sábado, 26 de janeiro de 2013

123. HANNIBAL – A ORIGEM DO MAL, de Peter Webber


A origem do maior psicopata do Século XX merecia algo melhor.
Nota: 7,0


Título Original: Hannibal Rising
Direção: Peter Webber
Elenco: Gaspard Ulliel, Li Gong, Aaran Thomas, Helena-Lia Tachovská, Richard Leaf, Dominic West, Rhys Ifans, Michelle Wade, Richard Brake, Martin Hub, Kevin McKidd, Ivan Marevich
Produção: Tarak Bem Ammar, Dino De Laurentiis, Martha de Laurentiis
Roteiro: Thomas Harris (baseado em seu próprio romance)
Ano: 2007
Duração: 121 min.
Gênero: Drama / Thriller

Aviso: antes de ler qualquer comentário sobre esse filme, acho bom esclarecer as ordens em que os longas sobre Hannibal Lecter foram lançados e a ordem cronológica:
Em ordem de lançamento: “O Silêncio dos Inocentes” (1991), “Hannibal” (2001), “Dragão Vermelho” (2004) e “Hannibal – A Origem do Mal” (2007).
Em ordem cronológica: “Hannibal – A Origem do Mal”, “Dragão Vermelho”, “O Silêncio dos Inocentes” e “Hannibal”.
A ordem respeitada no blog será a cronológica.



Em plena Segunda Guerra Mundial, a família do pequeno Hannibal Lecter é obrigada a deixar seu Castelo na Alemanha para fugir para um chalé próximo a residência oficial. Entretanto, apesar de os pais de Hannibal acreditarem que eles estavam a salvo, oficiais chegam trazendo inimigos e, de todos os novos habitantes do chalé, sobram Hannibal e Misha, a irmã do futuro canibal. Para que os invasores que ali chegam sobreviverem eles acabam matando Misha e comendo-a. Oito anos depois, os assassinos estão em suas boas vidas, todavia, Hannibal cresceu e virou um jovem inteligente e perturbado que busca por vingança.


Canibalismo: ca.ni.ba.lis.mo. sm (canibal+ismo) 1 Estado de canibais. 2 Ação de canibal. 3 Sociol Costume de comer carne humana, às vezes como alimento, porém, mais frequentemente, para vingar-se de um inimigo, assimilar as qualidades espirituais da vítima ou cumprir um preceito religioso ou cerimonial; antropofagia. 4 Zool Ato pelo qual um animal come a carne ou os ovos de qualquer outro da mesma espécie. 5 Ferocidade, selvajaria. Tento em vista a definição para “canibalismo” do Dicionário Michaelis de Língua Portuguesa, podemos definir a ação de Hannibal, nesse filme, como um ato vingativo. Todavia, com o passar dos anos, Lecter vai tomando verdadeiro gosto pelo sabor do sangue humano e pela consistência da carne humana, logo, Hannibal passa a cometer essa selvageria por ferocidade, por não aceitar o quanto as pessoas podem ser terríveis e desprezíveis, além disso, obviamente, há o fator prazer, por o jovem ter ficado perturbado pela morte dos pais e da irmã. Peter Webber ficou conhecido pela adaptação do romance do americano Tracy Chevalier, “Moça com Brinco de Pérola” (2003) sobre uma jovem camponesa que vai trabalhar na casa de um famoso pintor, apesar de o filme não ser uma verdadeira obra da Sétima Arte, sua técnica foi aplaudida e premiada. Tal técnica e beleza, Webber traz para apresentar a origem de todo a loucura de Hannibal Lecter. Bem como a fotografia e a edição do longa, a trilha sonora de Ilan Eshkeri e Shiregu Umebayashi, são o maior trunfo da produção. O roteiro, que, por sinal, tem um enredo ótimo, mas abordado de forma errada, é escrito pelo próprio criador da personagem, Thomas Harris, autor dos demais livros da série “Hannibal”: “Dragão Vermelho” (lançado nos EUA em 1981), “O Silêncio dos Inocentes” (1988) e “Hannibal” (1999), além da história do assassino Michael Lender, “Domingo Sangrento” (seu debut na literatura, lançado em 1975).


O francês Gaspard Ulliel, de “Eterno Amor” (2004), no qual atuou ao lado de Audrey Tautou, e “Anjo da Guerra”, dirigido por André Téchiné encara Hannibal; a frieza e a força de vontade em procurar os assassinos de Misha e assassiná-los é tão grande e presente quanto a que vemos nos demais filmes, onde o protagonista é vivido por Anthony Hopkins, não que Ulliel seja tão brilhante quanto Hopkins, pois a naturalidade não está tão visível, entretanto, o momento em que o jovem descobre o quanto o sangue e a carne humanos são tão saborosos, é uma cena única, como o próprio personagem. Como o pequeno Hannibal de oito anos, está a maior surpresa do longa: Aaran Thomas é incrível, nos mostrando o quanto o garoto era normal antes de presenciar acontecimentos tão terríveis. Li Gong está linda como a viúva do tio de Hannibal, quando o jovem foge do orfanato (que, por sinal, estava situado em sua antiga residência – o castelo Lecter), ele encontra fotos desse tio com a esposa, que moravam em Paris e resolve ir até ela; mas não é apenas a beleza de Gong que conta no longa, a atriz está muito bem no papel, sendo uma mulher forte, decidida e determinada a ajudar sua nova paixão. Dominic West, de “Chicago” (2002) e “300” (2006), é o inspetor Popil, um homem que se dedica a fazer justiça, mas que acaba compreendendo o que Hannibal está fazendo, e acaba se propondo a ajudar o garoto – não matando os outros, mas internando-o em uma clínica -; apesar dessa idéia maluca de Popil, West mostra que o inspetor esconde um passado triste. Os intérpretes dos assassinos de Misha são a pior coisa no elenco do filme.


O canibalismo é uma ação sem muitas explicações óbvias, para alguns, os demais animais o praticam por serem seres irracionais, para outros não passa de uma questão de sobrevivência ou cultura. Mas não há motivos para um homem estudado – ainda mais formado em medicina, como Lecter – se alimentar de outros seres humanos, a não ser vingança, ou gosto. O maior problema é que não é apenas o fato de degustar tal iguaria que excita Hannibal, ele sente prazer em ver suas vítimas morrendo, gosta de comê-las enquanto elas ainda estão vivas, sente prazer em ver a dor e o sofrimento do medo da morte. É claro que a maior parte da população mundial em sã consciência é da opinião de que está errado e de que é nojento comer carne humana. E não se pode discutir com uma opinião dessas. Entretanto, existe aquela velha semelhança entre a opinião e o gosto: cada um tem o seu, e a respeito de nenhum deles se discute.

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