domingo, 22 de julho de 2012

240. TEMPOS MODERNOS, Charles Chaplin


Um filme que reúne crítica social com amor e muita diversão só poderia ser trabalho do mestre Chaplin.
Nota: 9,5


Título Original: Modern Times
Direção, Roteiro e Produção: Charles Chaplin (Charlie Chaplin)
Elenco: Charles Chaplin (Charlie Chaplin), Paulette Goddard, Henry Bergban, Tiny Sandford, Chester Conklin, Hank Hann, Stanley Blystone, Al Ernest Garcia, Richard Alexander, Cacil Reynolds
Ano: 1936
Duração: 87 min.
Gênero: Comédia / Drama / Romance

Um jovem trabalhador de uma fábrica é demitido por estar enlouquecendo por conta do emprego. Simultaneamente, uma bela moça se vira para conseguir comida e uma vida mais digna para ela e os irmãos. O trabalhador acaba indo parar na cadeia e a moça se vê órfã e foragida, nesse vai e vem da vida, os dois se encontrarão e iniciarão um relacionamento cheio de altos e baixos, mas não porque é disso que relacionamentos são feitos, e sim porque o meio em que eles vivem provoca acontecimentos que viram as vidas dos dois de cabeça para baixo.


Como diretor, roteirista e produtor, Chaplin esteve em dezenas de filmes. Dentre seus maiores e mais conceituados sucessos temos “Chase me Charlie” (1918), “O Garoto” (1921), “Casamento ou Luxo” (1923), “Em Busca do Ouro” (1925), “O Circo” (1928), “Luzes da Cidade” (1931) e “O Grande Ditador” (1940). “Tempos Modernos” é, sem dúvida alguma, seu mais célebre trabalho, utilizado até hoje como um dos marcos do cinema e, principalmente, citado como o modelo mais perfeito do futuro da humanidade, além de Chaplin ser visto como o pioneiro da sétima arte. A primeira afirmação é totalmente verdadeira, entretanto devo discordar da segunda, quando se faz referência aos pioneiros da sétima arte, geralmente nomes como George Méliès e Fritz Lang, os quais foram mentores declarados de Chaplin, e até mesmo os irmãos August e Louis Lumière, inventores do cinematógrafo, raramente são citados. O fato é que Chaplin é, indicustivelmente, um gênio da sétima arte, mas, como qualquer outro possuí suas influências. Sua direção e a criação e desenvolvimento do enredo são insuperáveis, ele demonstra de forma perfeita os anseios e dificuldades das pessoas controladas pelo capitalismo: um homem não pode ir ao banheiro que é ordenado a voltar ao trabalho, em outra sequência vemos o quanto os empregados ficam condicionados a fazer apenas seu serviço o tempo todo, e a também uma frustrada tentativa de substituição do horário de almoço; em contraponto temos a criação de sindicatos, as graves criadas pelos funcionários, o avanço da tecnologia e a movimentação da sociedade, comparando-a com um bando de ovelhas.


Além de dirigir, roteirizar, produzir e compor trilhas sonoras, Charles Chaplin atuava. Nesse filme sua personagem é o típico ferrado que faz de tudo para sobreviver em um mundo que exige a eficiência acima da felicidade e do que é possível ser realizado. Apesar de ser exagerado em certos momentos, o que ele faz aqui para denunciar o abuso do capitalismo sem deixar tudo escancarado é um milagre, além de ser algo impressionante. Paulette Goddard era uma americana muito bonita que tinha tudo para ser uma diva de Hollywood, por que ela não se tornou uma das de maiores destaques eu não sei, mas sua competência em atuar ao lado do mestre Chaplin e não deixar que todo o exagero dele como ator e o talento do mesmo a pusessem de lado durante o filme é algo maravilhoso, sua interpretação de uma pobre jovem que precisa se virar desde cedo, é o perfeito retrato de muitos jovens da atualidade.


Rapidez, movimentação, velocidade, eficiência, facilidade são apenas algumas das palavras que movem a sociedade capitalista em que vivemos. A responsabilidade de Chaplin em mostrar o futuro da humanidade, suavizando os efeitos da industrialização para que seu filme fosse aceito, é imensa, no entanto ele parece dar conta dela de forma simples e divertida. Temos ainda, durante a trama, os sonhos comuns de todos os seres da terra, como uma casa própria para ser chamada de lar e um casamento perfeito, no entanto, vemos também o desespero das pessoas que perdem seus empregos por qualquer que seja o motivo e acabam recorrendo a recursos extremos. No final das contas, o que o filme nos mostra é como é importante batalharmos na vida, mas quando o destino nos reserva rasteiras inimagináveis, devemos continuar nosso caminho em seguir em frente, portanto, relaxe para assistir ao filme, mas agora, para que não seja sua a responsabilidade de essa máquina imensa chamada saciedade parar, “Volte ao trabalho!”.


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