O melhor de Bigelow até agora, por trazer uma história que divide tantas opiniões de forma muito clara. Polêmico
sim, desnecessário? Jamais!
Nota: 9,6
Título Original: Zero Dark Thirty
Direção: Kathryn Bigelow
Elenco: Jessica Chastain, Joel Edgerton, Chris Pratt, Jason Clarke, Reda
Kateb, Kyle Chandler, Jennifer Ehle, Harold Perrineau, Jermy Strong, J. J.
Kadel, Alexander Karim
Produção: Kathryn Bigelow, Mark Boal, Megan Ellison
Roteiro: Mark Boal
Ano: 2011
Duração: 157 min.
Gênero: Drama / Thriller / Histórico
A crítica sobre “A Hora Mais Escura” se
baseia em fatos publicados pelas mídias de todo o mundo, apesar de não
acreditar em algumas versões que são consideradas reais, não estou analisando
os acontecimentos – se foram provocados ou não pela Al-Qaeda ou por Osama Bin
Ladem, muito menos se as tais torturas mostradas no longa são ou não reais -,
estou analisando as qualidades técnicas do filme, nada além disso.
Em 11 de setembro de 2001, umas das
maiores tragédias da história da humanidade assolou todo o mundo quando a
Al-Qaeda destruiu o World Trande Center (popularmente conhecido como “As Torres
Gêmeas”). Liderados por Osama Bin Ladem, os ataques, que incluíram, além das
Torres, quatro vôos e o Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos Estados
Unidos da América, quase 3 mil pessoas foram mortas, incluindo vítimas e
seqüestradores. É claro que esses ataques tornaram a situação no Oriente Médio
com os Estados Unidos algo insustentável, o que provocou a ira dos EUA, que,
por sua vez, partiu em busca de Bin Laden como o homem mais procurado do mundo.
Resumidamente, em 2 de maio de 2011 agentes da CIA (Agência de Inteligência
Americana) noticiaram em todo o mundo que através da Operação Neptune Spear,
Osama Bin Laden havia sido encontrado e
assassinado em Abbottabad, no Paquistão.
No filme, a agente da CIA, Maya é uma
jovem mulher obcecada por encontrar e matar Osama Bin Laden, tendo em vista, a
agência a envia para o Oriente Médio para procurar pelo assassino. De forma
rápida, somos apresentados ao contexto da época, lembramos de alguns feitos da
Al-Qaeda, vemos as tentativas dos agentes da CIA torturando pessoas para chegar
a Bin Laden. Sobretudo, entretanto, somos apresentados a tal Operação Neptune
Spear, que adentrou a mansão onde OBL estava escondido, matou as pessoas que
viviam na casa, incluindo o próprio Osama e recolheu os arquivos mais importantes
antes que as forças paquistanesas, que apoiaram a invasão, chegassem no local.
A MANSÃO ONDE OSAMA BIN LADEN ESTAVA ESCONDIDO |
Kathryn Bigelow é a tão famosa ex-esposa
do diretor James Cameron, que o derrotou no Oscar há três anos com seu fraquíssimo
“Guerra ao Terror” (2008), vencedor nas categorias de melhor filme, direção,
roteiro, edição, mixagem de som e edição de som. Apesar de não gostar nem um
pouco de “Guerra ao Terror”, não apenas por sua temática, mas por ser um filme
chato, me surpreendi com “A Hora Mais Escura”, confesso, inclusive que tinha o
filme há semanas e me negava a assisti-lo por acreditar que seria tão monótono
quanto o outro longa. Eis que parece que Bigelow está se aperfeiçoando e,
apesar de não indicação ao Oscar por sua direção, o longa ganha uma dimensão
muito superior em sua qualidade da vista em 2008. Não posso deixar de falar da
polemica que cercou o longa por suas cenas de tortura – leves diga-se de
passagem -, nelas, um homem, aliado aos “vilões” da história, é submetido a
total humilhação para dar alguma pista de onde OBL pode estar escondido. Além
disso, devo destacar o feminismo na história. Em alguns momentos, confesso, que
o filme parece mais uma homenagem as mulheres que participam das guerras, que
um filme sobre a captura e a morte de um dos maiores terroristas da história.
