quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

128. AS FILHAS DE MARVIN, de Jerry Zaks


A convivência como ela realmente é.
Nota: 8,5


Título Original: Marvin’s Room
Direção: Jerry Zaks
Elenco: Meryl Streep, Diane Keaton, Leonardo DiCaprio, Hume Cronyn, Robert De Niro, Gwen Verdon, Dan Hedaya, Hal Scardino, Margo Martindale
Produção: Scott Rudin, Jane Rosenthal, Robert De Niro
Roteiro: Scott McPherson (baseado em sua própria peça)
Ano:1996
Duração: 98 min.
Gênero: Drama

Há vinte anos, o patriarca Marvin adoeceu e foi necessário que suas filhas, Bessie e Lee, escolhessem entre seguir suas vidas ou ficar e cuidar do pai. Bessie escolheu ficar, mas, além de Marvin, também foi obrigada a cuida de tia Ruth. Lee continuou seu caminho sozinha, brigou com a irmã e mudou-se com o marido, com quem teve dois filhos. Agora, Bessie descobriu que está com leucemia e precisa de uma doação. A fim de ver se há possibilidade de um ser o doador, Lee viaja até a casa do pai com Charlie, seu filho mais novo, e Hank, o filho mais velho problemático que está em um Instituto para menores por ter colocado fogo na casa da família.


Desde a primeira vez que vi o longa o achei uma bela lição de vida, além disso, uma daquelas produções sobre família e as dificuldades em conviver com aquele bando de loucos iguaizinhos a você. Aqui, temos várias reflexões sobre esses temas: começamos o filme vendo Bessie descobrindo o tal câncer; logo passamos para os problemas de Lee com Hank – Charlie só está na história para fazer volume na família -, além de o jovem ter ateado fogo na casa em que eles moravam – ele estava queimando algumas fotos, das quais guardou apenas uma do pai, que está sumido -, a mãe não tem muito jeito com ele e o garoto a culpa por esse sumiço do pai, dessa forma a relação vira um caos, aliás, eles são totalmente idênticos; acrescente a isso, Bessie nunca teve filhos, mas começa a construir uma relação bem melhor com Hank do que a dele com Lee; entretanto, apesar de tudo isso, o pior mesmo é a insistência de Lee em não permanecer na casa com Marvin e Ruth caso Bessie piore e morra, tal negação traz discussões entre Lee e Bessie e deixa o clima na casa, onde todos estão hospedados, muito pesado – não é preciso dizer que em uma casa de doentes é necessário que tudo esteja bem, ou, ao menos que pareça bem. A trilha sonora do filme composta por Rachek Portman é um primor de tão bela, especialmente se tratando da letra e da música da canção tema do filme “Two Little Sisters” composta por Carly Simon e interpretada por ela e Meryl Streep.


Esse foi o primeiro filme que assisti pensando em assistir algum filme com Meryl Streep, digo, esse foi o primeiro filme que assisti como declarado fã da atriz. Se foi nesse filme que notei mesmo o quanto ela é uma atriz completa, pode-se imaginar como sua atuação seja incrível. Apesar de o filme ser simples e não ter muitas apelações para se tornar uma grande produção, a personagem de Meryl parece ser tudo aquilo o que não esperamos da atriz: ela não tem jeito com os filhos, é completamente descontrolada e não liga a mínima para o pai doente, a tia e a irmã. Diane Keaton, indicada ao Oscar pelo filme, é bem mais dramática que a personagem de Streep, talvez por Bessie estar em dúvida se está ou não com câncer ou pelo simples motivo de que ela deixou toda sua vida para trás apenas para viver e cuidar do pai e da tia. Relatar as cenas nas quais as duas nos proporcionam aquelas lendárias batalhas interpretativas entre duas atrizes fantásticas, seria o mesmo que contar a melhor parte do filme, mas é bom reparar bem na que Bessie conta a Lee sobre seu namorado de juventude (a mais tocante de todas) e a em que Lee deixa claro que não pretende ficar ali por muito tempo. Apesar da maioria das pessoas acreditar que Leonardo Di Caprio e Kate Winslet iniciaram suas carreiras com “Titanic” (1997), em ambos os casos isso é um engano, Di Caprio iniciou sua carreira, efetivamente, com “Diário de um Adolescente” (1995), filme que carregou sozinho nas costas, mas foi com “As Filhas de Marvin” que começou seus trabalhos com grandes nomes da indústria cinematográfica, já provando que conseguia levar, tranquilamente, o papel de um jovem problemático que necessita apenas do esclarecimento sobre algumas questões de sua vida.


O trio formado por Streep-Di Caprio-Keaton pode não ter nada a ver com um triângulo amoroso, mas leva a trama de forma tão, ou mais bela e convincente que qualquer trio de apaixonados. E isso se deve, justamente, ao fato de eles não estarem apaixonados uns pelos outros, ou desejarem destruir um ao outro. Tal beleza consiste no fato de serem tão humanos e normais como qualquer um de nós, consiste no fato de o amor deles e as brigas recorrentes, serem a consequência da convivência em família, a qual pode não ser fácil, mas é aí que está a magia de se ter uma família, aprender a conviver, amar e aceitar as diferenças, defeitos e qualidade. O resto é tudo figuração.


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