terça-feira, 19 de junho de 2012

269. AS HORAS, de Stephen Daldry

Uma obra do cinema moderno.
Nota: 9,2


Título Original: The Hours
Direção: Stephen Daldry
Elenco: Meryl Streep, Nicole Kidman, Julianne Moore, Ed Harris, John C. Reilly, Stephen Dillane, Toni Collette, Claire Danes, Jeff Daniels, Miranda Richardson, Allison Janney
Produção: Robert Fox, Scott Rudin
Roteiro: David Hare e Michael Cunningham (romance)
Ano: 2002
Duração: 114 min.
Gênero: Drama

Três histórias desenrolam-se durante a trama, em três períodos diferentes, com três mulheres diferentes, com um livro em comum, “Mrs. Dalloway”. Na década de 1920 a escritora Virgínia Woolf enfrenta problemas de depressão enquanto escreve o livro; no final da década de 1940 Laura Brown, lê o livro de Woolf e enfrenta dificuldades de entender sua própria vida e seu casamento, ela está grávida, possui uma bela família, mas não tem certeza se deseja continuar vivendo; nos dias atuais Clarissa Vaughn vive parte da história contada no livro e simultaneamente prepara uma festa para o amigo Richard que será homenageado por sua contribuição à literatura.



Stephen Daldry realizou poucos filmes como diretor, dentre eles os ótimos “Billy Elliot” (2000), sobre um menino que possuí talento inconfundível para o balé, mas que terá de enfrentar todo o preconceito acerca de sua escolha; “O Leitor” (2008), com a vencedora do Oscar Kate Winslet e Ralph Fiennes, sobre escolhas, medos, mitos, vergonhas, amor e experiências da vida; e mais recentemente o bom “Tão Forte e Tão Perto” (2011), indicado ao Oscar, conta com Tom Hanks e Sandra Bullock no elenco e debate acerca de buscas e decisões que podem ou não nos levar a descobertas. Nesses três filmes e em “As Horas” não posso avaliar o trabalho do diretor como menos que excelente, ele aborda cada tema de seus filmes com muita naturalidade e vai fundo na essência de cada um para nos trazer emoção e compreensão para com as personagens. “As Horas” é, sem dúvida, seu melhor filme, aqui ele nos apresenta três histórias distintas, em três tempos distintos, com costumes e valores totalmente remodelados pela sociedade com o tempo. Daldry é, portanto, inimaginável e impecável em seu trabalho. O compositor da trilha sonora, merecidamente indicada ao Oscar, é Philip Glass, ele nos presenteia com músicas que conseguem ser o mais melodramáticas possíveis, adequando-as perfeitamente à trama.


Virginia Wollf e Nicole Kidman em sua
            caracterização linda como a personagem.
Essencialmente temos apenas três atuações que fazem desse filme uma obra: Nicole Kidman como Virginia Woolf, Julianne Moore como Laura Brown e a homenageada da semana, Meryl Streep como Clarissa Vaughan. Kidman está totalmente transformada para esse filme que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz, ela é triste, depressiva, desleixada, arrogante e uma mulher cheia de dúvidas e medos quanto à sua vida, apesar de simpatizar com a atriz, aliás, esse trio é muito simpático, devo admitir que ela nunca atuou muito bem, e talvez seja por isso que o que ela faz aqui é tão belo, por ser inesperado e fantástico. Moore é uma das atrizes que mais gosto, ela faz a vez de uma mulher da década de 1940 que tanta manter as aparências de uma esposa e mãe feliz, que nunca tem problemas e que está sempre de bem com a vida, mas no fundo está com sérios problemas, tanto pela leitura do livro, quanto por não saber ao certo o que quer da vida. Streep tem em mãos a personagem mais moderna e, talvez a menos complexa das três, e é isso que faz sua atuação tão magnífica, mesmo Clarissa, aparentemente, ser menos complicada que as outras duas personagens, a atriz nos trás uma mulher que sofre e relembra o passado com felicidade, mas que não tem bem certeza se fez o certo com sua vida. Os homens que acompanham essas mulheres são os maridos das duas primeiras, respectivamente, Stephen Dillane e John C. Heilly, e o grande amigo e amante do passado de Clarissa, um homem que já está farto da vida, com AIDS e que deseja morrer o quanto antes, Ed Harris nos impressiona com uma das melhores interpretações masculinas do ano.



“As Horas” vem para nos mostrar exatamente como nossa vida é feita de tempo, como cada segundo é precioso para determinarmos o futuro de nossas vidas e a felicidade acerca dele. Com atuações brilhantes, direção impecável, um roteiro que poderia ser chato e previsível, mas que é maravilhoso, e uma trilha sonora calma, mas que nos deixa agitados por seu alto teor de melancolia, ele é uma obra do cinema moderno, por, sem mais delongas, ser tão sincero e nos apresentar a vida como ela realmente é: difícil e cheia de problemas, dúvidas e medos, mas que pode ser realmente vivida caso possamos encontrar a nós mesmos sozinhos, sem ajuda de qualquer outro ser humano.

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