A volta de Hannibal Lecter só prova uma
coisa: enquanto houver seres humanos para servirem de alimento, o maior canibal
do cinema permanecerá forte e vivo.
Nota: 9,2
Título Original: Hannibal
Direção: Ridley Scott
Elenco: Anthony Hopkins, Julianne Moore,
Gary Oldman, Ray Liotta, Frankie Faison, Giancarlo Giannini, Francesca Neri,
Zelijko Ivanek, Hazelle Goodman, David Andrews, Francis Guinan
Produção: Dino De Laurentiis, Martha De
Laurentiis, Ridley Scott
Roteiro: David Mamet, Steven Zaillian e Thomas Harris (romance)
Ano: 2001
Duração: 131 min.
Gênero: Drama / Thriller
Aviso: antes de ler qualquer comentário
sobre esse filme, acho bom esclarecer as ordens em que os longas sobre Hannibal
Lecter foram lançados e a ordem cronológica:
Em ordem de lançamento: “O Silêncio dos
Inocentes” (1991), “Hannibal” (2001), “Dragão Vermelho” (2004) e “Hannibal – A
Origem do Mal” (2007).
Em ordem cronológica: “Hannibal – A
Origem do Mal”, “Dragão Vermelho”, “O Silêncio dos Inocentes” e “Hannibal”.
Enquanto Manson Verger, uma das vítimas
do Dr. Hannibal Lecter – Verger se apaixonou por Lecter, sádico, como somente o
canibal pode ser, Hannibal drogou Verger, que cortou seu próprio rosto,
desfigurando-se -, Clarice Starling, a agente do FBI que esteve com Hannibal
antes de sua fuga, volta a procurar o criminoso. Entretanto, lidar com Hannibal
Lecter não é uma tarefa fácil e o que era um jogo entre um homem vingativo e a
polícia, se tornar mais uma manipulação do serial killer mais adorado do
cinema.
Ridley Scott tem alguns bons títulos no
cinema, alguns fracassos e algumas grandes produções, dentre elas “Alien, o
Oitavo Passageiro” (1979), “Thelma e Louise” (1991), “Gladiador” (2000),
“Falcão Negro em Perigo” (2001), “Cruzada” (2005), “O Gângster” (2007), Robin
Hood” (2010) e “Prometheus” (2012). Após o sucesso estrondoso e inacreditável
de “O Silêncio dos Inocentes” (1991), a primeira história de Hannibal Lacter
adaptada para o cinema, onde o assassino ajuda Clarice Starling a encontrar outro
serial killer para que possa cometer uma fuga digna de cinema – o filme é um dos
únicos que venceu as cinco categorias mais importantes do Oscar: filme,
direção, ator, atriz e roteiro adaptado –, era de se esperar que uma sequência
entrasse ou para a lista das sequências dispensáveis, ou para as memoráveis.
Apesar de o filme ser ótimo, temos a primeira opção. Isso se deve,
principalmente, pela substituição da atriz que interpreta a agente Starling,
acrescente a isso, o roteiro é mais fraco e não há toda aquela tensão proposta
pelo primeiro longa. Em contra ponto, a trilha sonora de Hans Zimmer é tão
incrível – se não melhor – quanto a de Howard Shore (responsável por “O
Silêncio dos Inocentes”), a edição e mixagem de som são perfeitas e a montagem
das cenas é incrível, repleta de metáforas e referências a própria história.
Anthony Hopkins volta a dar vida ao
personagem mais enigmático e incrível do cinema e da literatura contemporâneos.
Assim como no primeiro filme, vemos uma interpretação sem defeito algum, a
única diferença é que o próprio personagem está ficando mais velho, todavia,
sua sede e apetite por carne humana não diminuiu, bem como sua loucura, seu
caráter, seu bom gosto, sua indiferença as suas vítimas, sua determinação, sua
astúcia, e, sobretudo, sua invisibilidade. Não há, simplesmente, como não fazer
comparações rápidas de Julianne Moore (Starling desse filme) com Jodie Foster
(Starling de “O Silêncio dos Inocentes”), Moore nos apresenta uma personagem
mais madura, com menos medo de tudo a sua volta, no entanto, sua Starling é
menos natural, um pouco mais artificial e clichê que a de Foster, mesmo assim,
não há como negar: é difícil decidir qual das duas encarou melhor Starling, bem
como é praticamente impossível saber se teria sido melhor Foster continuar ou
Moore ter assumido desde o primeiro longa. Sempre que assinto a um filme com
Gary Oldman sem saber que ele está no filme me surpreendo quando descubro qual era
sua personagem, por algum motivo deixei passar seu nome durante a abertura, e
por outro motivo mais estúpido, não recordava que ele estava na produção, mas
mereço um desconto por não o ter reconhecido logo de cara: ele vive Manson
Verger, o homem louco totalmente desfigurado. O fato é que o personagem já era
louco antes de conhecer Hannibal – ele estuprava crianças, o que já é o
suficiente para ser odiado -, sendo assim, resta a Oldman tornar esse homem
ainda mais detestável e repugnante, não por sua aparência, mas por seus atos e
pela forma como age perante todos, além disso, não há intenção de humanizar
Verger em momento algum. Por fim, temos a excelente atuação de Giancarlo
Giannini, de “007 – Cassino Royale” (2006) e “007 – Quantum of Solace” (2008),
que interpreta o Inspetor Rinaldo Pazzi, um homem que descobre o paradeiro de
Lecter, mas que prefere ficar com o segredo para si e entregar o criminoso para
Verger, que está oferecendo três milhões de dólares pelo assassino; o medo, a
desconfiança e o desespero de Pazzi são notados a cada olhar de Giannini.
Não existe outro ator que pudesse viver
o Doutor Hannibal Lecter com tanta classe e sobriedade quanto Anthony Hopkins,
isso, porque apenas o ator poderia imortalizar uma personagem tão complexa, e
mais, somente ele poderia interpretar com tanta veracidade um homem que
perturbaria qualquer profissional da sétima arte. Apesar de um problema aqui e
outro ali, o fato de termos a volta de Hannibal e o time de atores que compõe
esse elenco, faz do longa mais um filme memorável, não somente sobre mais um
serial killer digno de filmes a seu respeito, e sim, do maior, melhor e mais
inteligente serial killer produzido pelas indústrias do entretenimento e da
cultura, juntas. O melhor de tudo fica a cargo do desfecho, que nos dá apenas
uma certeza, mas a melhor certeza de todas: nada mudará para Hannibal Lecter
enquanto ele puder saciar sua gula pela carne humana.
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