Sexy, intrigante, fascinante e perigoso,
a vida como ela realmente é.
Nota: 8,8
Título Original: Damage
Direção: Louis Malle
Elenco: Jeremy Irons, Juliette Binoche,
Miranda Richardson, Rupert Graves, Ian Bannen, Peter Stormare, Gemma Clarke,
Julian Fellows, Leslie Caron
Produção: Louis Malle, Vincent Malle e
Simon Relph
Roteiro: David Hare e Josephine Hart
(romance)
Ano: 1992
Duração: 111 min.
Gênero: Drama / Romance
Stephen Fleming é um ex-médico que se
tornou ministro na Inglaterra por insistência do sogro e da esposa, ele vive
bem com a filha e Ingrid, sua mulher, em uma casa imensa em Londres, enquanto
isso o filho do casal, Martyn, faz sua própria vida como jornalista em um
importante jornal do país. De repente, Martyn resolve se casar com sua atual
namora, a qual os pais do rapaz tinham certeza ser apenas mais uma entre
várias. O problema é que Stephen se apaixonará loucamente por Anna Barton, a
namorada, e irá se enredar ao ponto de ser impossível deixar esse sentimento
falar mais baixo.
Louis Malle é um dos diretores franceses
mais conceituados da história do cinema, conhecido, sobretudo, por seu excepcional
trabalho em “Adeus, Meninos” (1987), sobre os sentimentos de garotos de uma
escola francesa em meio a Segunda Guerra Mundial, além disso, dirigiu “Os
Amantes” (1958), “Um Sopro no Coração” (1971) e “Atlatic City” (1980). É
impossível falar sobre esse filme sem o comparar com a obra de Bernardo
Bertolucci protagonizada por Marlon Brando e Maria Schneider “Último Tango em
Paris”, apesar de o filme de Malle não possuir a mesma essência e centrar mais
nos conflitos da personagem principal, o enredo tem suas semelhanças ao abordar
um relacionamento entre um homem mais velho e uma mulher mais jovem, as
diferenças estendem-se ainda ao comparar as duas moças, a de Bertolucci é bem
mais inocente e menos repugnante que a de Malle. O diretor deste, entretanto,
não pode ser comparado ao mestre italiano, isso não quer dizer que o filme do
francês seja inferior, pelo contrário, apesar das semelhanças e das visíveis
referências que são feitas, ambas as realizações são diferenciadas em sua
técnica e estilo, fazendo do filme de Malle mais um grande orgulho para o
cinema francês. David Hare iniciou sua carreira como roteirista de cinema em
1985 com os dramas “Sombras do Passado” e “Plenty – O Mundo de uma Mulher”
(1985), recentemente foi indicado ao Oscar por seus trabalhos com Stephen
Daldry, “As Horas” (2002) e “O Leitor” (2008), em “Perdas e Danos” ele articula
tudo para que a história se torne o mais real possível, não deixando qualquer
ponta solta e realizando um desfecho fantástico.
Como já disse, existem dois atores
ingleses que são perfeitos em minha opinião, ambos fazem cada um dos trabalhos
que participam valer à pena, um deles é Ralph Fiennes, o Voldemort da série
“Harry Potter” e o Hades da franquia “Fúria de Titãs”, e o outro é Jeremy
Irons, o Stephen Fleming do filme, o ator já fez diversos filmes de diversos
estilos com personagens que vão do bom ao mal, do padre ao amante e,
recentemente, pode ser conferido como o Papa Rodrigo Borgia (ou Alexandre VI),
na série “Os Borgias” (2011-2012). Em seu papel no filme, Irons faz a vez, de
forma perfeita, do homem que está vivendo a tão temida crise que todos os
homens estão propensos após os quarenta anos de idade, apesar de ser muito bem
sucedido em seu emprego e ter uma bela família, Fleming ainda precisa de um
ombro onde possa apenas encontrar a satisfação de seus desejos, deixando os
problemas e as angústias de lado. Juliette Binoche, de “O Paciente Inglês”
(1996) e “Chocolate” (2000), é a amante de Fleming, e noiva do filho do homem,
é a perfeita mulher que não se importa com os outros, apesar de assemelhar-se a
Fleming no que diz respeito a encontrar homens para satisfazer seus apetites
sexuais, ela nunca está preocupada com as pessoas à sua volta, deseja apenas
ver seus desejos realizados e nada além disso. Miranda Richardson, indicada ao
Oscar pelo papel, é Ingrid Fleming, a esposa traída que fica com o pé atrás por
conta da futura nora, o que surpreende na atuação da atriz é a reação que ela
tem bem no final da trama que deixa seu trabalho fantástico. Rupert Graves é o
inocente e apaixonado Martyn Fleming, apesar de, aparentemente, já ter sido um
conquistador, ele fica cego pela beleza de Anna e se deixa lavar pela mulher
que ama e por quem acredita ser amado.
Perdas e danos pode não ser o melhor
filme de Malle, mas é intrigante, sexy e fascinante por retratar assuntos tabus
da sociedade, apesar de seu modernismo, não é o fato de um pai transar com a
noiva do filho que mais apavorará os conservadores que assistam ao filme, e sim
a forma natural e sem pudor que um homem mais velho e uma mulher jovem tem em
seu relacionamento puramente sexual, ainda mais por ele ser um homem tão
importante em uma sociedade tão tradicionalista como a inglesa. A forma como o
diretor, o roteirista e os intérpretes levam esse filme, faz com que se torne
uma produção absolutamente possível, ou seja, apesar de tudo, não precisamos
gastar nosso imaginário para vermos que tudo o que acontece na trama poderia
acontecer na vida real sem problema algum, e é o final perfeito que acaba indicando
exatamente o que o cinema tanto tenta fazer: adaptar a vida para a magia da
sétima arte.
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