O drama que melhor retrata
relacionamentos familiares.
Nota: 9, 4
Título Original : Kramer Versus
Kramer
Direção: Robert Benton
Elenco: Dustin Hoffman, Meryl Streep, Jane Alexander, Justin Henry,
George Coe, JoBeth Williams, Bill Moor, Howard Duff, Jack Ramage
Produção: Stanley R. Jaffe e Richard Fischff
Roteiro: Robert Benton e Avery Corman
(romance)
Ano: 1979
Duração: 105 min.
Gênero: Drama / Comédia
Após anos casada com Ted, Joanna decide
mudar completamente sua vida: arruma seus pertences e vai embora da casa do
marido, deixando sua vida patética e seu pequeno filho para trás. Ted, uma
homem que trabalha o tempo todo, terá de se virar para conciliar o emprego com
os problemas advindos da criação de um filho. Quando menos se espera, porém,
Joanna volta e exige a guarda do pequeno Billy, que está confuso e não compreende
nada do que acontece à sua volta.
Até aqui a carreira de Robert Benton não
possuía nada de muito relevante, entretanto, a história da família Kramer mudou
sua carreira. O final da década de 1970 foi palco de uma certa revolta feminina
mundial para igualdade sexual, dessa forma, o filme aborda assuntos
pertinentes, como os direitos femininos, relacionamentos materno e paterno, a
dificuldade em criar uma criança, relacionamentos que envolvam sexualidade.
Benton proporciona, portanto, uma história original e muito propicia para o
contexto da época, sua naturalidade em cada cena toma conta do enredo e faz com
que o filme se torne algo direcionado a qualquer público, é óbvio que isso não
torna seu trabalho um típico filme de “sessão da tarde”, pelo contrário, o
engrandece e o deixa muito mais completo, afinal se trata do cotidiano familiar
de qualquer ser humano na terra. A trilha sonora excelente é de John Kander e
Herb Harris, aqui ela pode não ser composta originalmente, mas a reunião de
conhecidas músicas eruditas é uma pedida que se torna extremamente única, o
concerto composto por Antonio Vivaldi, é a principal música do filme, mas é
apenas uma das tantas belezas aqui expostas.
O maravilhoso Dustin Hoffman é Ted, na
época o ator era o que se podia esperar de mais fantástico, pois era uma
sensação única na sétima arte. Na época ele enfrentava um divórcio tão
conturbado quanto o do filme, apesar de diferente, se o ator interpreta a
personagem ou se ele apenas transparece sua verdadeira vida, não sabemos, mas
que funcionou, funcionou. Ele é o típico pai preocupado com a forma como
educará e se relacionará com o filho, afinal, ele sempre ligou apenas para o
trabalho e deixou a família em segundo plano. Meryl Streep é Joanna, e é
incrível como a atriz consegue nos fazer ora odiar e julgar a personagem, ora
perdoá-la e entendê-la, ela representa, portanto, a vontade de muitas mulheres
da época, não de largar tudo para o alto, mas de viver sua própria vida e ser
independente. O discurso no tribunal, que provavelmente compõe a cena dita como
a que rendeu o Oscar de coadjuvante à atriz, foi escrito por ela própria. Jane
Alexander e Justin Henry, são os outros coadjuvantes, ela uma vizinha dos Kramer,
que também é divorciada e entende tanto Ted quanto Joanna, ele, o filho do casal,
vale lembrar que atuação de Henry, então com onze anos, deu-lhe uma indicação
ao Oscar, o menino perdeu para o veterano Melvyn Douglas que tinha 79 anos, mas
apenas pela indicação pode-se ter uma noção de como o rapaz é maravilhoso sem
seu trabalho. Como filho de pais separados, posso dizer por experiência própria
que, em vários momentos, Justin Henry expressa exatamente o que uma criança
sente ao ser, de certa forma, obrigada a escolher quem é mais importante em sua
vida e entender que o que os pai decidiram para ele é o melhor para seu futuro.
As cenas mais inesquecíveis do filme são a que Joanna reencontra o filho, a do
menino perguntando ao pai quando a mãe voltará, a primeira vez em que Billy
anda de bicicleta e a de Ted fazendo o café da manhã de Billy
O filme acaba se tornando um debate
sobre como é difícil a convivência em família, e como essa convivência pode nos
enriquecer psicologicamente ou pode acabar com nossa auto-estima nos reduzindo
a seres humanos fadados a rotina. A decisão tomada por Joanna Kramer, apesar de
ser um sacrifício para que a mãe possa dar uma vida melhor ao filho, é o que
dezenas de pessoas desejam muitas vezes na vida, largar tudo para trás, e
recomeçar a vida do zero, sem os problemas que um casamento pode trazer, ou sem
precisar se prender a pessoas que não ama mais da mesma forma.Entretanto, o que
mais impressiona é a forma como o pai da criança se sente ao se ver obrigado a
agir de formas que jamais agiu perante ao filho, sendo obrigado a fazer o papel
de pai, o qual ele nunca fez por completo, e o de mãe, o que o deixa louco,
afinal nunca conviveu com a esposa direito para saber como substituí-la. Um
marco na sociedade e no cinema, a história da família Kramer inspirou dezenas
de seres humanos durante décadas, e continua inspirando.
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