O retrato quase perfeito da vida de
celebridades.
Nota: 8,7
Título Original: Celebrity
Direção e Roteiro: Woody Allen
Elenco: Kenneth Branagh, Judy Davis,
Winona Ryder, Melanie Griffith, Je Mantegna, Leonardo Di Caprio, Charlize
Theron, Adrien Grenier, Kate Burton
Produção:
Jean Doumanian, J. E. Beaucaire
Ano: 1998
Duração: 113 min.
Gênero: Comédia / Drama
Lee é um repórter de celebridades que
deseja entrar de vez nesse mundo como roteirista ou escritor, para isso ele
pede o divórcio de Robin, que enlouquece pelo fim do casamento. Nessa busca
pela fama, fortuna e glamour, Lee se envolverá com uma estrela em ascensão, com
uma modelo cheia de problemas, uma aspirante a atriz, uma editora, e um ator
que acredita ser o centro do universo. Já Robin, mudará de vida ao conhecer o
produtor Tony, e se tornará uma apresentadora de televisão querida por todos.
Em 1998, Woody Allen já não era nenhum
iniciante no cinema, muito pelo contrário, já possuía estilo próprio a
admiração de milhares de pessoas, já havia ganhado três Oscars e havia passado
pelas suas décadas de gênio com filmes como “Tudo o Que Você Sempre Quis Saber
Sobre Sexo E Tinha Medo de Perguntar” (1972), “O Dorminhoco” (1973), “Noivo
Neurótico, Noiva Nervosa” (1977), “Manhattan” (1979), “A Rosa Púrpura do Cairo”
(1985) e “Hannah e Suas Irmãs” (1986). Seu roteiro aqui não difere muito do que
podemos esperar de Allen hoje, mas é aí que se enquadra a excelência em seu
trabalho, ele possui vários filmes com cenas e diálogos parecidos e enredos
semelhantes, mas cada qual interage de uma maneira com as personagens, cada
qual possui seu próprio desfecho e todos são muito bem feitos. Dirigindo ele é
ótimo, a idéia do preto e branco é sempre bem-vinda em seus trabalhos, acredito
que esse artifício usado atualmente deixa o público ainda mais curioso e faz a
vez das saias longas décadas atrás, escondendo algumas belezas que poderiam ser
vistas no colorido, isso faz com que o filme se torne mais misterioso e
atrativo esteticamente falando.
Em 1998 Kenneth Branagh já havia sido
indicado a quatro Oscars e era conhecido pelos filmes “Henrique V” (1989) e
“Hamlet” (1996), recentemente pôde ser visto pelos adolescentes em “Harry
Potter e a Câmara Secreta” (2002) e pelos mais velhos em um filme mais cult, “Sete
Dias Com Marilyn” (2012), onde vive o lendário Sir Laurence Olivier. Ele lidera
o elenco como o atrapalhado Lee, o repórter que quer mais da vida além de ficar
com mulheres bonitas e escrever artigos que ele considera chatos sobre pessoas
famosas, na realidade, o problema é que quer ser uma dessas pessoas. Judy Davis
ficou conhecida pelos filmes “Passagem para a Índia” (1984) e “Maridos e
Esposas” (1992), mas foi a interpretação como Judy Garland em “A Vida com Judy
Garland: Eu e Minhas Sombras” (2001), que lhe rendeu o respeito máximo como
atriz, aqui ela é a perdida Robin, após o divórcio a personagem não sabe o que
fazer da vida e fica bem louquinha de uma lado para o outro com medo de
encontrar com o marido, mas a chegada de um novo amor a mudará por completo.
Joe Mantegna, que viveu Joey Zasa em “O Poderoso Chefão Parte III” (1990) é
esse tal novo amor de Robin, um homem perfeito que se apaixona perdidamente por
ela e fará de tudo para que os dois fiquem juntos. Winona Ryder, do recente
“Cisne Negro” (2010), vive a aspirante a atriz Nola, aquele tipo que não quer
compromisso e só deseja ter um ótimo futuro profissional. Melanie Cgriffith é a
atriz de sucesso Nicole Olivier, uma mulher que não se importa com os outros e
vive a vida como se o mundo a venerasse. Charlize Theron é a modelo com quem o
protagonista se encontra uma vez, uma jovem pirada que só quer se divertir. Por
fim, Leonardo DiCaprio é o ator Brandon Darrow, um jovem perturbado que tem o
mundo aos seus pés e acredita que tudo gira em torno de sua vida e sua fama.
Longe de ser o melhor filme de Woody
Allen, a trama de “Celebridades” nos envolve ao mostrar claramente parte da
vida de pessoas famosas e as consequências de ser observado pelo restante do
mundo. Mas também nos apresenta a dificuldade que alguns possuem para entrar
nesse mundo, ou a facilidade de outros pelo simples acaso do destino. Branagh e
Davis nos proporcionam dois hemisférios totalmente diferentes, apesar de ambos
chegarem a ser irritantes por sua falta de tato e serem totalmente
desequilibrados, ela encontra o caminho e se torna uma mulher elegante e
respeitada, ele continua sendo o mesmo perdedor do começo ao fim. Sendo assim,
o filme é engraçado, divertido, cheio de vida e reflete vários sentidos de
nossa existência.
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