Puro, criativo, sincero e belíssimo!
Nota: 9,3
Título Original: El Laberinto Del Fauno
Direção e Roteiro: Guillermo Del Toro
Elenco: Ivana Baquero, Sergi López,
Maribel Verdú, Doug Jones, Ariadna Gil, Ález Ângulo, Manolo Solo, César Vea,
Roger Casamajor, Ivan Massagué
Produção: Álvaro Augustin, Alfonso
Cuarón, Bertha Navarro, Frida Torresblanco, Guillermo Del Toro
Ano: 2006
Duração: 118 min.
Gênero: Drama / Fantasia
Há muito tempo atrás uma jovem princesa que
vivia no subterrâneo fugiu de sua família e seu povo e foi à procura do sol e
dos seres humanos, sua alma ficou vagando desde então e nunca mais voltou.
Ofelia, uma menininha de mais ou menos dez anos, vai morar com a mãe e o
padrasto em um acampamento que tenta exterminar, literalmente, o que restou dos
rebeldes após a Guerra Civil da Espanha, que começou em 1936 e terminou em
1939. Lá a garota conhece e logo odeia o novo marido da mãe, que espera um
bebê, mas também encontra um Labirinto que a levará a descobri que é a
reencarnação da princesa que fugiu do subterrâneo. Agora Ofelia deverá
enfrentar alguns desafios para poder voltar para sua verdadeira casa e ser uma
criança feliz.
Guillermo del Toro, é um mexicano que
trabalha em departamentos como direção, produção, roteiro, atuação, maquiagem,
arte e edição. Aqui ele dirige, roteiriza e produz, e consegue realizar tudo de
forma fantástica e muito criativa, a história é extremamente original e nos faz
sonhar com os mais inimagináveis acontecimentos, mas também nos proporciona a
realidade do final da Guerra Civil Espanhola, a direção é impecável ao nos
presentear com cenas tão coloridas e bem compostas, algumas podem até ser
escuras, mas nunca dificultam o entendimento, sua forma de passar de uma cena para
a outra deixa o filme ainda mais fantasioso e belo. Como diretor, del Toro tem
em seu currículo “A Espinha do Diabo” (2001), “Blade II – O Caçador de
Vampiros” (2002), “Hellboy” (2004) e “Hellboy II – O Exército Dourado”, como
roteirista os únicos a destacar são os filmes mais esperados de 2012 e 2013: “O
Hobbit: Uma Jornada Inesperada” e “The Hobbit: There And Back Again” (algo como
“O Hobbit: Lá e de Volta Outra Vez”). O espanhol Javier Navarrette é o
compositor desse filme, com trabalhos sobretudo em seu país de origem
destacou-se mesmo apenas com “O Labirinto do Fauno”, pelo qual recebeu uma
merecidíssima indicação ao Oscar, sua trilha é penetrante e, bem como a direção
de Guillermo del Toro, nos faz sentir como se fizéssemos parte desse mundo
mágico que é a vida de Ofelia toda vez que ela encontra o Fauno.
Apesar de Ivana Baquero não ter feito
nada após esse filme, ela não decepciona em momento algum durante a trama, com
apenas doze anos encarar uma personagem tão rica e complexa não é trabalho para
qualquer um, realmente não sei se ela tinha noção do grande feito de sua
interpretação ou se o diretor preferiu iludir a atriz para ela acreditar que
estava em um filme da Disney, o fato é que deu certo. Sergi López é um ator com
uma carreira bem mais vasta, ele vive o monstruoso Capitão Vidal, padrasto de Ofelia,
um homem sem coração que apenas deseja seu filho ao seu lado para poder
perpetuar seu nome, Vidal vê todo e qualquer rebelde como uma prega, e como
toda praga, a única solução é exterminá-los. Apesar de jovem, Maribel Verdú tem
uma carreira com mais de setenta títulos, maioria espanhóis e muito para
televisão, como a empregada Mercedes, que ajuda os rebeldes, ela é simples e
bondosa, mas também sabe ser forte e destemida quando necessário. Por fim temos
o excelente Doug Jones, só para se ter uma idéia de seus filmes, apenas para o
próximo ano ele estará em dez produções, também atuou em diversos filmes e
séries para televisão, no cinema participou de “Batman – O Retorno” (1992),
“MIB – Homens de Preto II” (2002), “Adaptação” (2002), “Hellboy”, “Doom – Porta
Para o Inferno” (2005), “The Cabinet of Dr. Caligari” (2005), “A Dama na Água”
(2006) e “Hellboy – O Exército Dourado”, nesse último ele interpreta o
inconfundível Abe Sapien, na mesma tecnologia que o faz dar vida ao enigmático,
carismático e amedrontador Fauno, e ele consegue ser tudo isso não apenas por
sua aparência, que ora dá medo, ora conforta, mas por suas atitudes e gestualidades,
é dele também uma das cenas mais antológicas do cinema moderno, ele vive o Pale
Man, aquele homem branco horrível com olhos nas mãos.
Com uma mescla de sonhos infantis e a
dura e triste realidade da vida adulta, que vem acompanhada pela guerra e
relacionamentos mais sérios e complicados, esse filme nos propõe refletir sobre
se às vezes o melhor caminho não seria sonhar e deixar que esses sonhos nos
levem, mas existem momentos que acabamos por nos perguntar se não estamos
vivendo em um sonho de tão bela e perfeita que nossa vida se torna, e é aí que
o filme nos pega de jeito e mostra sua mágica. Se tudo o que Ofelia vê a sua
volta é fruto de sua imaginação? Descubra por si próprio, entrando nesse mundo
totalmente mágico e misterioso, para o qual a entrada é o próprio Labirinto do
Fauno, já a saída, bem, essa descoberta também será sua tarefa.
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