segunda-feira, 14 de maio de 2012

306. NOTAS SOBRE UM ESCÂNDALO, de Richard Eyre

Um filme de clima pesado sobre os problemas suburbanos e de convivência entre os seres humanos. Fantásticamente inquietante!
Nota: 9,0



Título Original: Notes on a Scandal
Direção: Richard Eyre
Elenco: Judi Dench, Cate Blanchett, Bill Nighy, Juno Temple, Andrew Simpson, Shaun Parkes, Max Lewis
Produção: Robert Fox, Edmond Morris e Scott Rudin
Roteiro: Patrick Marber e Zoe Heller (romance)
Ano: 2006
Duração: 92 min.
Gênero: Drama



Sheba Hart é uma bela professora com seus trinta e poucos anos, simpática, inteligente, gentil, culta, conquista todos os colegas nos primeiros dias trabalhando em seu novo emprego; Barbara Covett é uma velha arrogante que insiste em fazer questão de ter o ódio e medo de todos os outros professores e alunos do colégio onde trabalha. Pouco tempo se passa, Barbara se aproxima de Sheba e acaba descobrindo que a professora está tendo um caso com um aluno de 15 anos do colégio, Steven Connolly. Pode-se imaginar como a coisa vai ficar feia para o lado de Sheba, mas isso tudo é só o começo de uma história bem mais pesada que está por vir.


Richard Eyre é um diretor de televisão que resolveu ousar ao adaptar a obra de John Bayley para o cinema no filme “Iris” (2001), com Kate Winslet, Judi Dench e o vencedor do Oscar de atuação coadjuvante Jim Broadbent, é um romance biográfico sobre a escritora Iris Murdoch e seu marido John Bayley, desde sua juventude até sua luta contra o Alzheimer. Em “Notas Sobre um Escândalo”, ele utiliza de cenários suburbanos onde pode mostrar a vida de jovens na escola ou manifestações como o uso de drogas próximo a estação de trens. Utilizando câmera de mão em grande parte do filme, deixa tudo mais triste e aterrador. Trazer Sheba com toda sua beleza, graça e sensualidade, nos faz imaginá-la com lindos filhos de olhos azuis e cabelos loiros, os quais ela teve com um jovem marido bem sucedido e igualmente belo, no entanto, o roteiro nos revela um velho, ex-professor de Sheba, uma filha mal criada e esquisita e um filho com Síndrome de Down, nos propondo uma sacada ótima de como é a real vida de pessoas normais e quais são os anseios e medos de Sheba em relação a sua vida, os quais a levam a afeiçoar-se pelo garoto. Existem poucos compositores tão adequados para conduzirem a trilha sonora de filmes que retratam situações sociais e conflitos pessoais quanto Phillip Glass, ele é o responsável por essa trilha e do excelente “As Horas” (2002), além dos bons “O Show de Truman” (1998) e “O Ilusionista” (2006).


Judi Dench é uma das melhores atrizes de seu tempo, uma inglesa firme e talentosa nunca decepciona quando está em cena. Como a velha Barbara ela é simplesmente um demônio em pessoa, não há como falar de sua brilhante atuação sem ressaltar a sexualidade da personagem: Barbara é lésbica, portanto torna a interpretação de Dench muito mais difícil, mas estamos falando de uma fera atuando, logo, para ela parece uma brincadeira de criança. Blanchett, como já disse em outras críticas é uma das melhores atrizes de sua geração, descoberta em “Elizabeth” (1998), ela é uma Sheba confusa e cheia de vida que deseja a felicidade, coisa que já não encontra mais em seu casamento aparentemente falido. Bill Nighy é o marido, um bom homem que ama sua esposa e filhos e faz de tudo por sua família.




Os confrontos provocados por Barbara tornam esse filme algo eletrizante e inquietante, queremos saber de tudo o tempo todo e temos medo por Sheba estar sendo enredada na teia dessa aranha terrível, velha, seca e sórdida. Abordando vários assuntos pessoais e nos mostrando como supostos amigos podem ser as piores pessoas ao nosso redor, é um filme cheio de mistérios e que não deixará nossa mente durante algum tempo, um filme maravilhoso que nos propõe a analisar nossas próprias vidas e pessoas ao nosso redor, que nos mostra como a vida pode virar um inferno quando não tomamos certos cuidados em relação às pessoas que colocaremos ao nosso lado e dentro de nossa casa, afinal, no mundo de hoje, todos são maníacos em potencial.


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