Uma obra do cinema moderno.
Nota: 9,2
Título Original: The Hours
Direção: Stephen Daldry
Elenco: Meryl Streep, Nicole Kidman, Julianne Moore, Ed Harris, John C. Reilly, Stephen Dillane, Toni Collette, Claire Danes, Jeff Daniels, Miranda
Richardson, Allison Janney
Produção: Robert Fox, Scott Rudin
Roteiro: David Hare e Michael Cunningham
(romance)
Ano: 2002
Duração: 114 min.
Gênero: Drama
Três histórias desenrolam-se durante a
trama, em três períodos diferentes, com três mulheres diferentes, com um livro
em comum, “Mrs. Dalloway”. Na década de 1920 a escritora Virgínia Woolf
enfrenta problemas de depressão enquanto escreve o livro; no final da década de
1940 Laura Brown, lê o livro de Woolf e enfrenta dificuldades de entender sua
própria vida e seu casamento, ela está grávida, possui uma bela família, mas
não tem certeza se deseja continuar vivendo; nos dias atuais Clarissa Vaughn
vive parte da história contada no livro e simultaneamente prepara uma festa
para o amigo Richard que será homenageado por sua contribuição à literatura.
Stephen Daldry realizou poucos filmes
como diretor, dentre eles os ótimos “Billy Elliot” (2000), sobre um menino que
possuí talento inconfundível para o balé, mas que terá de enfrentar todo o
preconceito acerca de sua escolha; “O Leitor” (2008), com a vencedora do Oscar
Kate Winslet e Ralph Fiennes, sobre escolhas, medos, mitos, vergonhas, amor e
experiências da vida; e mais recentemente o bom “Tão Forte e Tão Perto” (2011),
indicado ao Oscar, conta com Tom Hanks e Sandra Bullock no elenco e debate
acerca de buscas e decisões que podem ou não nos levar a descobertas. Nesses
três filmes e em “As Horas” não posso avaliar o trabalho do diretor como menos
que excelente, ele aborda cada tema de seus filmes com muita naturalidade e vai
fundo na essência de cada um para nos trazer emoção e compreensão para com as
personagens. “As Horas” é, sem dúvida, seu melhor filme, aqui ele nos apresenta
três histórias distintas, em três tempos distintos, com costumes e valores
totalmente remodelados pela sociedade com o tempo. Daldry é, portanto,
inimaginável e impecável em seu trabalho. O compositor da trilha sonora,
merecidamente indicada ao Oscar, é Philip Glass, ele nos presenteia com músicas
que conseguem ser o mais melodramáticas possíveis, adequando-as perfeitamente à
trama.
Essencialmente temos apenas três
atuações que fazem desse filme uma obra: Nicole Kidman como Virginia Woolf,
Julianne Moore como Laura Brown e a homenageada da semana, Meryl Streep como
Clarissa Vaughan. Kidman está totalmente transformada para esse filme que lhe
rendeu o Oscar de melhor atriz, ela é triste, depressiva, desleixada, arrogante
e uma mulher cheia de dúvidas e medos quanto à sua vida, apesar de simpatizar
com a atriz, aliás, esse trio é muito simpático, devo admitir que ela nunca
atuou muito bem, e talvez seja por isso que o que ela faz aqui é tão belo, por
ser inesperado e fantástico. Moore é uma das atrizes que mais gosto, ela faz a
vez de uma mulher da década de 1940 que tanta manter as aparências de uma
esposa e mãe feliz, que nunca tem problemas e que está sempre de bem com a
vida, mas no fundo está com sérios problemas, tanto pela leitura do livro,
quanto por não saber ao certo o que quer da vida. Streep tem em mãos a
personagem mais moderna e, talvez a menos complexa das três, e é isso que faz
sua atuação tão magnífica, mesmo Clarissa, aparentemente, ser menos complicada
que as outras duas personagens, a atriz nos trás uma mulher que sofre e
relembra o passado com felicidade, mas que não tem bem certeza se fez o certo
com sua vida. Os homens que acompanham essas mulheres são os maridos das duas
primeiras, respectivamente, Stephen Dillane e John C. Heilly, e o grande amigo
e amante do passado de Clarissa, um homem que já está farto da vida, com AIDS e
que deseja morrer o quanto antes, Ed Harris nos impressiona com uma das
melhores interpretações masculinas do ano.
Virginia Wollf e Nicole Kidman em sua caracterização linda como a personagem. |
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