A origem do maior psicopata do Século XX
merecia algo melhor.
Nota: 7,0
Título Original: Hannibal Rising
Direção: Peter Webber
Elenco: Gaspard Ulliel, Li Gong, Aaran
Thomas, Helena-Lia Tachovská, Richard Leaf, Dominic West, Rhys Ifans, Michelle
Wade, Richard Brake, Martin Hub, Kevin McKidd, Ivan Marevich
Produção: Tarak Bem Ammar, Dino De
Laurentiis, Martha de Laurentiis
Roteiro: Thomas Harris (baseado em seu
próprio romance)
Ano: 2007
Duração: 121 min.
Gênero: Drama / Thriller
Aviso: antes de ler qualquer comentário
sobre esse filme, acho bom esclarecer as ordens em que os longas sobre Hannibal
Lecter foram lançados e a ordem cronológica:
Em ordem de lançamento: “O Silêncio dos
Inocentes” (1991), “Hannibal” (2001), “Dragão Vermelho” (2004) e “Hannibal – A
Origem do Mal” (2007).
Em ordem cronológica: “Hannibal – A
Origem do Mal”, “Dragão Vermelho”, “O Silêncio dos Inocentes” e “Hannibal”.
A ordem respeitada no blog será a cronológica.
Em plena Segunda Guerra Mundial, a
família do pequeno Hannibal Lecter é obrigada a deixar seu Castelo na Alemanha
para fugir para um chalé próximo a residência oficial. Entretanto, apesar de os
pais de Hannibal acreditarem que eles estavam a salvo, oficiais chegam trazendo
inimigos e, de todos os novos habitantes do chalé, sobram Hannibal e Misha, a
irmã do futuro canibal. Para que os invasores que ali chegam sobreviverem eles
acabam matando Misha e comendo-a. Oito anos depois, os assassinos estão em suas
boas vidas, todavia, Hannibal cresceu e virou um jovem inteligente e perturbado
que busca por vingança.
Canibalismo:
ca.ni.ba.lis.mo.
sm (canibal+ismo) 1 Estado de canibais. 2 Ação de canibal. 3 Sociol Costume de comer
carne humana, às vezes como alimento, porém, mais frequentemente, para
vingar-se de um inimigo, assimilar as qualidades espirituais da vítima ou
cumprir um preceito religioso ou cerimonial; antropofagia. 4 Zool Ato pelo qual um
animal come a carne ou os ovos de qualquer outro da mesma espécie. 5 Ferocidade,
selvajaria. Tento em vista a definição para “canibalismo” do Dicionário
Michaelis de Língua Portuguesa, podemos definir a ação de Hannibal, nesse
filme, como um ato vingativo. Todavia, com o passar dos anos, Lecter vai
tomando verdadeiro gosto pelo sabor do sangue humano e pela consistência da
carne humana, logo, Hannibal passa a cometer essa selvageria por ferocidade,
por não aceitar o quanto as pessoas podem ser terríveis e desprezíveis, além
disso, obviamente, há o fator prazer, por o jovem ter ficado perturbado pela
morte dos pais e da irmã. Peter Webber ficou conhecido pela adaptação do
romance do americano Tracy Chevalier, “Moça com Brinco de Pérola” (2003) sobre
uma jovem camponesa que vai trabalhar na casa de um famoso pintor, apesar de o
filme não ser uma verdadeira obra da Sétima Arte, sua técnica foi aplaudida e
premiada. Tal técnica e beleza, Webber traz para apresentar a origem de todo a
loucura de Hannibal Lecter. Bem como a fotografia e a edição do longa, a trilha
sonora de Ilan Eshkeri e Shiregu Umebayashi, são o maior trunfo da produção. O
roteiro, que, por sinal, tem um enredo ótimo, mas abordado de forma errada, é
escrito pelo próprio criador da personagem, Thomas Harris, autor dos demais
livros da série “Hannibal”: “Dragão Vermelho” (lançado nos EUA em 1981), “O
Silêncio dos Inocentes” (1988) e “Hannibal” (1999), além da história do
assassino Michael Lender, “Domingo Sangrento” (seu debut na literatura, lançado
em 1975).
O francês Gaspard Ulliel, de “Eterno Amor” (2004), no qual
atuou ao lado de Audrey Tautou, e “Anjo da Guerra”, dirigido por André Téchiné
encara Hannibal; a frieza e a força de vontade em procurar os assassinos de
Misha e assassiná-los é tão grande e presente quanto a que vemos nos demais
filmes, onde o protagonista é vivido por Anthony Hopkins, não que Ulliel seja
tão brilhante quanto Hopkins, pois a naturalidade não está tão visível,
entretanto, o momento em que o jovem descobre o quanto o sangue e a carne
humanos são tão saborosos, é uma cena única, como o próprio personagem. Como o
pequeno Hannibal de oito anos, está a maior surpresa do longa: Aaran Thomas é
incrível, nos mostrando o quanto o garoto era normal antes de presenciar
acontecimentos tão terríveis. Li Gong está linda como a viúva do tio de
Hannibal, quando o jovem foge do orfanato (que, por sinal, estava situado em
sua antiga residência – o castelo Lecter), ele encontra fotos desse tio com a
esposa, que moravam em Paris e resolve ir até ela; mas não é apenas a beleza de
Gong que conta no longa, a atriz está muito bem no papel, sendo uma mulher
forte, decidida e determinada a ajudar sua nova paixão. Dominic West, de
“Chicago” (2002) e “300” (2006), é o inspetor Popil, um homem que se dedica a
fazer justiça, mas que acaba compreendendo o que Hannibal está fazendo, e acaba
se propondo a ajudar o garoto – não matando os outros, mas internando-o em uma
clínica -; apesar dessa idéia maluca de Popil, West mostra que o inspetor
esconde um passado triste. Os intérpretes dos assassinos de Misha são a pior
coisa no elenco do filme.
O canibalismo é uma ação sem muitas explicações óbvias, para
alguns, os demais animais o praticam por serem seres irracionais, para outros
não passa de uma questão de sobrevivência ou cultura. Mas não há motivos para
um homem estudado – ainda mais formado em medicina, como Lecter – se alimentar
de outros seres humanos, a não ser vingança, ou gosto. O maior problema é que
não é apenas o fato de degustar tal iguaria que excita Hannibal, ele sente
prazer em ver suas vítimas morrendo, gosta de comê-las enquanto elas ainda
estão vivas, sente prazer em ver a dor e o sofrimento do medo da morte. É claro
que a maior parte da população mundial em sã consciência é da opinião de que
está errado e de que é nojento comer carne humana. E não se pode discutir com
uma opinião dessas. Entretanto, existe aquela velha semelhança entre a opinião
e o gosto: cada um tem o seu, e a respeito de nenhum deles se discute.
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