terça-feira, 15 de janeiro de 2013

131. (ESPECIAL OSCAR 2013) O IMPOSSÍVEL, de Juan Antonio Bayona


O que é realmente impossível é não se emocionar com tal história baseada em fatos reais.
Nota: 9,2


Título Original: Lo Imposible
Direção: Juan Antonio Bayona
Elenco: Naomi Watts, Ewan McGregor, tom Holland, Samuel Joslin, Oaklee Pendersgat, Marta Etura, Ceraldine Chaplin
Produção: Belén Atienza, Álvaro Augustín, Ghislain Barrois, Enrique López Lavigne
Roteiro: Sergio G. Sánchez e María Belón (história – filme baseado em acontecimentos reais de sua vida)
Ano: 2012
Duração: 114 min.
Gênero: Drama

Como atestam as informações inicias desse filme: “Em 26 de dezembro de 2004, o tsunami mais devastador da história atingiu a costa sudeste da Ásia. As vidas de inúmeras famílias de todo o mundo mudaram para sempre.” Os tsunamis foram ocasionados pelo terremoto Sumatra-Andaman, que foi um dos maiores terremotos já registrados – com magnitude entre 9,1 e 9,3 -, além disso, devido a sua duração – entre 8 e 10 minutos – outros terremotos se formaram em partes muito distantes do planeta. Como se não bastasse, estima-se que mais de 250 mil pessoas foram mortas e mais de 1,5 milhões foram desabrigadas pelo desastre natural, que afetou, ao todo, sete países diretamente.


No filme, nos é contada a história da família Bennett, uma família de americanos que viviam no Japão e estavam passando as festas de fim de ano na Tailândia. Os Bennetts eram compostos por Maria e Henry, os pais de Lucas, Thomas e Simon. Na manha da Natal, não apenas eles, mas todo o país é surpreendido pelo Tsunami da Indonésia. Durante o desastre todos se perdem uns dos outros e vemos as tentativas de a família se reunir novamente, acrescente a isso, é óbvio que ainda presenciamos a forma inacreditável com a qual cada afetado tenta sobreviver em meio a uma catástrofe que parece determinada a exterminar a todos.


Juan Antonio Bayone não dirigia algo há cinco anos – seu último trabalho foi o conhecido “O Orfanato” (2007). Confesso nunca ter assistido nenhum filme seu, logo, não há como fazer parâmetros com o restante de seus trabalhos, dessa forma, o que posso garantir é que, independente do estilo do diretor ou da qualidade de suas outras produções, esse filme é exatamente o que esperamos ver. Ao mesmo tempo em que ele não deixa de filmar bem de perto a tentativa de salvação de Maria e Lucas em meio às águas do mar que avançaram para a terra, ele não esquece de nos mostrar o quanto mãe e filho estão perdidos no meio do nada em tomadas abertas brilhantes. Além disso, em vários momentos ele utiliza a câmera de mão de forma muito inteligente, fazendo algumas cenas parecerem reais documentários sobre o que está acontecendo com a família. Quanto ao roteiro, apesar de a tentativa de sobrevivência e toda a recuperação e encontro da família serem ótimos, o que mais me chamou a atenção foi a forma como Sánchez nos apresentou o início da história, pois, ao invés de enrolar em momentos inúteis da família, o roteiro vai direto ao assunto, mas antes um trunfo: vemos dezenas de famílias felizes no hotel em que os Bennetts se hospedaram, dando ênfase na felicidade dos protagonistas. Não se pode deixar de notar o quanto isso faz com que nos apaixonemos por cada um deles e desejemos que todos voltem em paz e juntos para sua casa.


Quando assisti a Naomi Watts em “J. Edgar” (2011) fiquei aliviado por ver o quanto ela estava evoluindo artisticamente, e é exatamente isso que a atriz está disposta a provar com sua atuação fantástica nesse filme. Como a matriarca Maria, ela é tocante ao nos apresentar o drama real de uma mãe que não sabe se conseguirá ver sua família reunida novamente e que teme pela morte de cada um deles. Apesar de toda a beleza do filme, Naomi Watts recebeu a única indicação ao Oscar do longa, ela é uma das favoritas para o prêmio de melhor atriz, além disso, ela demonstra a força e a terminação de uma mulher que não deixará que as ondas levem sua vida tão facilmente. Pensei em escolher um filme para citar uma atuação de Ewan McGregor que tenha me deixado decepcionado, mas são muitos. Entretanto, sempre vi alguma coisa a mais no ator, o que sempre me fez assistir a seus filmes esperando por algo, realmente, bom. Em “Toda a Forma de Amor” (2010) ele começou a demonstrar o quanto era capaz, em “Amor Impossível” (2011) ele nos presenteia com uma atuação excelente de um homem confuso e cheio de manias, aqui, por fim, McGregor ganha mais que minha admiração, ganha meu respeito por ser um ator que passou do péssimo ao inacreditável como o patriarca Henry. Apesar de a busca por sua família exigir que o ator de o melhor de si, apenas os momentos em que ele vê a onda e abraça seus filhos e o reencontro com as crianças já são o suficiente para me convencer: McGregor superou todas as minhas expectativas e está no caminho para se tornar um dos melhores atores ingleses de sua geração. Mesmo que as interpretações de Watts e McGregor sejam surpreendentes e magníficas, Tom Holland, o pequeno Lucas, rouba a cena nos apresentando um jovem determinado a ajudar as pessoas e que, apesar de estar entrando na adolescência, leva o tsunami como uma lição de vida que jamais poderá ser esquecida. Samuel Joslin e Oaklee Pendergast são, respectivamente, Thomas e Simon. Ainda contamos com a participação linda de Geraldine Chaplin, como uma senhora que se comove ao ver s irmãos mais novos juntos.


“O Impossível” trata exatamente sobre o que o título sugere, o mais impossível de ser feito em meio a um desastre terrível como o tsunami: sobreviver. E é nessa palavra que consiste toda a trama, não são apenas os membros da família Bennett ou qualquer outro ser humano que está tentando manter sua vida mesmo com uma tragédia como essa, vemos a necessidade de se manter viva a racionalidade, a serenidade, a força de vontade, a integridade, e a decência em ajudar aos outros se não há mais nada o que possa fazer por si próprio ou pelas pessoas que se ama. Mais que uma lição de vida, “O Impossível” é um arauto de esperança em um mundo onde tudo parece catastrófico, onde desastres naturais ocorrem com uma frequência inaceitável, onde pessoas nascem e morrem sem nenhuma justificativa e onde, sobretudo, nós, os seres humanos, somos os culpados pela futura extinção da raça humana. Enquanto vemos tanta desgraça, portanto, é maravilhoso ver uma história onde pessoas sobrevivem.




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