Um filme mágico que fechou a carreira de
Heath Ledger com dignidade e qualidade.
Nota: 9,2
Título Original: The Imaginarium of
Doctor Parnassus
Direção: Terry Gilliam
Elenco: Christopher Plummer, Heath Ledger, Andrew Garfield, Lily Cole,
Verne Troyer, Johnny Depp, Jude Law, Colin Farrel, Tom Waits
Produção: Terry Gilliam, Amy Gilliam,
Samuel Hadida, William Vince
Roteiro: Terry Gilliam e Charles McKeown
Ano: 2009
Duração: 123 min.
Gênero: Fantasia / Aventura / Drama
Doutor Parnassus conheceu o Diabo há
centenas de anos atrás, fez pactos com ele durante a vida toda e agora o cara
voltou para cobrar as promessas de Parny, como ele o chama. O problema é que
Parnassus simplesmente não consegue ficar sem apostar com o Demônio, mas agora
é a vida de Valentina, filha de Parny, que está em jogo. Com a filha, o jovem
Anton e o estranho Percy, Parnassus viaja o mundo para tentar melhorar a vida
das pessoas entrando em suas imaginações. Em uma dessas aventuras, eles
encontram e salvam a vida de um homem misterioso que diz não lembrar quem é,
daí por diante a vida de todos mudará, e será difícil esquivar-se das
tentadoras propostas do Diabo.
Terry Gilliam é o responsável por meia
dúzia de conhecidos filmes, dentre eles o conceituado “Brazil – O Filme”
(1985), com Jonathan Pryce, Robert De Niro, Katherine Helmond e Jim Broadbent,
“As Aventuras do Barão Münchausen” (1988), “O Pescador de Ilusões” (1991), “Os
12 Macacos” (1995), “Medo e Delírio” (1998) e “Os Irmãos Grimm” (2005), como
roteirista, os únicos que merecem ser citados em sua carreira e na de Charles
McKeown são os dois primeiros e o próprio “O Imaginário Mundo do Doutor
Parnassus”, o qual, aliás, ele dirigi da forma mais bela possível. Gilliam
alterna o estilo moderno de uma sociedade contemporânea, com o estilo
retrógrado com o qual Parny e sua trupe se veste e se comporta: como ciganos
que vão de um lado para o outro sem saber direito seu destino, vestidos com
roupas ou fantasias coloridas, que dão uma alusão sonhadora e utópica ao filme,
o qual foi indicado, merecidamente, ao Oscar por sua bela direção de arte e
pelo seu figurino inconfundível. Como compositores temos dois irmãos: um é
especialista em trilhas de séries, Jesse Danna, e o outro é Mychael Danna,
responsável por filmes como “Capote” (2005), “Pequena Miss Sunshine” (2005),
“Nova York, Eu Te Amo” (2009) e “O Homem Que Mudou o Jogo” (2011).
Christopher Plummer é nosso Doutor
Parnassus, um homem velho que já não tem tanta certeza do que fez com sua vida
ou o que acontecerá com ela, Plummer, como sempre, dá um show em sua
interpretação e mostra o quanto as tentação fazem mal a nossas vidas, mas mesmo
assim estamos condicionados a persegui-las e acolhe-las para sempre. Lily Cole
é Valentina, uma moça que já não aguenta mais essa vida incerta, mas que sempre
que pensa em fugir acaba se rendendo ao amor que sente pelo pai e fica com ele
em sua vida cheia de aventuras. Andrew Garfield e Verne Troyer completam o
quarteto que vai para lá e para cá, o primeiro, Anton, está perdidamente
apaixonado por Valentina e decide ficar ao seu lado aconteça o que acontecer, o
segundo está com Parny desde sempre, e nenhum deles consegue viver sem o outro.
Tom Waits da vida ao Sr. Nick, o Diabo, um homem irônico, pervertido e
decididamente mal que deseja, acima de tudo, acabar de vez com a vida de Parny
e todos à sua volta. Por fim temos um quarteto de atores pra lá de queridos
pelo público, Heath Ledger está em sua última personagem e talvez uma de suas
atuações mais belas e sinceras, ele é o homem misterioso que perdeu a memória,
alguém que está tentando esquecer o passado que o condena, mas essa não é uma
tarefa tão fácil, e o ator consegue demonstrar, de forma perfeita, os
sentimentos da personagem. Como seus “imaginários” temos Johnny Depp, Jude Law
e Colin Farrel, apesar de os três atores representarem, cada um uma diferente
personalidade da personagem, os três tem os mesmos trejeitos e manias que vemos
na atuação de Ledger, se eles imitam o ator ou interpretam a personagem tal
como ele fez, não sabemos, mas que os três estão excelentes, isso eles estão.
Vida e morte, qual das duas é mais
trágica e deprimente, ninguém jamais saberá. O fato é que esse filme explora de
forma muito reflexiva e aterradora esses dois campos tão certos e incertos de
nossa existência, afinal, as únicas certezas que temos é que vamos viver e
morrer, mas como viveremos ou o tempo que estaremos na terra ninguém pode
dizer, muito menos como morreremos ou para onde vamos depois disso. Em algum momento
do filme alguém diz que “nada é permanente, nem mesmo a morte”, se isso
estivesse em qualquer outro filme pareceria algo ridículo, mas estando nesse,
essa verdade se torna tão concreta quanto vida e morte, ainda mais levando-se
em consideração que esse foi o último filme de Heath Ledger, digo, ele pode até
ter morrido, mas assim como tantos outros grandes nomes como James Dean,
Rodolfo Valentino e Diana Spencer, ele continuará vivo em nossas mentes para
sempre. Por fim, prepare-se para assistir ao filme estendendo-se em uma
poltrona confortável e seja muito bem-vindo a esse estranho e mágico mundo que
é o imaginário do Doutor Parnassus.
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