quinta-feira, 3 de maio de 2012

322. O DIABO VESTE PRADA, de David Frankel


Comédia sobre moda e as dificuldades pelas quais as mulheres passam para serem aceitas na sociedade machista é bem melhor do que o esperado para o gênero.
Nota: 8,4



Título Original: The Devil Wears Prada
Direção: David Frankel
Elenco: Meryl Streep, Anne Hathaway, Emily Blunt, Stanley Tucci, Adrien Grenier, Simon Baker
Produção: Wendy Finerman, Karen Rosenfelt e Joe Carracciolo Jr.
Roteiro: Aline Broch McKenna e Lauren Weisberger (romance)
Ano: 2006
Duração: 109 min.
Gênero: Comédia


Andrea Sachs acaba de se formar em jornalismo e decide tentar a vida na tumultuada Nova York. Após levar seu currículo em vários lugares ela é chamada na revista Runway, a mais famosa revista de moda de todo o mundo (equiparando-se a Vogue na vida real, o que não é uma coincidência). No entanto sua chefe não é diabólica como todos falam, é muito pior. Agora a garota terá de conviver com o fato de que quem trabalha próximo a temida Miranda Priestly não trabalha com ela ou para ela, pertence a ela.
Diretor das imperdíveis séries de televisão “Sexy and the City” (2001-2003) e “Entourage” (2004), não se pode dizer que David Frankel não saiba fazer comédias, aliás, as suas estão bem mais a cima da média daquelas odiáveis típicas americanas. Em meio a Gucci’s, Armani’s, Chanel’s, Valentino’s e, claro, Prada’s, ele nos proporciona algo divertido além do que se poderia esperar. A fotografia do filme é legal e a trilha (com músicas pop, entre os artistas temos Madonna, U2, K.T. Tunstall, Jamiroquai, Alanis Morissette) pode não ser nada original, mas as músicas escolhidas se encaixam perfeitamente no contexto do enredo. O figurino feito por Patricia Field é, obviamente, impecável, ela também é a estilista de “Sex and the City”.
Escolher uma atriz jovem e super em alta para viver Andrea foi uma excelente idéia, Anne Hathaway é bonita, simpática, adorada pelo público e uma ótima atriz, apesar de aqui ela não fazer grande coisa sua atuação é bem melhor do que o esperado. No entanto sempre tem alguém para tomar seu lugar em qualquer momento: Emily Blunt é a insuportável assistente sênior de Miranda, Emily, e o faz com ironia e mal humor insuperáveis e Stanley Tucci é a nécessaire ambulante de Miranda, Nigel, um homem com grande coração, bom gosto e o único que parece compreender a chefe. Mas existem poucos que conseguem ofuscar o brilhantismo de quem realmente segura esse filme, Meryl Streep, no auge de seus quase sessenta anos e contra todos os credos da indústria cinematográfica, construiu uma Miranda Priestly perfeita, o filme foi baseado no livro homônimo de uma mulher que trabalhou para Anne Wintor (editora da aclamada revista de moda Vogue), a única conclusão possível é que a personagem e Wintor não são parecidas por acaso, no entanto Streep nos revela uma atuação bem mais original do que a imitação da editora da vida real, dizem que, enquanto estava no set, ela sentava sozinha o tempo todo e era tão estúpida e desagradável quanto sua personagem (claro que essa atitude era totalmente compreensível), resultado: um Globo de Ouro, uma indicação ao Oscar de melhor atriz principal, apesar de seu papel ser coadjuvante e mais um fã no mundo, orgulhosamente eu.




Engraçado e divertido é o tipo de filme que conquistou acima de tudo o público feminino pela belíssima estética. Mas não é simplesmente isso, chega até a nos passar mensagens de como devemos ver mulheres que ocupam lugares geralmente oferecidos a homens e ainda mostra como é a vida de alguém que acaba de sair da faculdade e deseja ser algo mais que apenas um pequeno parafuso nessa engrenagem imensa da máquina maior ainda, respectivamente chamadas de “a cidade que nunca dorme” e planeta Terra. Além, claro, de mostrar como é difícil ser uma mulher como parte essencial de um sistema comandado sobre tudo por homens.






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