Apesar de focar muito apenas no ponto de
vista da protagonista, o filme é uma clara defesa dos direitos e da igualdade
feminina
Nota: 8,0
Título Original: The Duchess
Direção: Saul Dibb
Elenco: Keira Knighthley, Ralph Fiennes, Charlotte Rampling, Dominic
Cooper, Hayley Atwell, Simon McBurney, Aidan McArdle, John Shrapnel
Produção: Michael Kuhn, Gabrielle Tana
Roteiro: Jeffrey Hatcher, Anders Thomas
Jensen, Saul Dibb e Amanda Foreman (biografia)
Ano: 2008
Duração: 110 min.
Gênero: Biografia / Drama
Georgiana Spencer nasceu em 1757, filha
de nobres, foi cortejada durante toda a vida por diversos homens que desejavam
tomá-la como esposa, no entanto em 1774 ela desposou William Cavendish, Duque
de Devonshire. Durante anos Georgiana não conseguiu gerar filhos homens para o
marido, enquanto isso William divertia-se com todas as mulheres que podia.
Dentre as amantes do Duque, a mais conhecida foi a que veio a tornar-se sua
segunda esposa, a melhor amiga de Georgiana, Lady Elizabeth Foster. A Duquesa
também ficou conhecida por sua fama entre as mulheres da corte inglesa: era
copiada constantemente e, reza a lenda, certa vez a Rainha da Inglaterra da
época proibiu que as mulheres utilizassem penas de pavão nos cabelos, pois
Georgiana era a que possuía as mais belas, raras e compridas. Além de sua fama
e beleza, a Duquesa de Devonshire ficou conhecida por sua influência no partido
político liberal Whigs, por seu vício em jogos de azar e por seu romance com
Charles Gray, com quem teve uma filha. Morreu em 1806, extremamente endividada
e hoje sua história é comparada com a vida da descendente direta de seu irmão
George Spencer, Diana, ex Princesa de Gales.
Georgina Cavendishi, Duquesa de Devonshire
Keira Kneightley como a Duquesa |
No filme temos, inicialmente, a jovem
Georgiana Spencer, bela e rica, sendo cortejada por William Cavendish,
rapidamente os dois se casam e o inferno na vida de Georgiana inicia por ela
não conseguir ter filhos. Enquanto está reclusa no interior da Inglaterra
fazendo um tratamento, conhece e fica amiga de Elizabeth Foster. Para esquecer
os problemas ela se diverte em festas e envolve-se com política e conhece
Charles Grey, que se apaixona por ela rapidamente. Entretanto, Georgiana
continua fazendo parte da aristocracia inglesa e ainda é a esposa do todo
poderoso Duque de Devonshire, portanto, sua vida deixou de pertencer a ela há
muito tempo.
Antes desse filme, Saul Dibb dirigiu
apenas um filme, um documentário curta e uma mini-série de TV. O trabalho do
diretor é passar a história de Georgiana da melhor forma possível como
realmente aconteceu, é claro que o contexto de época dificulta um pouco as
coisas, mas levando-se em consideração o fato de ele ter em mãos uma Inglaterra
conservada, cada cena em que conferimos dois séculos passados ficam bem
características pelos locais onde o filme foi gravado .O figurino, obviamente,
auxilia muito nesse processo, ele foi desenhado por Michael O’Connor, advindo
de poucos, mas bons, trabalhos, dentre eles: “A Casa dos Espíritos” (1993),
“Emma” (1996), “Contos Proibidos do Marquês de Sade” (2000), “Harry Potter e a
Câmara Secreta” (2002) e “A Vida num Só Dia” (2008). A responsável pela trilha
sonora já fez dezenas de filmes conhecidos e de gêneros e estilos de época bem
diferentes, Rachel Portman foi indicada a três Oscar e venceu uma por “Emma”.
Keira Knightley vem em uma de suas
melhores performances ao viver Georgiana Spencer, a atriz demonstra de forma
bem nítida como a personagem cresce e amadurece com o passar dos anos e vai de
uma menina pura e inocente a uma mulher sexy e desejada por todos. Dominic
Cooper é o charmoso Charles Grey, um jovem apaixonado e iludido ao acreditar
que poderia ficar ao lado de sua amada para sempre sem ter de enfrentar um
verdadeiro caos na vida dos dois. Hayley Atwell é a bela Elizabeth Foster, mais
que uma mulher, uma mãe que só deseja ter os filhos ao seu lado novamente, mas
se para isso ela tiver de se deitar com um Duque, não será nenhum grande
sacrifício. Existem dos atores ingleses ainda vivos que, simplesmente tudo o
que os dois fazem, eu acho incrível, são eles Jeremy Irons, atualmente na série
“The Bórgias”, e Ralph Fiennes, que interpreta o Duque de Devonshire nesse
filme, com maestria o ator mostra a dificuldade de ser pressionado como um
nobre que precisa ter filhos logo para ter os tão exigidos herdeiros de sua
fortuna e título, em uma das cenas mais incríveis do filme, o Duque deixa claro
a sua esposa que tudo o que ele faz não é por opção, e sim por que ele deve
fazer, denunciando a forma como as pessoas viviam na época.
O filme nos trás a história da vida de
Georgiana apenas pela perspectiva da Duquesa, não vemos muito do que o marido
dela pensa ou do que acontece ao redor dela, é como se ela contasse sua
história enfatizando seus problemas e deixando o resto de lado. Não que isso
seja ruim, errado ou que a personagem se faça de vítima, ela deixa bem claro
que não é nenhuma santa, mas a trama acaba esquecendo de deixar claro como o
Duque foi criado e faz parecer que ele é o vilão da história. O fato é que não existem
vilões, aqui existem apenas seres humanos tentando sobreviver em um mundo que
sempre se mostrou desumano, ainda mais para quem tem “compromissos” para com a
aristocracia.
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