terça-feira, 3 de julho de 2012

263. SOMBRAS DA NOITE, de Tim Burton

De longe não é o melhor filme da dupla Burton-Depp, muito menos resultou em tudo aquilo o que eles esperavam, mas ninguém explora a comédia negra de forma tão divertida como eles.
Nota: 8,4

TODA FAMÍLIA TEM SEUS DEMÔNIOS
         SOMBRAS DA NOITE
Título Original: Dark Shadows
Direção: Tim Burton
Elenco: Johnny Depp, Michelle Pfeiffer, Helena Bonham Carter, Jackie Earle Haley, Johnny Lee Miller, Bella Heathcote, Chloë Grace Maretz, Christopher Lee, Alice Cooper
Produção: Johnny Depp, Christi Dembrowski, David Kennedy, Graham King, Richard D. Zanuck
Roteiro: Seth Grahame-Smith, John August, Dan Curtis (roteiro da série para televisão)
Ano: 2012
Duração: 113 min.
Gênero: Comédia


Em 1752 os Collins deixam Liverpool e se mudam para os Estados Unidos afim de fugir de uma maldição que assola a família. Vinte anos depois eles se encontram na cidade de Collinsport e são a família mais importante do local, Barnabás, o filho do casal é amado por todos e tem a cidade aos seus pés. No entanto, quando o rapaz parte o coração da bruxa Angelique, é transformado em um vampiro, ela mata seus pais e o enterra para todo o sempre. Dois séculos depois, a família Collins está reduzida a apenas quatro pessoas que vivem na mansão Collinswood, mas estão falidos e não sabem o que fazer, já Angelique conquistou a cidade e é uma mulher poderosa e rica. Entretanto, Barnabás Collins está de volta, e tudo na vida de cada uma dessas pessoas mudará drasticamente.



Tim Burton iniciou sua carreira no cinema com curtas metragens em 1971, mas foi apenas em 1988 que começou a registrar sua marca em filmes de comedia negra com “Os Fantasmas se Divertem”, segunda parceria entre o diretor e o compositor Danny Elfman. Dois anos depois, Burton iniciou sua mais famosa parceria, e uma das mais rentáveis da história do cinema, “Edwards Mãos de Tesoura” não é apenas o princípio da amizade do diretor com o ator Johnny Depp, mas sim o filme que firmou ambos no cinema. Contando com a adaptação da épica série sobre a família Collins, vieram mais sete filmes: “Ed Wood” (1994); “A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça” (1999); “A Fantástica Fábrica de Chocolate” (2005); “Sweeney Todd – O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet” (2007); “Alice no País das Maravilhas” (2010) e, finalmente, “Sombras da Noite”. A direção de Burton, a edição do filme, o figurino e a arte inigualáveis, são marcas típicas do diretor, aqui não é diferente, apesar de escuro, é tudo muito lindo e detalhado, o problema, portanto, centra-se na construção desse roteiro que não tem nada de pobre, mas é muito mal conduzido ao ser adaptado por Seth Grahame-Smith. Outro ponto forte aqui está na trilha sonora, mais uma vez de Danny Elfman, vemos músicas típicas e bem clichês de cenas vampirescas de filmes clássicos, mas também temos a oportunidade de conferir a beleza de canções muito populares da década de 1970, dentre elas “Top of The World” e “No More Mr. Nice Guy”.



Não é novidade que Johnny Depp está incrível em sua interpretação, apesar de me lembrar seu ótimo Jack Sparrow uma vez ou outra, seu Barnabás é original e possui vários resquícios do vivido por Jonathan Frid na série da década de 60. Depp, apesar de um vampiro, é vivo e nos proporciona momentos incríveis ao demonstrar o quanto um ser que perdeu duzentos anos de sua existência pode se impressionar com os avanços na terra. Michelle Pfeiffer está linda e faz seu trabalho com muita competência como a matriarca da família Collins, apesar de ambiciosa ela é uma mãe que ama sua filha e não deixará absolutamente nada de mal acontecer com ela ou com seu sobrinho. Aliás, esses dois, a filha e o sobrinho, vividos, respectivamente por Chloë Grace Moretz (a Isabelle de “A Invenção de Hugo Cabret” [2011]) e Gulliver McGrath (que fez uma pequena participação em “A Invenção de Hugo Cabret”), são pontos fortes da trama, ela a típica menina revoltada que não sabe o que quer da vida, ele, um garoto depressivo e problemático que perdeu a mãe e sofre pela ausência da mesma. Helena Bonham Carter é a Dra. Hoffman, uma psicóloga que cuida dos problemas do menino, apesar de aparecer pouco ela é ótima em sua personagem, particularmente acho ela genial. O problema mesmo ficou em Eva Green, ela é a bruxa Angelique, que deveria ser indestrutívelmente sexy e má, mas a atriz não consegue extrair nem o mínimo dessa personagem ótima, Evan Rachel Wood (da aclamada minissérie “Mildred Pierce” [2011]), indicada ao Emmy e ao Globo de Ouro, seria perfeita no papel.



Uma comédia negra tão boa quanto qualquer outra já feita por Burton, esse filme não tem nada de fantástico como o esperado. Mas é divertido, criativo, original e muito sarcástico, características sempre presentes nos filmes da dupla Burton-Depp. Com um roteiro super perdido e uma direção satisfatória, o ponto alto do filme está nas sacadas propostas pela trama e nas ótimas atuações, sobretudo de Depp e Pfeiffer. Com certeza não serão todas as pessoas que aplaudirão esse filme, mas garanto que a metade delas não compreenderá sua genialidade. Admitir que Tim Burton, um dos diretores com quem mais simpatizo, errou em seu projeto dos sonhos é impossível, apesar de o filme não ser tão bom quando imaginava, é mais uma película no estilo próprio do diretor, e convenhamos que se tratando de filmes loucos, Burton não decepciona. Portanto, é um filme que vale muito a pena, sem sombras de dúvida.



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