sexta-feira, 22 de junho de 2012

266. O ÚLTIMO IMPERADOR, de Bernardo Bertolucci

Ninguém faria melhor que Bertolucci
Nora: 9,0



Título Original: The Last Emperor
Direção: Bernardo Bertolucci
Elenco: John Lone, Joan Chen, Peter O’Toole, Ruocheng Ying, Victor Wong, Dennis Dun, Ric Young, Vivian Wu, Richard Vuu, Tson Tijger, Tão Wu
Produção: Jeremy Thomas, John Daly, Franco Giovale e Joyce Herlihy
Roteiro: Bernardo Bertolucci, Mark Peploe, Enzo Ungari e Henry Pu-yi (autobiografi)
Ano: 1987
Duração: 163 min.
Gênero: Drama / Biografia

Em 1908, o pequeno Pu Yi, então com dois anos de idade, assumiu como novo imperador na China. Durante quatro anos viveu isolado do mundo todo na conhecida Cidade Proibida, habitada por eunucos, mulheres e ele. Com a queda do império após a revolução dirigida por Sun Yat-sem, Pu Yi deixou de ser imperador, mas continuou a morar na Cidade com todas as regalias possíveis. Por algumas vezes ele tentou voltar ao poder, mas falhou em cada uma delas. Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a derrota do Japão, que o amparava, ele acabou sendo entregue aos comunistas. Morreu em 1967, sem deixar herdeiros.



O filme inicia com Pu Yi nas mãos dos comunistas chineses por volta de 1945, ele, então, lembra-se de tudo o que aconteceu em sua vida até o momento, com alguns detalhes aqui, outras faltas deles ali. Sua relação com a mãe é retratada como difícil, afinal ela o deixou na Cidade Proibida aos cuidados de uma espécie de babá. Posteriormente o garoto foi educado pelo escocês Reginald Fleming Johnston, por quem o rapaz, no auge da adolescência, nutriu amizade e confiança extremas. Vemos também como eram seus casamentos e a forma como suas concubinas eram tratadas por ele e pelas esposas. Temos aqui, portanto, uma análise da própria personagem sobre sua vida.



Em 1972 Marlon Brando participou daquele que seria seu filme mais controvérsio, “Último Tango em Paris” lhe rendeu sua sétima indicação ao Oscar e consagrou Bernardo Bertolucci, também indicado ao Oscar pelo longa, como um dos diretores mais originais da época. Não é preciso dizer mais nada sobre a carreira desse diretor, depois de citar esse filme e “O Último Imperador”, ambos são obras primas do cinema que se destacaram pela excelência com a qual o mestre os escreveu e dirigiu. Adaptando a história de vida de Pu Yi, ele consegue nos deixar incrédulos pela forma como as pessoas trataram o imperador após a Segunda Guerra, mas não é apenas nisso que seu ótimo trabalho se centra. Durante o tempo em que passamos com o Pu Yi velho no comunismo chinês, vemos cenas fortes e quase reais, apesar de eu não acreditar que os revoltados eram tão calmos quanto os retratados. Quando nos reportamos para a vida do Imperador na Cidade Proibida, tudo é belo e a derrota parece algo incerto, até o rapaz ser obrigado a fugir de lá. Durante esse processo em que Pu Yi e suas esposas correm de um lugar ao outro para tentar se livrar dos revoltados, vemos muita beleza e dinheiro sendo jogado fora pelo homem que ele está se tornando. Por fim, podemos ver a China do fim da década de 1960 e nos conformarmos com o fim do Último Imperador.



John Lone interpreta Pu Yi adulto, inicialmente o vemos como um “recém-homem” aparentemente feliz vivendo na Cidade Proibida, depois o temos como um fanfarrão praticamente rasgando sua fortuna, vem a passagem de sua vida em que ele corria de um lado para o outro para tentar sobreviver e, por fim, o homem decadente aprisionado e interrogado pelo comunistas. Lone não é nenhum mestre do cinema chinês, mas faz seu trabalho com competência e satisfaz. Joan Chen é a esposa consorte de Pu Yi, Wan Jung, uma mulher que, apesar de ter se apaixonado por seu marido, teme a todos os acontecimentos e se perde em uma vida regada a drogas. Quem aqui faz o filme valer apena, reportando-se às atuações, é Peter O’Toole, nos presenteando com sua belíssima performance como Reginald Johnston, um homem com certa simplicidade que parece desejar auxiliar o Imperador em todos os sentidos, eu sinto um pouco de ambição na personagem.



Sem sombra de dúvidas Pu Yi fez história por ser o último Imperador da China. Esse filme faz jus à sua posição e nos revela uma realidade triste ao mostrar um homem que teve tudo e ficou sem nada, nos revelar alguém que detinha todo um poder nas mãos, mas, por ter apenas dois anos de idade, falhou no momento que deveria usá-lo. Entretanto, “O Último Imperador” faz mais que apenas uma homenagem a Pu Yi, o filme deixa claro todas as dificuldade que esse homem passou, jamais desistindo da vida e lutando a cada momento para sobreviver, seja como Imperador, seja como um reles humano comum.

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