suicídio, foi criada apenas pela
mãe ao lado de quatro irmãos. Por volta de 1914 casou-se com o sueco Bror Von
Blixen-Finecke e tornou-se baronesa, indo, consequentemente, viver em uma
fazenda africana ao sopé do montes Ngong. Karen teve uma vida complicada devido
a doenças, amores, filhos perdidos e fracassos na fazenda. Em 1931 voltou à
Dinamarca. Sob o pseudômino de Isak Dinesen, escreveu em 1929 “A Vingança da
Verdade”, em 1934 “Sete Contos Góticos”, e em 1937 veio seu maior sucesso que
inspirou esse filme “A Fazenda Africana”. Sob o pseudômino de Pierra Andrezal
publicou durante a Segunda Guerra Mundial “Contos de Inverno” e “as Vingadoras
Angélicas”, em 1958 “Anedotas do Destino” e em 1960 “Sombra na Pradaria”.
Morreu em 1962 com 77 anos, deixando um legado inestimável para a literatura
mundial.
Karen Blixen acaba de perder a chance de
se casar com seu amante, ela decide, então, casar-se com o irmão dele, do qual
é muito amiga. Ele aceita por precisar do dinheiro dela e ela por querer o
título dele. Desde sua chagada na África, onde ele possui uma imensa propriedade,
os dois já começam a desentenderem-se e suas vidas não são as mais belas
possíveis. Por Bror viajar muito e quase nunca parar em casa, Karen encontra em
seu trabalho e, principalmente do aventureiro Dennys, algum motivo para viver.
“Uma Vida em Suspense” (1965), “Esta
Mulher é Proibida” (1966), “A Noite das Desesperadas” (1969), “Nosso Amor de
Ontem” (1973) e “Tootsie” (1982) são apenas alguns dos títulos mais importantes
que introduziram Sydney Pollack no cinema, anteriormente ele trabalhara em
séries para televisão. É engraçado como quando fazem pequenas listas de
parcerias nos cinemas vemos com recorrência nomes conhecidos como: Martin
Scorsese e Robert De Niro, Billy Wilder e Jack Lemmon, Tim Burton e Johnny
Depp, Federico Fellini e Marcello Mastroianni, John Ford e John Wayne e Ingmar
Bergman e Max Von Sydon, mas nunca vi em tantas listas, nem mesmo nas mais
completas, citarem a parceria de sete filmes de Pollock e Robert Redford, uma
dupla que sempre é ótima. Enfim, Pollack é sempre um gênio, mesmo quando faz
filmes com roteiros pobres. Aqui ele faz aquilo que eu chamo de inimaginável:
torna a história totalmente palpável, a cena em que Streep e Redford estão no
avião é considerada um dos momentos mais importantes da história do cinema por
inovar com tanta qualidade. O filme como um todo é realmente um trabalho
genioso feito por alguém magnífico. Vale lembrar a cena em que Streep é quase
atacada por uma leoa, era para o animal estar preso, mas Pollack decidiu
soltá-lo. O diretor morreu em 2008 com 73 anos, deixando um legado inestimável
para o cinema.
Pouco depois de realizar a obra que é a
trilha sonora desse filme, considerada a 15ª na lista do American Filme
Institute, John Barry teve problemas de saúde pela ingestão de substância
tóxica e nunca mais pode trabalhar com tanta dedicação para realizar vários
filmes em um curto período de tempo, entretanto jamais decepcionou quando
aceitou um trabalho. Foi ele quem criou o tema para uma das personagens mais
famosas da história do cinema, 007; também foi o responsável pela aclamada trilha
sonora do filme “Leão do Inverno” (1968), com Peter O’Toole, Katherine Hepburn
e o ainda novato Anthony Hopkins, considerada sua maior realização. Foi vencedor
do Oscar em 4 edições, levando dois por “A História de Elsa” (1966), “O Leão do
Inverno”, ”Entre dois Amores” e “Dança com Lobos” (1990). Barry confessou,
certa vez, que inspirou-se no sorriso de Meryl Streep para compor o tema do
filme. Devo confessar que a emoção de, na tarde de ontem coincidentemente
encontrar o disco de vinil dessa trilha, justo um dia antes do aniversário de
Meryl, foi uma emoção que somente cinéfilos, fãs e músicos poderão entender.
John Barry morreu em 2011, com 77 anos, decorrência de um ataque cardíaco,
deixando um legado inestimável para a história da música.
Meryl Streep estava em seu oitavo ano de
carreira no cinema, já possuía invejáveis cinco indicações ao Oscar, das quais
venceu duais, cinco indicações ao Globo de Ouro, vencera três, e já recebera a
carta da diva Bette Davis dizendo que via Meryl Streep como a próxima primeira
dama de Hollywood. Como Karen Blixen ela acaba, de certa forma, sustentando a parte
das atuações do filme, não apenas por ser a única que aparece o tempo todo, mas
por tratar a escritora com tanta magnitude e respeito, vemos, portanto, a
evolução de uma mulher sábia, bela e determinada. Em uma das cenas mais
memoráveis do filme, Blixen recebe a permissão de beber algo no Muthaiga
Country Club, frequentado apenas por homens, até hoje a escritora foi a única
mulher a quem essa honra foi concedida. Robert Redford dá vida ao enigmático
Dennys, bonito, charmoso, inteligente e apaixonado por Blixen, ele nos fornece
os pontos fortes e mais lembrados do filme, ao lado da protagonista. Klaus
Maria Brandauer é o marido de Karen, que aceitou casar com ela apenas como um
negócio que beneficiava a ele e a ela, o ator personifica perfeitamente o típico
homem que casa por dinheiro: não liga muito para a esposa, sai com dezenas de
outras mulheres, volta para a cama da esposa quando se sente acuado por
qualquer motivo. Apesar de os três estarem bem vivos, é inegável que Brandauer
e Redford nos proporcionaram atuações memoráveis e que Meryl Streep deixará, por
sorte em um dia bem distante, um legado inestimável para a história da atuação.
“Entre Dois Amores” não é penas uma adaptação
do romance mais famoso de Karen Blixen, é uma obra de arte que nos revela muito
sobre cinema e literatura ao mesmo tempo, sobre fotografia e belas paisagens,
sobre cultura e modos de ver o mundo. Quando Pollack resolveu fazer esse filme,
ele certamente tinha Robert Redford em mente para viver Dennys, se ele também
escolheu Meryl Streep, bem, isso eu já não sei, mas que ele acertou, ele
acertou. Quando nos reportamos a romances, Karen Blixen foi uma das pessoas
mais importantes da literatura mundial dos últimos duzentos anos, retratá-la
com tanta dignidade e verdade como esse filme faz é uma homenagem poucas vezes
vista, apesar de alguns tristes fatos de sua vida terem sido esquecidos, nada
tem o poder de fazer deste filme algo ruim. Bom, aproveitando que é hoje o
grande dia do aniversário de Meryl Streep, como fã e futuro cineasta, confesso:
se não for pela bela história, esse filme vale a pena pela grandiosa atuação dessa
estrela que jamais deixará de brilhar, afinal, como previu Bette Davis, Meryl
Streep é a Primeira Dama de Hollywood, e não há quem queira discutir com o
magnânimo vulcão chamado Bette Davis.
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