segunda-feira, 18 de junho de 2012

275. O FABULOSO DESTINO DE AMÉLIE POULAIN, de Jean-Pierre Jeunet

Pode parecer um tanto clichê, mas é simplesmente fabuloso!
Nota: 8,9


Título Original: Le Fabuleux Destin d”Amélie Poulain
Direção: Jean-Pierre Jeunet
Elenco: Audrey Tautou, Mathieu Kassovits, Rufus, Lorella Cravotta, Serge Merlin, Jamel Debbouze, Clotilde Mollet, Claire Maurier, Isabelle Nanty
Produção: Jean-Marc Deschmps e Claudie Ossard
Roteiro: Guillaume Laurant e Jean Pierre Jeunet
Ano: 2001
Duração: 122 min.
Gênero: Drama / Comédia

Amélie Poulain é uma jovem francesa que vive em seu mundinho muito particular jogando pedras no canal St. Martin, enfiando as mãos em sacos de sementes, partindo o queimado do leite-creme com a colher e analisando a cara dos espectadores no cinema. Em sua infância foi privada de muitas coisas pelo fato de o pai, um médico, acreditar que ela tinha problema do coração, não tinha amigos, não ia à escola, e sua mãe morreu quando elas saiam de uma igreja e uma suicida caiu em cima dela. Agora Amélie vive em seu próprio apartamento, sozinha, onde encontra uma caixa com coisas antigas de um menino que deve ter vivido em seu apartamento há quase 50 anos. Na aventura de encontrar o dono dessa caixa, o destino da jovem mudará para sempre, e será, sem dúvidas, fabuloso.


Serei bem sincero e realista, conheço tanto de filmes e personalidades francesas quanto conheço dos alemães, talvez um pouquinho mais, mas não sou muito classificado para falar sobre filmes franceses antecessores a esse nas carreiras do diretor, do roteirista, ou dos intérpretes, portanto irei me ater apenas ao seu trabalho nesse filme.  O diretor Jean-Pierre Jeunet trabalha ainda com roteiro, produção, atuação e edição, conhecido pelos filmes “Delicatessen” (1991), “Ladrão de Sonhos” (1995) e “Alien – A Ressurreição” (1997), “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain é o seu filme de maior sucesso entre público e crítica, e não é difícil ver o porquê, Jeunet é vivo e utiliza cores como o vermelho e o verde durante o filme para realçar cada cena, faz de todos os minutos da vida de Amélie Poulain algo inesquecível tanto para ela quanto para o público, é original em mostrar a vida da personagem como a nossa própria vida pode ser: confusa, estranha e amedrontadora, mas que no final das contas vale a pena. O roteirista Guilherme Laurant nos apresenta uma história maravilhosa sobre uma pessoa que poderia ser qualquer um de nós e a originalidade está exatamente nisso. O que chama mesmo a atenção é a excelência da trilha sonora de Yann Tiersen, o francês compôs durante todos os quinze anos de sua carreira para curtas-metragens, dez dos dezenove títulos nos quais trabalhou. Sua trilha sonora para Amélie é insuperável por nunca antes ter sido vista, em um estilo francês ele extrai o mais divertido e estimulante desse tipo de música e nos presenteia com uma trilha totalmente inédita e inconfundível.


Audrey Tautou já havia atuado em vários filmes antes desse, mas Amélie Poulain é com certeza o divisor de águas de sua carreira, após ele, ela foi escalada para filmes americanos e não parou mais de atuar, sua Amélie é pura, simples, cheia de vontade de viver e de fazer algo pelas pessoas, é claro que nessa sua euforia ela cometerá alguns erros e catástrofes, mas nada que não possa ser concertado. Seu parceiro de cena é o também ótimo Mathieu Kassovitz, devo salientar sua participação no longa de Steven Spielberg “Munique” (2005), ele também já tentou ser diretor, mas não deu muito certo, aqui ele é a paixão da personagem principal, o também estranho Nino Quincampoix, um rapaz que trabalha em uma revendedora de filmes pornô e brinquedos eróticos, além disso coleciona as fotos que as pessoas jogam fora depois de tirarem-nas na máquina de fotografia da estação. Confesso que poucos filmes me fizeram torcer tanto pelo casal principal como esse.


Quando assistimos filmes sobre pessoas ricas e importantes, que até mesmo podem ser reais, maravilhamo-nos com tudo aquilo que elas possuem e nós não, e isso é bom. Mas quando assistimos a um filme sobre uma pessoa simples que pode ter tantos problemas quanto nós, aí sim é que todos devem ter mais cautela e perfeição nesse tipo de produção, pois ela tocará no mais intimo de cada espectador. Portanto esqueçamos Scarlatt e Rhett, Rose e Jack ou Richard e Ilsa, a beleza está mesmo na pureza e simplicidade de um amor como o de Amélie e Nino, que não é nada além de fabuloso. A proposta central do filme, no final das contas, se fixa em fazermos uma análise de nossas próprias vidas desde o início, em que o narrador nos revela os gostos de nossas personagens. Portanto, eu gosto de dias muito frios com muito sol, de ouvir o barulho do gelo derretendo e ser o único na sessão de cinema, não gosto de ouvir algo quebrando, alguém caminhando com pantufas e detesto o cheiro do mar. E quanto a você, faça como Amélie e reflita sobre isso, ou, se preferir, imagine quantos casais estão tendo um orgasmo na sua cidade nesse momento.


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