Uma biografia comprometida com a
qualidade cinematográfica e a realidade da vida do lutador Jake LaMotta.
Nota: 9,6
Título Original: Raging Bull
Direção: Martin Scorsese
Elenco: Robert De Niro, Cathy Moriarty,
Joe Pesci, Frank Vincent, Nicholas Colasanto, Theresa Saldana, Mario Gallo,
Johnny Barnes, Eddie Mustafa Muhammad
Produção: Irwin Winkler, Robert
Chartoff, Hal W. Polaire e Peter Savage
Roteiro: Joseph Carter, Peter Savage,
Paul Schrader, Mardik Martin, Jake LaMotta (biografia)
Ano: 1980
Duração: 129 min.
Gênero: Biografia / Drama
Nascido Giacobe LaMotta, Jake LaMotta
foi um dos boxeadores mais famosos e controversos dos EUA, lutou pouco mais de
100 vezes, das quais venceu 83. Durante sua vida ficou conhecido por ser um
homem agressivo e impossível de se controlar, daí veio o apelido “The Raging
Bull” (em uma tradução livre, touro irado, raivoso, indomado). Dentre seus principais
adversários no ringue podemos citar Sugar Ray Robinson e Billy Fox, fora dos
ringues a lista seria infindável, mas é importante ressalvar a recorrência com
que LaMotta batia em sua mulher como se ela também fosse uma profissional. O
fim de sua vida foi bem menos diferente que o restante: após muitos problemas
com a luta, tornou-se dono de bares e, com os negócios arruinados, virou
comediante, chegando a atua no filme com Paul Newman, “Desafio da Corrupção”
(1961). Em 1970 LaMotta publicou a auto-biografia “Raging Bull: My Story”. Abordando
o início da carreira de LaMotta, até seu decadente desfecho como ator
comediante, o filme mostra com detalhes a vida profissional do lutador e seus
relacionamentos com as esposas e o irmão (seu agente).
Martin Scorsese é simplesmente um mestre
na arte de dirigir filmes, sua filmografia é uma das mais completas entre todos
os diretores vivos, dentre documentários, curta metragens e longa metragens
podemos citar, anteriormente a “Touro Indomável” meia dúzia de trabalhos
excepcionais: “Caminhos Perigosos” (1973), “Alice não Mora mais Aqui” (1974),
“Taxi Driver” (1976), “New York, New York”, “O Último Concerto de Rock” (1978)
e “American Boy: A Profile of Steven Prince” (1978). Aqui prevalecem dois dos
maiores trunfos do diretor: suas parceria que rendeu oito filmes com Robert De
Niro e suas paixão por sua cidade natal (Scorsese nasceu no Queens,
característico bairro de Nova York), na qual se passa a história. Em “Touro
Indomável”, o trabalho do diretor vai muito além de uma biografia chata sobre
um lutador de Boxe, mesmo para pessoas que não gostam desse esporte, será
extremamente prazeroso assistir ao filme, pois a trama não se centra apenas nos
problemas advindos da profissão do lutador, e sim em seus conflitos internos provocados
por dezenas de agentes exteriores em toda a sua vida. Martin trabalha com toda
cuidado expressando da melhor forma possível o ambiente em que ocorre a
história e, como somente ele poderia fazer, nos trás uma obra de arte, e, ainda
por cima, em preto e branco. Dito como o melhor trabalho entre Scorsese e De
Niro, fico entre esse e “Taxi Driver”, outra obra impressionante da dupla.
De Niro, é, portanto, o enlouquecido
Jake LaMotta, um homem sem limites que faz tudo o que quer pensando ser seu
direito. Em seus trabalhos mais recentes De Niro decepciona por completo, mas
nessa crítica falo sobre um filme da década de 1980, na qual ele era um dos
maiores atores do cinema, um homem com beleza totalmente própria e talento
inconfundível. Como LaMotta, De Niro é o que eu chamo de um assombro (entendam
por um assombro uma atuação sem igual, fantástica e simplesmente perfeita).
Indicado ao Oscar 6 vezes, foi vencedor em 1975 pela atuação de Vito Corleone
em “O Poderoso Chefão: Parte II” (1974) e por “Touro Indomável” em 1981. Cathy Moriarty fez sua estréia aqui, e nunca
mais fez nada que preste, como a esposa de LaMotta, Vickie, ela nos proporciona
uma boa atuação de uma mulher que sabe o que quer e não consegue permitir que o
marido a trate como o cadela em que ele possa mandar e desmandar. O ótimo Joe
Pesci é o irmão de LaMotta, Joey, um homem que deseja que o irmão se torne o
maior boxeador do mundo, mas que se dobra para todas as vontades dele, Joe
ganhou o Oscar de melhor atuação coadjuvante pelo filme de 1990 “Os Bons
Companheiros”, mais uma dentre as parcerias de Scorsese e De Niro.
Fazer um filme já é difícil, quando ele
tem grandes dimensões começa a complicar, quando se torna uma cinebiografia
então é que tem tudo para dar errado, e o que me dizem de ser em preto e
branco? Geralmente geraria uma catástrofe, entretanto estamos falando da dupla
formada por Martin Scorsese, um dos diretores mais cultuados da história, e
Robert De Niro, um dos melhores atores de seu tempo. Portanto, nada aqui dá
errado, muito pelo contrário, tudo se encaixa de uma forma tão harmoniosa e
perfeita que chega a nos assustar um pouco. Não é uma homenagem ao Boxe ou a
Jake LaMotta, é um filme comprometido com a triste e violenta verdade da vida
do lutador, mas não se tornar, por esse motivo, menos interessante ou bem feito.
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