quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

129. O RETORNO DO TALENTOSO RIPLEY, de Liliana Cavani


O assassino está de volta em sua melhor performance.
Nota: 8,0


Título Original: Ripley’s Game
Direção: Liliana Cavani
Elenco: John Malkovich, Dougray Scott, Lena Headey, Ray Winston, Uwe Mansshardt, Paolo Paoloni, Chiara Caselli, Lutz Winde
Produção: Simon Bosanquet, Ileen Maisel, Riccardo Tozzi
Roteiro: Charles McKeown, Liliana Cavani e Patricia Highsmith (romance)
Ano: 2002
Duração: 110 min.
Gênero: Thriller / Drama / Suspense

Tom Ripley, o imitador e assassino louco, vive na Itália em uma bela mansão com sua esposa inteligente, bonita e compreensível. Entretanto, um de seus antigos colegas de trabalho o procura encomendando o assassinato de um poderoso proprietário de Cassinos que vive em Berlin, na Alemanha. Todavia, Tom resolve que quem fará o tal serviço será o inocente emoldurador de quadros Jonathan, um de seus vizinhos.


Tom Ripley jamais foi uma personagem imbecil a ponto de se quer imaginar que um idiota como Trevanny pudesse cometer os crimes que deveria cometer sem fazer nenhuma bobagem, e é aí que está uma das maiores sacadas do filme: Tom não mandou o jovem para o serviço apenas por ele ser totalmente neutro e viver longe de tudo e todos, e sim por que estava na hora de Tom Ripley voltar a agir e mostrar que ele pode fazer tudo o que deseja, da forma como deseja e, ainda por cima, se safar de qualquer problema sem muito trabalho. Sempre que falo sobre Ripley, acredito que seja preciso fazer uma análise um pouco mais completa sobre a personagem, portanto, para quem já leu as demais críticas sobre os filmes dele pode parecer um pouco repetitivo, mas é necessário, porém dessa vez, devemos nos fixar na análise da imagem na qual Ripley se transformou após anos e mais anos de vida. Nesse contexto, Tom permanece um homem sóbrio, sem muito a dizer, um homem de atitudes, mas um homem mais maduro costuma fazer tudo de forma melhor e mais simples em comparação a sua juventude, Tom não é diferente, ele é ainda mais seco, sem sentimentos ou expressões de medo, angústia ou remorso pelas vidas que tira, está mais culto, inteligente, esperto e parece que a prática fez com que matar tenha se tornado algo tão normal que já está perdendo toda a graça.


Jamais pude imaginar um ator melhor para dar vida ao famoso Tom Ripley em sua idade mais avançada que John Malkovich. Além de ser um dos melhores atores do cinema, sempre foi especialista em personagens irônicas, daquelas com humor negro mesmo, sem escrúpulos algum, mas com muito a mostrar ao mundo. Seu falar fraco e lento, sua paciência e calma quando está na pele de Ripley, transformam a personagem em um dos seres mais enigmáticos das adaptações para o cinema. Dougray Scott vive o pobre Jonathan, um homem desesperado que está disposto a cometer loucuras antes de morrer para deixar sua família bem financeiramente; apesar de o ator ser fraco em comparação com Malkovich, ele consegue levar bem sua personagem, demonstrando o exato pavor de alguém que precisa matar um homem, pavor que o acompanha antes, durante e depois do assassinato. Chiara Caselli vive a esposa de Ripley, Luisa, apesar de tudo oq eu o marido faz ou fez, a luxúria exala por sua pele e ela apenas deseja ter o marido vivo, por perto e acompanhando seu sucesso profissional. Lena Headey é a esposa de Jonathan, Sarah, mesmo que a personagem seja um pouco chata em alguns momentos – sua inocência, por mais que seja pouca, irrita – a atriz traz uma mulher normal, desesperada por o marido estar morrendo e crente que ele esconde alguma coisa dela.


Tom Ripley é uma das personagens mais enigmáticas da literatura moderna, nem mesmo várias adaptações de seus filmes conseguem nos fazer entender o por que de tanta sede por morte. O fato é que, mesmo sabendo o quanto Ripley é podre por dentro, é fácil se apaixonar por ele e desejar que o mesmo saia ileso de todos os jogos que ele trama. Como o próprio título sugere, a vida de Riply é assim, um jogo. Jogo esse, que nada tem de muito diferente do que vivemos em nossa vida patética. E está aí a maior sacada de toda a história de Tom Ripley: até onde vale a pena ir por uma vida cheia de mentiras, trapaças e problemas que podem ser resolvidos com um simples toque no gatilho? 

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