quinta-feira, 9 de agosto de 2012

224. VICKY CRISTINA BARCELONA, de Woody Allen


O início da melhor fase de Woody Allen não poderia ser melhor.
Nota: 9,4


Título Original: Vicky Cristina Barcelona
Direção e Roteiro: Woody Allen
Elenco: Rebecca Hall, Scarlatt Johansson, Javier Bardem, Penélope Cruz, Chris MEssina, Christopher Evan Welch, Patricia Clarkson, Kevin Dunn, Julio Perillán
Produção: Letty Aronson, Stephen Tenenbaum, Gareth Wiley
Ano: 2008
Duração: 96 min.
Gênero: Comédia / Drama / Romance

Vicky e Cristina resolvem passar três meses em Barcelona, Vicky está estudando a cultura catalã para seu projeto de mestrado e está noiva de Doug, já Cristina é uma aspirante a atriz que não sabe bem quais suas vocações e está aberta a qualquer tipo de relacionamento. Na cidade elas conhecem o charmoso Juan Antonio, um pintor que as convida para passar um fim de sema na cidade de Oviedo. Após muitos vai-e-vem da trama Cristina conhece a temperamental quase ex-esposa de Juan Antonio, Maria Elena. O que as amigas não esperavam era que sua viajem mudasse tanto a vida e o modo de ver as coisas de ambas de forma tão drástica.


Woody Allen dispensa apresentações, entretanto não custa fazer um breve histórico de sua carreira, que teve início mesmo com “Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo E Tinha Medo de Perguntar” (1972), depois “O Dorminhoco” (1973), o sucesso vencedor de Oscars “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (1977), “Manhattan” (1979), “A Rosa Púrpura do Cairo” (1985), “Hannah e Suas Irmãs” (1986), “Simplesmente Alice” (1990), “Celebridades” (1998), “Dirigindo no Escuro” (2002) e “Ponto Final – Match Point” (2005). A genialidade com a qual Allen trata esse filme é algo que vai além do impressionante, qualquer diretor poderia fazer desse roteiro um filme bom, mas sem graça, no entanto, Allen nos proporciona algo fantástico: ele trata de assuntos cotidianos e de situações improváveis, mas totalmente possíveis da vida, com a maior naturalidade e realidade, trazendo o que sempre trouxe para o cinema, a realidade nua e crua, claro que com um toque de magia que somente Woody Allen conhece. Outro aspecto maravilhoso do filme são as escolhas das músicas, dentre os compositores estão Giulia y Los Tellarini, Juan Serrano, Paco de Lucia, Juan Quesada e o trio Biel Ballester, Graci Pedro e Leo Hipaucha, mais uma trilha sonora que vale a pena procurar para se ter em casa.


Apesar de Rabecca Hall ficar um pouco apagada, acredito que ela faz seu trabalho muito bem, afinal a personalidade da personagem exige mais discrição, sendo necessária sua aparição apenas em momentos mais específicos do filme. Scarlatt Johansson, entretanto, acaba sendo super-estimada por Allen, apesar de nos filmes do diretor ela sempre satisfazer (aliás é uma característica dele, conseguir que intérpretes medianos seja maravilhosos), aqui ela acaba perdendo um pouco a graça com o aparecimento de Javier Bardem e Penélope Cruz. Bardem, por sua vez, volta em uma personagem totalmente distinta daquela que lhe rendeu o Oscar em “Onde os Fracos não tem Vez” (2007), como um homem sexy, sedutor, provocante e que não está disposto a aceitar um não como resposta, o ator é, portanto, exatamente aquilo que se espera dele. Penélope cruz é quem mais impressiona no filme (ela ganhou o Oscar por sua interpretação), talvez deva isso ao fato de o filme ser bem normal e tranquilo até sua personagem aparecer e causar toda uma revolução na vida de todas as personagens, Maria Helena é bela, sexy, talentosa, mas possui problemas com álcool e não consegue deixar Juan Antonio por nada no mundo.


É indiscutível: Woody Allen é um dos maiores gênios do cinema atualmente, nos últimos anos o diretor se encontra em uma fase extremamente agradável ao nos proporcionar tudo àquilo que ele conhece da vida em filmes sobre vida, sonhos, desejos, sexo, amor, compreensão, e faz isso de uma forma só dele. Afinal, bem como Maria Elena é a inspiração de Juan Antonio e Juan Antonio a inspiração de Maria Elena, a vida, nua e crua, com um certo tempero provocante, é a inspiração de Woody Allen, e Woody Allen é a inspiração para a vida.


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