Adapte um dos livros sobre
máfia mais vendidos de todos os tempos, deixe Francis Ford Coppola dirigi-lo,
aceite Marlon Brando e Al Pacino no elenco e coloque a trilha sonora a cargo de
Nino Rota e terá o maior espetáculo cinematográfico da história.
Nota: DEZ
Título Original: The Godfather
Direção: Francis Ford Coppola
Elenco: Marlon Brando, Al Pacino, James Caan,
Richard S. Castellano, Robert Duvall, Sterling Hayden, John Marley, John
Cazale, Diane Keaton
Produção: Gray Frederickson, Albert S. Ruddy e
Robert Evans
Roteiro: Francis Fod Coppola e
Mario Puzo (romance)
Ano: 1972
Duração: 177 min.
Gênero: Drama
Esse ano comemora-se o
aniversário de 40 anos do primeiro filme da “Trilogia O Poderoso Chefão”. Em
todos os lugares vemos dezenas de homenagens para o filme, aqui no blog não
poderia ser diferente, portanto, como 100ª crítica publico “O Poderoso Chefão
Parte I”, como minha forma de homenagear o filme que me fez realmente decidir
pela carreira cinematográfica, e como agradecimento a todos os leitores do blog!
A saga da família Corleone é
umas das mais acompanhadas e amadas da história, tanto na literatura quanto no
cinema. Don Vito Corleone é um homem que atende a todos os requisitos de
Maquiavel, é temido e amado, simultaneamente. Estamos na primeira metade do
século XX, quando os Estados Unidos da América eram controlados descaradamente
por grandes famílias italianas que detinham o poder por apadrinharem um aqui e
outro ali, os quais, mais tarde, viriam a ser juízes, políticos e astros de
televisão, cinema e esporte. Corleone é, portanto, o chefe da família mais
poderosa de Nova York, logo uma das cinco mais poderosas do país. Entretanto,
poder e dinheiro não vêm acompanhados apenas de glamour e felicidade; Vito está
velho, e é alvo de outros italianos que o desejam morto para ascenderem. Agora
é a hora de seus filhos assumirem todo o poder e fortuna da família: Santino
“Sonny” é um pervertido estressado, Fredo um energúmeno, Connie uma jovem boba
apaixonada pelo novo marido que é mais idiota ainda, Michael é um herói de
guerra que não deseja seguir os caminhos do pai e Tom Hagen, que foi acolhido
pela família ainda bem jovem, é um ótimo advogado que faz de tudo pelos
Corleone.
Francis Ford Coppola nos
proporciona aqui um novo estilo de se fazer filmes, o qual será copiado em
todos os gêneros, desde comédias a dramas, e por todos os diretores daqui para
frente, desde os ruins até os maiores de sua geração: a iluminação de cima para
baixo e o jogo de sombras e luzes de Gordon Willis conquistaram o mundo de imediato.
Com pouca coisa no currículo até aqui, Coppola se consagrou como um dos maiores
diretores de todos os tempos com a “Trilogia O Poderoso Chefão”, as partes dois
e três vieram em 1974 e 1990, e em cada uma delas ele demonstra a forma brutal
e sem cortes que a máfia utilizava para chegar ao poder e se manter lá, é
perceptível que Coppola tenha evoluído de um filme para o outro em termos de
violência e qualidade, se compararmos a primeira parte com a última veremos
cenas mais fortes e bem mais feitas, o segundo filme é um assombro em todos os
termos. De modo geral não podemos analisar esse filme e tirarmos grandes
defeitos dele, é claro que eles existem, talvez algo que estava em cima da mesa
e sumiu de repente, ou algum corte mal feito, mas em meio a tanta qualidade,
qualquer defeito se torna imperceptível.
Para tal grandiosidade vista
em todo o filme, é claro que não poderia faltar um grande compositor: o
carcamano Nino Rota é o responsável por essa trilha sonora pra lá de
inesquecível, ele nos proporciona um dos temas mais tocados e adorados da
história do cinema, assistir a “O Poderoso Chefão”, partes I, II ou III, e não
ficar com “The Godfather Theme” na cabeça durante dias, meses ou para o resto
da vida é algo simplesmente impossível. Um dos maiores compositores da história
do cinema, Rota era o preferido de Federico Fellini, com quem fez vários
filmes. A parceria começou em 1952 com “Abismo de um Sonho” e teve seu fim um
ano antes da morte do compositor, em 1978 com “Ensaio de Orquestra”, dentre os
demais, temos os clássicos “A Doce Vida” (1960), “Fellini Oito e Meio” (1963) e
“Amarcord” (1973). Nito Rota foi indicado duas vezes ao Oscar, pelos dois
primeiros filmes da Trilogia que o consagrou, na primeira vez, acabou por ser
desclassificado por considerarem sua composição plágio de uma composição sua
mais antiga, na segunda vez foi consagrado com o prêmio, mas não compareceu à
cerimônia.
