sábado, 19 de janeiro de 2013

124. (ESPECIAL OSCAR 2013) DJANGO LIVRE, de Quentin Tarantino


O heroi do ano se afunda na tentativa imbecil de continuar atrás de sua amada, no final das contas, a culpa é toda de quem o deixa ir embora.
Nota: 9,0


Título Original: Django Unchained
Direção e Roteiro: Quentin Tarantino
Elenco: Jamie Fox, Christoph Waltz, Leonardo DiCaprio, Kerry Washington, Samuel L. Jackson, Walton Goggins, Dennis Christopher, David Steen, Dana Gourrier, Ato Essandoh
Produção: Reginald Hudlin, Pilar Savone, Stacey Sher, Bob Weinstein, Harvey Weinstein
Ano: 2012
Duração: 165 min.
Gênero: Faroeste / Drama

Em 1858, Django é um escavo no Sul dos Estados Unidos que é separado da mulher que ama por uma fuga do casal, cada um é vendido para um lugar e ele acaba caindo nas graças do Dr. King Schultz, um caçador de recompensas do governo que está atrás de três homens, os quais Django será totalmente capaz de reconhecer. Após matar esse trio, Schultz promete a Django que irá atrás da amada e os libertará, mas essa busca não será tão fácil, pois a bela Broomhilda acabou sendo comprada por Calvin Candie, um proprietário de muitas terras que já passou os limites da loucura.



Fazendo um desabafo que pode deixar a maioria dos leitores do blog totalmente decepcionada e ignorando o fato de que vários poderão passar a me odiar e deixar de ler minhas críticas, não gosto de Quentin Tarantino. Sim, um jovem de 18 que deseja se tornar diretor de cinema, não gosta de Quentin Tarantino. O por quê? Ele, mais que qualquer um de seus atores, é irritantemente exagerado (over, em uma linguagem mais “técnica”). Seus filmes, de forma alguma são mal feitos, muito pelo contrário, é importante apontar o quanto ele dá atenção a suas produções, todavia, sua atenção é exagerada. “Cães de Aluguel” (1992) foi o primeiro filme de Tarantino no cinema, depois vieram mais seis, “Django” é o oitavo e seu melhor longa. Não assisti a “Pulp Fiction” (1994), mas posso garantir que tanto os filmes de “Kill Bill” (2003/2004) quanto seu “Bastardos Inglórios” (2009) seguem a mesma linha que seu novo filme: são bem feitos, mas, como já disse exagerados. Tecnicamente falando, a montagem, a edição de som, a mixagem, o figurino e, em especial, a trilha sonora (da qual dispensava o RAP), são trabalhos realizados por exímios profissionais conhecidos pelo diretor e pelo público por outros trabalhos. Vale a pena, não por críticar, mas a título de curiosidade, destacar que Tarantino foi inspirado por grandes histórias do cinema para criar seu filme: “... E O Vento Levou” (1939) trouxe a realidade das fazendas sulistas dos EUA; “O Valente Treme-Treme” (1948) era protagonizado por um caçador de recompensas disfarçado de dentista; os lutadores negros e alguns nomes para eles vem do longa “Mandingo” (1975); a arma usada por Christopher Waltz em sua última cena é baseada em um dispositivo criado por Travis Bickle, vivido por Robert De Niro em “Taxi Driver” (1976); por fim, o protagonista foi inspirado em Django, do filme “Django” (1966) de Sergio Corbucci, um grande diretor de Faroeste Espaguete.



Nesse filme, o protagonista é vivido por Jamie Foxx, em, sem dúvida alguma, sua interpretação mais significativa e seu melhor desempenho no cinema até hoje. Durante a trama, Django vai ganhando mais espaço e deixa de ser um simples escravo para se tornar um homem que luta pelo amor de sua vida, deixando de lado as leis ou os costumes. Foxx acompanha de forma perfeita essa transição do protagonista, chegando a ser um detestável negro preconceituoso quando convém para Django (ele se disfarça de traficante de negros para conseguir chegar perto de Broomhilda). Christoph Waltz, vencedor do Oscar por “Bastardos”, é o Dr. Schultz, algumas pessoas vem dizendo que sua interpretação aqui e no filme de 2009 é exatamente a mesma, para mim, a personagem de DiCarpio é bem mais parecida com a de Waltz em 2009, enfim, Waltz irá vencer o Oscar de melhor ator coadjuvante novamente esse ano, por um trabalho de merecido respeito e digno de reconhecimento. DiCaprio, por sua vez, é o proprietário de Broomhilda, mais uma vez ignorado pela Academia, ele está simplesmente fantástico no papel, fazendo com que esqueçamos de seu fracasso em “Titanic” (1997) a cada dia e tornando-se um ator sem defeitos. Samuel L. Jackson vive Stephen, um negro de 76 anos que é empregado na fazenda de Calvin Candie, o poder conferido de seus outros patrões, e do atual, fazem com que o negro se torne um homem cruel e desumano com os próprios negros da propriedade, é impossível não se enojar com Jackson, o que faz de interpretação a melhor do ano.



Apesar das várias indicações ao Oscar nesse ano, os fãs se decepcionaram ao não verem Quentin Tarantino entre os diretores indicados (ele terá de se satisfazer com o melhor roteiro do ano), eu acabei me decepcionando em não ver Jackson e DiCaprio na lista dos melhores coadjuvantes. Além de melhor filme, o longa conta com as indicações de Waltz (ator coadjuvante), roteiro original (Tarantino), fotografia e edição de som. Provavelmente Tarantino e Waltz sairão vencedores. Voltando ao filme, não há como dizer que “Django” seja uma produção ruim, de fato, ela tem uma qualidade superior a muitos outros filmes realizados durante o ano, entretanto, apesar de considerar correto demonstrar a covardia com a qual os negros eram tratados, Tarantino sempre resolve trazer uma cena sanguinária memorável, e é nessa cena que o filme se afunda. Se tivéssemos seu desfecho em exatos 147 minutos com uma sequência inexplicável de tiroteios que tiraria a vida de nosso heroi e sua amada, essa crítica seria desenvolvida de forma totalmente diferente, considerando esse filme o melhor do ano e conferindo-lhe nota dez. Todavia, não é isso que acontece, afim de surpreender a todos com cenas de coragem e trazer um Django destemido e determinado, Tarantino nos traz, também, a desgraça para o filme, que não deixa de ser o melhor de sua carreira, mas também não pode ser considerado o melhor do ano. Em suma, o filme é excelente. Se há mudanças que o melhorariam? Sim, elas existem. Se tais mudanças seriam necessárias para o filme se tornar algo muito melhor? Sim, de fato elas são necessárias.




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