A homossexualidade nunca foi tão natural
e divertida.
Nota: 8,8
Título Original: The Kids Are All Right
Diração: Lisa Cholodenko
Elenco: Annette Bening, Julianne Moore, Mark Ruffalo, Mia Wasikowska,
Josh Hutcherson, Yaya DaCosta, Kunal Sharma, Eddie Hassell, Zosia Mamet
Produção:
Roteiro: Lisa Cholodenko e Stuart
Blumberg
Ano: 2010
Duração: 106 min.
Gênero: Comédia / Drama
Nic é uma médica bem sucedida que
comanda sua casa como se fosse o homem do pedaço, já Jules, a menos afeminada
das duas, é uma jardineira de bem com a vida que não se importa em mandar ou
obedecer, elas são casadas e tem uma bela vida com seus dois filhos, Joni e
Laser. Quando jovens elas decidiram casar e ter seus próprios filhos, gerados e
criados por elas, portanto cada uma fez uma inseminação artificial com o mesmo doador.
Quando Joni completa dezoito anos, ela e o irmão decidem ir atrás de seu pai
biológico, e é aí que a vida de todos terá uma reviravolta completa.
Como diretora de cinema a carreira de
Lisa Cholodenko resume-se a nada. Ela trabalhou em curta-metragens que
provavelmente nem foram lançados na telona e em séries de televisão, dirigiu os
sem graça “Laurel Canyon – A Rua das Tentações” (2002) e “Cavedweller” (2004).
Não pode se esperar muito dela para “Minhas Mães e Meu Pai”, mas ela consegue o
inimaginável: um ótimo filme que mereceu o lugar entre os dez indicados no
Oscar de 2011, aliás, falando nisso, naquele ano, se eu tivesse de escolher a
tradicional lista dos cinco, ficaria com esse, com o vencedor “O Discurso do
Rei”, o intrigante “Cisne Negor”, o excelente “A Rede Social” e a animação
incrível, e provavelmente o melhor filme daquele ano, “Toy Story 3”. O roteiro,
indicado ao Oscar, leva as assinaturas da diretora e do roteirista Stuart
Blumber, ela roteirizou alguns filmes que dirigiu, mais uma vez algo
insignificante, ele é o responsável pelo roteiro da comédia engraçadíssima,
apesar de bem estilo idiota americano jovem, “Um Show de Vizinha” (2004), que
fez parte de uma geração de adolescentes que aprendia algumas coisas sobre
sexo.
Annette Bening, indicada quatro vezes ao
Oscar, incluindo por sua atuação aqui, é Nic. Essa atriz é, sem sombra de
dúvidas, uma das melhores atrizes de sua geração, versátil, talentosa e muito
competente ela consegue dar o máximo de si e dar vida a uma mulher inteligente,
refinada, culta, grande profissional e que ama seus filhos mais que tudo, mas
que também é controladora e dona da razão a todo instante. A carreira de Bening
começou mesmo em 1990 ao ser dirigida por Mike Ncihols em “Lembranças de
Hollywood”, drama –comédia sobre mãe e filha protagonizado por Meryl Streep e
Shirley MacLaine e ao trabalhar em “Os Imortais” e receber sua primeira
indicação ao Oscar; em 1995 foi a vez de atuar ao lado de Ian McKellen e Jim
Broadbent no cultuado “Richard III”, no mesmo ano protagonizou o popular “Meu
Querido Presidente”; foi em 1999 que a atriz demonstrou que veio mesmo para
ficar no cinema, firmando-se com Carolyn Burnham no mega drama de Sam Mendes
“Beleza Americana”, um dos meus filmes favoritos e que rendeu a atriz mais uma indicação
da Academia, e sua quarta indicação ao prêmio da academia veio com “Adorável
Julia” (2004), sobre uma atriz e suas aventuras. Julianne Moore é outra grande
atriz, com 70 títulos na carreira, entre séries, minisséries, filmes para
cinema e televisão, acabou sendo pouco valorizada durante a vida, mas ela e
Bening formam uma dupla perfeita de feras de uma geração repleta de grandes
talentos e revelações, como Jules ela consegue extrair a exata essência da
lésbica meio masculinizada que não deixa que a mulher dentro dela se perca.
Apesar de não gostar muito de Mark Ruffalo atuando, simpatizo com ele, e vejo
nesse filme, onde ele é o pai, um divisor de águas em sua carreira: antes um
ator mediano, depois um ator excedendo expectativas. Um divisor de águas, essa
é a definição desse filme também na carreira de Mia Wasikowska, onde ela
interpreta Joni, antes ela era bem apagada, depois emplacou Alice de Tim
Burton, viveu Jane Eyre na adaptação de 2011, trabalhou com Glenn Close em
“Albert Nobbs” (2011) e está escalada para viver Emma Bovary na nova adaptação
do romance. Lembro-me pouca coisa de minha vida antes de 2000, foi depois da
virada do século que assisti a Harry Potter (ainda em VHS), que me apaixonei
por cinema e literatura e que resolvi ser cineasta, digo isso por que Josh
Hutcherson atua desde 2002, ele é apenas dois anos mais velho que eu, e é
interessante ver um ator desenvolvendo suas técnicas desde criança, nesse filme
ele vive Laser, um rapaz que tem algumas dúvidas na vida, não quanto a sua
sexualidade, mas aquela típicas de adolescentes sobre o que fazer em certas
situações, e é bom ver que, ao contrário de muitos artistas nascidos entre 1990
e 2000 que continuam atuando, ele está progredindo.
As reflexões feitas nesse filme não se
restringem a homossexualidade, muito pelo contrário, ele não é uma produção
feita com fins de defender e/ou apoiar a maternidade ou paternidade gay, ele
não revela as dúvidas sexuais de suas personagens, ele nos mostra problemas de
famílias normais, mas deixa claro que qualquer família, inclusive uma com duas
mães e nenhum pai, está propensa a ter problemas. As personagens desse filme
não possuem complicações e dúvidas por que são homossexuais ou por que são
filhos de homossexuais ou por que doaram sêmen para um casal homossexual, elas
têm suas complicações e suas dúvidas por que são seres humanos, e como a vida
de qualquer ser humano, as vidas deles não é perfeita.
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