Marlon Brando é,
provavelmente, o maior ator da história do cinema; com dezenas de problemas
durante a vida morreu de forma triste e incompreensível. Como Don Vito Corleone
ele é aquilo que eu chamo de um assombro (como já disse, assombro é uma atuação
inigualável, perfeita, sem precedentes, que não poderia ter sido feita por
outra pessoa senão aquela). Ele é firme, decidido e surpreendentemente calmo;
reza a lenda que ele foi obrigado a fazer um teste para entrar no filme, para
tal colocou lenços ou algodão dentro da boca para poder falar com aquela
voz mansa e que somente Vito possuía na época (um detalhe, Robert De Niro a
imitaria sem defeito algum no filme de 1974), Brando venceu o Oscar por sua
interpretação, mas mandou uma atriz vestida de índia pegar o prêmio para
protestar contra o preconceito americano. Al Pacino é o ator que mais gosto
dentre todos os que já enfrentaram a sétima arte, e foi aqui que me apaixonei
por ele; vê-lo ao lado de Meryl Streep na minissérie “Angels in America” (2003)
é algo sem explicação. Como Michael Corleone ele dá um show, e se torna outro
assombro, filme após filme, nos mostrando, nessa primeira parte, a “evolução”
do Michael herói de guerra para o Michael Don Corleone, essa foi sua primeira
indicação ao Oscar. Os igualmente indicados na categoria de atuação
coadjuvante, James Caan e Robert Duvall são, respectivamente, o tempestuoso Sonny,
um homem descontrolado que não sabe como agir em nenhuma situação, e Tom Hagen
totalmente o oposto de Sonny, é um homem controlado e excelente advogado, John
Cazale é um Fredo inútil e Diane Keaton a esposa de Michael, Kay Adams, uma
mulher assustada que ama seu marido, é dela outra ótima atuação que só faz
melhorar de filme para filme.
Poucos filmes são adaptações
de livros tão satisfatórias quanto esse, Coppola faz de “O Poderoso Chefão” uma
história sobre máfia, dinheiro, cobiça e poder se entrelaçar em meio a
casamentos, refeições em família, natais e batizados, como se tudo andasse
sempre junto, nos fazendo amar a família Corleone de forma inaceitável, afinal
eles são o que há de mais podre na face da terra. Desse filme tomamos lições de
moral e ética, aprendemos o quanto algumas pessoas podem ser ingênuas a
respeito de senadores e presidentes, entendemos como um homem de verdade deve
se preocupar com sua família, somos forçados a ver que nunca se deve contar a
ninguém que não seja da família o que se esteja pensando, muito menos aliar-se
a esse tipo de gente, por fim, nos deliciamos com essa história magnífica,
portanto, tome um drinque se necessário, afinal, assistir a essa obra prima da
sétima arte, é uma proposta que você não poderá recusar.
Abaixo, segue-se uma lista dos
dez momentos inesquecíveis desse filme, mas devo adverti-los, eles acabam sendo
um resumo de toda a trama, portanto, pare por aqui, assista ao filme e depois
continue sua leitura, garanto que será bem mais emocionante:
10 MOMENTOS INESQUECÍVEIS
10. Em meio ao casamento de
Connie, filha de Vito Corleone, os “afilhados” do italiano o felicitam e pedem
por favores.
09. As cinco maiores famílias
italianas que vivem e controlam os EUA se reúnem para resolver a guerra que
está se formando entre eles a respeito da proibição ou permissão para a venda
de drogas no país.
08. A mando de Don Barzini,
Don Vito Corleone sofre uma tentativa de assassinado (na foto, Michael e Kay descobrem o acontecido).
07. Michael vinga a tentativa
de assassinato do pai matando Sollozzo e o Capitão McCluskey.
06. Vito Corleone e Michael
Corleone conversam sobre passado, presente, futuro, escolhas, sacrifícios e,
claro, uma forma de manter a estabilidade da família depois da morte de Vito.
05. Sonny é assassinado em uma
emboscada preparada por um membro da família, é bom lembrar que a cena em que
Tom Hagen conta a Vito sobre o acontecimento também é fantástica.
04. Tom Hagen faz, com a
permissão de Don Corleone, uma proposta irrecusável a Jack Woltz: o produtor de
filmes acorda e, ao seu lado, está a cabeça de seu cavalo de mais de meio milhão
de dólares.
03. A morte e o enterro de Don
Vito Corleone.
02. Ao som de J. S. Bach, o
sobrinho de Michael é batizado e, simultaneamente, os homens de Michael se
livram de seus inimigos em uma cena épica.
01. Em meio a mudança da
família, Connie chega acusando o irmão pela morte de seu marido, depois de
acalmarem-na e Kay se retirar do escritório, em uma das cenas mais perfeitas do
cinema, a esposa de Michael vê a porta fechar-se para ela, enquanto isso os homens
de Michael cumprimentam o novo Don Corleone.
PARA SABER MAIS SOBRE ESSA OBRA FANTÁSTICA:
Descubra essas curiosidades acessando o link abaixo:
http://oglobo.globo.com/infograficos/poderosochefao/
Para quem quiser saber mais e
ver algumas fotos dos bastidores, acesse (o site é em língua inglesa, mas vale
a pena pelas fotos):
http://www.vanityfair.com/culture/features/2009/03/godfather-slideshow200903?slide=2#slide=1
http://www.vanityfair.com/culture/features/2009/03/godfather-slideshow200903?slide=2#slide=1
http://www.vanityfair.com/culture/features/2009/03/godfather200903
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