quinta-feira, 19 de julho de 2012

242. CELEBRIDADES, de Woody Allen

O retrato quase perfeito da vida de celebridades.
Nota: 8,7


Título Original: Celebrity
Direção e Roteiro: Woody Allen
Elenco: Kenneth Branagh, Judy Davis, Winona Ryder, Melanie Griffith, Je Mantegna, Leonardo Di Caprio, Charlize Theron, Adrien Grenier, Kate Burton
Produção: Jean Doumanian, J. E. Beaucaire
Ano: 1998
Duração: 113 min.
Gênero: Comédia / Drama

Lee é um repórter de celebridades que deseja entrar de vez nesse mundo como roteirista ou escritor, para isso ele pede o divórcio de Robin, que enlouquece pelo fim do casamento. Nessa busca pela fama, fortuna e glamour, Lee se envolverá com uma estrela em ascensão, com uma modelo cheia de problemas, uma aspirante a atriz, uma editora, e um ator que acredita ser o centro do universo. Já Robin, mudará de vida ao conhecer o produtor Tony, e se tornará uma apresentadora de televisão querida por todos.


Em 1998, Woody Allen já não era nenhum iniciante no cinema, muito pelo contrário, já possuía estilo próprio a admiração de milhares de pessoas, já havia ganhado três Oscars e havia passado pelas suas décadas de gênio com filmes como “Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo E Tinha Medo de Perguntar” (1972), “O Dorminhoco” (1973), “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (1977), “Manhattan” (1979), “A Rosa Púrpura do Cairo” (1985) e “Hannah e Suas Irmãs” (1986). Seu roteiro aqui não difere muito do que podemos esperar de Allen hoje, mas é aí que se enquadra a excelência em seu trabalho, ele possui vários filmes com cenas e diálogos parecidos e enredos semelhantes, mas cada qual interage de uma maneira com as personagens, cada qual possui seu próprio desfecho e todos são muito bem feitos. Dirigindo ele é ótimo, a idéia do preto e branco é sempre bem-vinda em seus trabalhos, acredito que esse artifício usado atualmente deixa o público ainda mais curioso e faz a vez das saias longas décadas atrás, escondendo algumas belezas que poderiam ser vistas no colorido, isso faz com que o filme se torne mais misterioso e atrativo esteticamente falando.


Em 1998 Kenneth Branagh já havia sido indicado a quatro Oscars e era conhecido pelos filmes “Henrique V” (1989) e “Hamlet” (1996), recentemente pôde ser visto pelos adolescentes em “Harry Potter e a Câmara Secreta” (2002) e pelos mais velhos em um filme mais cult, “Sete Dias Com Marilyn” (2012), onde vive o lendário Sir Laurence Olivier. Ele lidera o elenco como o atrapalhado Lee, o repórter que quer mais da vida além de ficar com mulheres bonitas e escrever artigos que ele considera chatos sobre pessoas famosas, na realidade, o problema é que quer ser uma dessas pessoas. Judy Davis ficou conhecida pelos filmes “Passagem para a Índia” (1984) e “Maridos e Esposas” (1992), mas foi a interpretação como Judy Garland em “A Vida com Judy Garland: Eu e Minhas Sombras” (2001), que lhe rendeu o respeito máximo como atriz, aqui ela é a perdida Robin, após o divórcio a personagem não sabe o que fazer da vida e fica bem louquinha de uma lado para o outro com medo de encontrar com o marido, mas a chegada de um novo amor a mudará por completo. Joe Mantegna, que viveu Joey Zasa em “O Poderoso Chefão Parte III” (1990) é esse tal novo amor de Robin, um homem perfeito que se apaixona perdidamente por ela e fará de tudo para que os dois fiquem juntos. Winona Ryder, do recente “Cisne Negro” (2010), vive a aspirante a atriz Nola, aquele tipo que não quer compromisso e só deseja ter um ótimo futuro profissional. Melanie Cgriffith é a atriz de sucesso Nicole Olivier, uma mulher que não se importa com os outros e vive a vida como se o mundo a venerasse. Charlize Theron é a modelo com quem o protagonista se encontra uma vez, uma jovem pirada que só quer se divertir. Por fim, Leonardo DiCaprio é o ator Brandon Darrow, um jovem perturbado que tem o mundo aos seus pés e acredita que tudo gira em torno de sua vida e sua fama.


Longe de ser o melhor filme de Woody Allen, a trama de “Celebridades” nos envolve ao mostrar claramente parte da vida de pessoas famosas e as consequências de ser observado pelo restante do mundo. Mas também nos apresenta a dificuldade que alguns possuem para entrar nesse mundo, ou a facilidade de outros pelo simples acaso do destino. Branagh e Davis nos proporcionam dois hemisférios totalmente diferentes, apesar de ambos chegarem a ser irritantes por sua falta de tato e serem totalmente desequilibrados, ela encontra o caminho e se torna uma mulher elegante e respeitada, ele continua sendo o mesmo perdedor do começo ao fim. Sendo assim, o filme é engraçado, divertido, cheio de vida e reflete vários sentidos de nossa existência.


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