terça-feira, 15 de janeiro de 2013

133. (ESPECIAL OSCAR 2013) MOONRISE KINGDOM, de Wes Anderson


Wes Anderson mostra como sua loucura ainda traz grandes trabalho
Nota: 9,0


Título Original: Moonrise Kingdom
Direção: Wes Anderson
Elenco: Bruce Willis, Edward Norton, Bill Murray, Frances McDormand, Tilda Swinton, Jared Gilman, Kara Hayward
Produção: Wes Anderson, Jaremy Dawson, Stevem Rales, Scott Rudin
Roteiro: Wes Anderson e Roman Coppola
Ano: 2012
Duração: 94 min.
Gênero: Comédia / Drama

Sam é um garoto adotado e um completo excluído no acampamento de escoteiros que frequenta; Suzy é uma jovem que não tem absolutamente nada em comum com sua família e não aguenta mais ver a mãe traindo o pai. O que os dois tem em comum? Muito. Por começar seus simples 12 anos de vida, a incompreensão perante muitos fatos da sociedade, a vontade de fugir e deixar tudo para trás e viverem na costa de Moonrise Kingdon na Nova Inglaterra. Tendo em vista toda essa vida catastrófica de ambos, eles acabam se conhecendo e resolvem fugir juntos. O que eles não esperavam é que essa fuga mobilizaria toda a pequena cidade em que vivem.


Wes Anderson é um dos diretores mais controversos do cinema moderno, dentre seus principais títulos estão: “Três é Demais” (1998), “Os Excêntricos Tenenbauns” (2001) e “O Fantástico Sr. Raposo”. Apesar de “Moonrise Kingdon” parecer uma história idiota sobre duas crianças que resolvem pregar uma peça desnecessária em seus pais e fugir de casa só pra variar um pouco, o longa vai muito além disso. O que Anderson nos propõe é uma reflexão do que todos nós temos vontade de fazer várias vezes na vida: nos agarrarmos apenas ao que realmente vale a pena e fugirmos, deixando todo esse mundo insuportavelmente chato e falso para trás. Sam e Suzy representam qualquer pessoa que tenha esse desejo normal que causa tanto desespero a alguns indivídos, no caso deles, tornou-se insuportável aguentar seus pais e vidinhas medíocres e, quando pensam ter encontrado sua cara metade, eles encaram a vida com tanta maturidade e racionalidade que decidem ser mais prudente ir embora, casar e ter uma vida mais digna e feliz longe de casa. Acrescente a isso, temos aqui o melhor do estilo Wes Anderson: ao mesmo tempo o diretor e roteirista consegue nos trazer um drama bem humorado, criticando fatos da vida que, para nós, tornaram-se normais, mas que não deveriam ser, digo, uma mãe traindo seu marido não é uma coisa normal, ser infeliz por que a mulher que ama não se separa do marido para ficar contigo não é uma coisa aceitável, ser líder de escoteiros sendo infeliz por que deseja fazer mais para a sociedade é muito triste, decidir a vida de crianças e resolver o que é melhor para jovens que não se conhece chega a ser desumano, aceitar que sua mulher o traia e mande completamente em sua vida é humilhante para qualquer um. Enfim, as vidas de todos os adultos desse filme são tristes e medíocres, o que torna compreensível e nada surpreendente a decisão de Sam e Suzy. O filme é indicado ao Oscar de melhor roteiro original.


Bruce Willis simplesmente se transforma de forma inacreditável para viver o Capitão Sharp, um homem infeliz que define como uma grande meta encontrar as crianças sumidas, mas mais que isso, sua personagem se mostra um homem com um coração grande, e é aí que a atuação de Willis é tão surpreendente: durante todo o filme podemos ter certeza, por suas feições que ele não é um homem completo, mas também vemos que, de alguma forma, ele parece compreender o desejo das crianças de escapar do mundo. Edward Norton é um dos melhores atores de sua geração em real atividade, vê-lo interpretando esse líder de escoteiros frustrado é ótimo, pelo simples fato de que não se pode ser um líder de escoteiros e ser um homem plenamente feliz, entretanto, há mais sobre sua personagem: ele se sente um verdadeiro pai ou irmão mais velho para os jovens que frequentam seu acampamento, enfim, sente que é um exemplo de liderança, perseverança e personalidade a ser seguido. Bill Murray é o pai de Suzy, aquele tal homem traído pela esposa que chega a nos irritar por se humilhar para a mulher durante todo o filme, Murray é o perfeito retrato de um homem bem sucedido profissionalmente que não consegue se desvencilhar da mulher, ou seja, ele é o perfeito retrato masculino dependente, em todos os aspectos, da esposa. Frances McDormand é a esposa traíra, uma mulher confusa que não sabe muito bem o que quer da vida, que está sem rumo e não sabe para onde ir, mas que parece querer manter a sobriedade e não deixar que suas dúvidas transpareçam para o restante do mundo. Tilda Swinton faz a vez do desumano no filme, é ela a responsável pelo Serviço Social que cuida dos órfãos, basta apontar que a mulher não possui nome, sendo chamada de “Social Services” durante a trama para se ter uma idéia do quanto ela pode ser terrível.


Mas o filme não pé feito, realmente, pelos adultos, e sim pelos jovens Jared Gilman e Kara Hayward, respectivamente, o casal Sam e Suzy. Gilman é um verdadeiro desbravador, um jovem que, de fato, acredita em sua maturidade e acha possível colocar o amor de sua vida nos braços e sair mundo a fora para ser feliz; Hayward é simples e, muitas vezes um pouco seca, atribuindo uma personalidade totalmente racionalista a sua personagem, ela, por sua vez, acredita na idéia de encontra um príncipe em um cavalo branco e ser feliz com ele, onde quer que seja, da forma que seja, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, etc. E talvez seja nessa esperança de felicidade, nessa suposta inocência de Sam e Suzy, na não confirmação do quanto essa história é ou não uma realidade que está a essência desse filme, é nesse contexto que Wes Anderson confirma sua genialidade, pois consegue transformar o que podia ser uma obra de deboche em algo reflexivo e próximo de cada ser humano pensante que assistir e refletir esse filme.


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