O assassino está de volta em sua melhor
performance.
Nota: 8,0
Título Original: Ripley’s Game
Direção: Liliana Cavani
Elenco: John Malkovich, Dougray Scott, Lena Headey, Ray Winston, Uwe
Mansshardt, Paolo Paoloni, Chiara Caselli, Lutz Winde
Produção: Simon Bosanquet, Ileen Maisel,
Riccardo Tozzi
Roteiro: Charles McKeown, Liliana Cavani
e Patricia Highsmith (romance)
Ano: 2002
Duração: 110 min.
Gênero: Thriller / Drama / Suspense
Tom Ripley, o imitador e assassino
louco, vive na Itália em uma bela mansão com sua esposa inteligente, bonita e
compreensível. Entretanto, um de seus antigos colegas de trabalho o procura
encomendando o assassinato de um poderoso proprietário de Cassinos que vive em
Berlin, na Alemanha. Todavia, Tom resolve que quem fará o tal serviço será o
inocente emoldurador de quadros Jonathan, um de seus vizinhos.
Tom Ripley jamais foi uma personagem
imbecil a ponto de se quer imaginar que um idiota como Trevanny pudesse cometer
os crimes que deveria cometer sem fazer nenhuma bobagem, e é aí que está uma
das maiores sacadas do filme: Tom não mandou o jovem para o serviço apenas por
ele ser totalmente neutro e viver longe de tudo e todos, e sim por que estava
na hora de Tom Ripley voltar a agir e mostrar que ele pode fazer tudo o que
deseja, da forma como deseja e, ainda por cima, se safar de qualquer problema
sem muito trabalho. Sempre que falo sobre Ripley, acredito que seja preciso
fazer uma análise um pouco mais completa sobre a personagem, portanto, para
quem já leu as demais críticas sobre os filmes dele pode parecer um pouco
repetitivo, mas é necessário, porém dessa vez, devemos nos fixar na análise da
imagem na qual Ripley se transformou após anos e mais anos de vida. Nesse
contexto, Tom permanece um homem sóbrio, sem muito a dizer, um homem de
atitudes, mas um homem mais maduro costuma fazer tudo de forma melhor e mais
simples em comparação a sua juventude, Tom não é diferente, ele é ainda mais
seco, sem sentimentos ou expressões de medo, angústia ou remorso pelas vidas
que tira, está mais culto, inteligente, esperto e parece que a prática fez com
que matar tenha se tornado algo tão normal que já está perdendo toda a graça.
Jamais pude imaginar um ator melhor para
dar vida ao famoso Tom Ripley em sua idade mais avançada que John Malkovich.
Além de ser um dos melhores atores do cinema, sempre foi especialista em
personagens irônicas, daquelas com humor negro mesmo, sem escrúpulos algum, mas
com muito a mostrar ao mundo. Seu falar fraco e lento, sua paciência e calma
quando está na pele de Ripley, transformam a personagem em um dos seres mais
enigmáticos das adaptações para o cinema. Dougray Scott vive o pobre Jonathan,
um homem desesperado que está disposto a cometer loucuras antes de morrer para
deixar sua família bem financeiramente; apesar de o ator ser fraco em
comparação com Malkovich, ele consegue levar bem sua personagem, demonstrando o
exato pavor de alguém que precisa matar um homem, pavor que o acompanha antes,
durante e depois do assassinato. Chiara Caselli vive a esposa de Ripley, Luisa,
apesar de tudo oq eu o marido faz ou fez, a luxúria exala por sua pele e ela
apenas deseja ter o marido vivo, por perto e acompanhando seu sucesso
profissional. Lena Headey é a esposa de Jonathan, Sarah, mesmo que a personagem
seja um pouco chata em alguns momentos – sua inocência, por mais que seja
pouca, irrita – a atriz traz uma mulher normal, desesperada por o marido estar
morrendo e crente que ele esconde alguma coisa dela.
Tom Ripley é uma das personagens mais
enigmáticas da literatura moderna, nem mesmo várias adaptações de seus filmes
conseguem nos fazer entender o por que de tanta sede por morte. O fato é que,
mesmo sabendo o quanto Ripley é podre por dentro, é fácil se apaixonar por ele
e desejar que o mesmo saia ileso de todos os jogos que ele trama. Como o
próprio título sugere, a vida de Riply é assim, um jogo. Jogo esse, que nada
tem de muito diferente do que vivemos em nossa vida patética. E está aí a maior
sacada de toda a história de Tom Ripley: até onde vale a pena ir por uma vida
cheia de mentiras, trapaças e problemas que podem ser resolvidos com um simples
toque no gatilho?
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