domingo, 29 de julho de 2012

237. O CIRCO, de Charles Chaplin


Se Chaplin ditasse nosso futuro e comandasse o futuro do mundo sem ninguém para atrapalhar, a vida valeria realmente a pena e seria muito mais aproveitada.
Nota: 9,2


Título Original: the Circus
Direção, Roteiro e Produção: Charles Chaplin
Elenco: Charles Chaplin, Merna Kennedy, Al Ernest Garcia, Harry Crocker, George Davis, Henry Bergman, Tiny Sandford, John Rand, Steve Murphy, Albert Austin
Ano: 1928
Duração: 71 min.
Gênero: Comédia

Dessa vez Chaplin nos presenteia com a história de um literal vagabundo que acaba se envolvendo em problemas por conta de um ladrão e se torna fugitivo da polícia. Em meio a sua fuga ele acaba atrapalhando a apresentação de um circo falido, e não é que toda essa trapalhada resulta em muita diversão e risadas do público? Mas mesmo nos filmes feitos há quase cem anos atrás, é obrigado termos alguma mocinha correndo perigo e precisando do auxílio do protagonista, aqui é a jovem filha do dono do circo, que sofre com as exigências do pai. Entretanto, a chegada do herói sempre muda a vida de todos, e aqui não será diferente.


Charles Chaplin foi responsável por, no mínimo, uma dezena de grandes filmes da história do cinema. Pode não ser o primeiro homem a encarar seriamente a sétima arte, mas, sem dúvida, foi um dos homens que mais influenciou a humanidade a correr até as salas de cinema em busca de diversão, distração e da realização de sonhos. Bem como em todos os seus outros filmes, nesse o diretor, roteirista e produtor nos proporciona uma história engraçada que nos diverte do início ao fim. Suas escolhas são sempre muito bem-vindas, as cenas são amplas e, apesar de o filme ser em preto e branco, vemos toda a cor e a vitalidade dos circos apenas por suas trapalhadas e pelas tentativas de todos em fazer tudo dar certo. Além de tudo, Chaplin ainda compunha para seus filmes e, sempre, de forma muito agradável, nesse vemos uma de suas trilhas mais famosas, talvez muitos até já a tenha ouvido em outros filmes ou cenas de comédia e, obviamente, em circos, pois cada uma das músicas compostas pelo mestre encaixam-se com perfeição inigualável em cada cena da trama.


Chaplin, como de costume, não se contenta em dirigir, roteirizar, editar e compor a trilha, ainda é o protagonista da história. Ele não muda em nada o perfil da personagem: é atrapalhado, engraçado, apaixonado e usa as mesmas roupas clássicas que caracterizaram suas obras, entretanto, é essa continuidade aparente em seus filmes que deixa seu trabalho tão grandioso, é como se tudo o que o ator faz dentro de seu “Carlitos” fosse a própria vida, ou seja, em algum momento todos se identificarão com a personagem por as coisas mais inusitadas e extremamente possíveis e recorrentes ocorrerem em sua vida. Outro destaque do filme é Merna Kennedy, a filha do dono do circo, uma jovem triste e deprimida que vê em Carlitos um amigo e alguém que compreende seus sentimentos. Al Ernest Garcia vive o proprietário aflito do circo que tenta, de qualquer forma, estabilizar seus negócios para evitar a falência do que tanto parece amar. Harry Crocker vive Rex, o equilibrista que chegará para dar mais sentido a toda a história e deixar o protagonista seguir seu caminho para outros “filmes”. Henry Bergman faz a vez do palhaço velho, aquele típico homem que lembra em muito o tio velho e protetor que todos encontrarão um dia.


Para mim esse é um dos melhores filmes de Chaplin, além de seu trabalho técnico ser impecável ele diminui seu exagero nas cenas cômicas e torna toda a trama válida, divertida e relativamente real. Todos os filmes do diretor nos trazem reflexões acerca da vida e de como ela pode nos pregar peças, mas trata tudo isso da forma mais descontraída possível. Em “O Circo” não é diferente, as personagens são tão reais quanto qualquer um de nós, e o que Chaplin faz é tão mágico que chega a ser duvidoso: será o picadeiro do circo uma mera representação de nossas vidas, ou serão nossas vidas apenas picadeiros de circos?

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