A adaptação da querida obra de Daniel
Handler é satisfatória, engraçada e bem feita.
Nota: 8,5
Título Original: Lemony Snicket’s A Series of Unfortunate events
Direção: Brad Silberling
Elenco: Jim Carrey, Liam Aiken, Emily Browning, Kara Hoffman, Shelby
/Hoffman, Jude Law, Timothy Spall, Merryl Streep, Billy Connolly, Catherine
O’Hara
Produção: Laurie MacDonald, Walter F.
Parkes, Jim Van Wyck
Roteiro: Robert Gordon e Daniel Handler
(livros)
Ano: 2004
Duração: 108 min.
Gênero: Aventura / Fantasia / Drama
Misteriosamente a casa dos Baudelaire é
incendiada e os pais de Klaus, Violet e Sunny morrem, deixando o trio órfão.
Para que eles possam continuar a ter uma vida digna são enviados para seu parente
mais próximo, Conde Olaf, entretanto o monstro apenas deseja o dinheiro dos
jovens e eles terão de permanecerem fortes e unidos para enfrentarem todos os
medos e problemas que estão por vir.
Brad Silberling ficou conhecido após
dirigir o divertido “Gasparzinho, O Fantasminha Camarada” (1995) e pelo drama
“Cidade dos Anjos” (1998), nessa adaptação da série de Daniel Handler, ele
reúne as histórias de três dos 13 livros, são elas: “Um Mau Começo”, sobre a
chegada até a casa de Olaf, “A Sala dos Répteis”, relata a ida das crianças até
a casa de um tio pesquisador e amante dos répteis e “A Janela Larga” ou “O Lago
das Sanguessugas”, sobre o tempo em que as três passam na casa da enigmática
Tia Josephine. O diretor é fiel ao permanecer em um certo tom obscuro e
melancólico advindo da constante infelicidade que os jovens tem pela saudade
que sentem dos pais, também é feliz na escolha de seus ângulos e o elenco
escolhido é perfeito. A trilha sonora é do dez vezes indicado ao Oscar Thomans
Newman, compositor de filmes como “Um Sonho de Liberdade” (1994), “Beleza
Americana” (1999), “Procurando o Nemo” (2004), “O Segredo de Berlin” (2006) e
“Wall-E” (2008), seu trabalho alterna entre o divertido, estimulante, depressivo
e obscuro, sendo uma das quatro indicações que o filme recebeu ao Oscar.
Liam Aiken, Emily Browning, Kara Hoffman
e Shelby Hoffman são, respectivamente, Klaus, Violet e Sunny (sim, as duas
irmãs gêmeas fazem a mesma personagem), cada um deles possui suas características
citadas logo no início da trama: o garoto leu livros e mais livros sobre os
mais diversos assuntos, a menina mais velha é praticamente um gênio mirim para
inventar coisas práticas, engenhosas e úteis, por fim, Sunny é uma expert em
morder tu do o que vê pela frente. Jim Carrey lidera um elenco adulto pra lá de
perfeito para cada papel: ele é o malvado Conde Olaf, pesar de só pensar no
dinheiro das crianças e se considerar o homem mais esperto do mundo, não passa
de um ator falido e que não possui talento para nada, surpreendentemente o ator
está ótimo no papel e todos os seus exageros para comédia caem muito bem.
Timothy Spall vive o Mr. Poe, o homem que leva as crianças de casa em casa sem
escutar o que elas tem a dizer sobre tudo que está acontecendo, o ator consegue
ser uma das personagens mais idiotas possíveis. Jude Law faz a voz do escritor
Lemony Snicket, apesar de somente narrar, Law nos transmite a exata dor do
locutor enquanto conta a história. Billy Connolly é o Tio Monty, um excêntrico
adorador de répteis que, como todos os outros não acredita nas crianças, mas é
o que se pode esperar de melhor para elas, pois é carinhoso, amoroso e
atencioso. Meryl Streep, por fim, faz Tia Josephine, uma mulher bem perturbada
que perdeu o marido há alguns anos e desde então não se recuperou do trauma,
Streep é perfeita no papel demonstrando os medos da mulher com relação a tudo o
que pode acontecer.
À primeira vista o filme se trata apenas
de uma história triste sobre órfãos que se meterão nas mais diferentes
aventuras pela sobrevivência, mas, na realidade, a trama nos revela uma crítica
que todas as crianças tem a fazer a respeito do resto do mundo: a falta de
credibilidade que dada para cada uma delas. O filme é divertido, de uma forma
um pouco grotesca e sarcástica, é bem feito, possuí atuações exemplares e até
mesmo Jim Carrey está bem no papel, mas o que mais intriga no filme é mesmo o
fato dessa tal desconfiança para com crianças, pois é impossível saber se tudo
o que acontece durante o filme não se trata apenas da fértil imaginação dos jovens?
Afinal, é sabido que ninguém é tão criativo quanto uma criança, quem dirá três.
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