Nesse contexto, o protagonista desse filme sobre guerras é uma mulher,
determinada e louca para pegar Bin Laden e matá-lo. Acrescente a Jessica
Chastain como protagonista e Bigelow dirigindo o longa, a financiadora do filme
é a milionária Megan Ellison e a distribuidora é a Sony Pictures, chefiada por
Amy Pascal. Para compor o roteiro, Mark Boal entrevistou militars, políticos,
autoridades da Casa Branca e funcionários da CIA. Como se não bastasse, a
mansão onde Osama estava escondido foi reproduzida em uma réplica em tamanho
real para as filmagens. E não há, portanto, como não falar a respeito da cena
maravilhosa em que OBL é morto: Bigelow mistura, sabiamente, cenas feitas com
uma câmera normal, que mostram imagens médias – está tudo escuro -, mas bem
nítidas, e uma câmera que nos traz uma ideia semelhante a da imagem vista pelos
soldado com aquelas clássicas lentes que deixam tudo verde, essa mistura se
torna algo que, além de original, são uma ótima pedida para intercalar um pouco
as formas de se filmar algo e não deixar a sequência, que tinha tudo para ser
chata, um momento cansativo. Existem duas coisas curiosas a respeito do filme:
James Cameron se interessou pela história, mas desistiu de fazer um filme sobre
os acontecimentos por estar envolvido com a sequência do filme “Avatar” (2009);
a segunda refere-se a temática da trama, pois, inicialmente o roteiro era
destinado a uma das tantas tentativas frustradas de assassinar Bin Laden, até
chegar a notícia, em março de 2012, que ele havia sido assassinado, sendo
assim, Bigelow e Boal foram forçados a começar tudo do zero e criar uma nova
história, obviamente, aproveitando várias informações a respeito do que já
havia sido feito pela CIA antes de chegarem definitivamente no terrorista.
E vamos às suas merecidícimas indicações
ao Oscar 2013: melhor filme, devido
a grande repercussão das cenas de tortura, o filme fica fora da disputa, para
mim ficaria entre os cinco melhores do ano, além disso, parece que os
americanos esqueceram toda a glorificação feita pelo longa aos capturadores do
terrorista; melhor roteiro original para
Mark Boal, apesar de ser meu favorito, acredito que Quentin Tarantino leve
por “Django Livre”, o motivo? As torturas; melhor
edição para William Goldenberg e Dylan Tichenor, apesar de ser boa, para
mim não chega nem a ser uma das cinco melhores do ano, “Lincoln”, “As aventuras
de Pi” e “Argo” são muito superiores; melhor
edição de som para Paul N. J. Ottosson, apesar de ser ótima, votaria em
“007 – Operação Skyfall”; por fim, e a mais importante, melhor atriz principal para Jessica Chastain, apesar de sua
interpretação estar convincente e ter uma cena forte onde pode se doar ao
máximo, no entanto, Naomi Watts, Emmanuelle Riva e Jennifer Lawrence estão bem
melhores e merecem o prêmio muito mais que Chastain.
Jessica Chastain, portanto, apesar de
ter uma personagem forte e decidida, acaba ficando um pouco apagada durante o
desenrolar da trama e não compreendi o porquê de todos os prêmios que a atriz
já ganhou, apesar de estar bem, saber o que deve fazer em um ou outro momento e
ter cenas fortes que lhe deram um grande destaque, não há muito que faça Chastain
merecer o Oscar. Para lembrar, Chastain atua desde 2004, entretanto, seu
destaque no cinema se deu apenas em 2011quando atuou em “A Árvore da Vida” e
“Histórias Cruzadas”, além disso, fez mais 4 filmes no mesmo ano, quatro filmes
em 2012 e tem, em sua agente, três estréias para 2013, o que significa muitos
trabalhos em pouco tempo, o que pode indicar bons trabalhos, mas sacrificando
alguns que podem ser ruins. Apesar de o filme centrar sua personagem, o resto
dele é composto por basicamente homens, com exceção de Jennifer Ehle, que
completa a parte feminina do longa como a colega de trabalho de Maya, Jessica,
uma mulher tão determinada quanto a personagem de Chastain, que desconfia de
Maya no começo, mas, depois, torna-se uma verdadeira amiga. Dentre os homens,
destaco Jason Clarke – oriundo de algumas séries e minisséries para televisão
-, o protagonista da tão falada cena de tortura, o ator chegou a ser
“torturado”, bem como o personagem que ele tortura, para sentir mais ou menos
como era aquilo, Clarke é um excelente ator coadjuvante que mostra a que veio e
não deixa suas expressões vacilarem um segundo em uma das cenas mais
importantes do filme. Além dele, temos Mark Strong – de, no mínimo, dez bons
filmes feitos na última década -, o chefe de Maya, George, um homem astuto que
tem uma das falas mais aterradoras do filme todo, mas também é ele quem divide
com Chastain as melhores cenas que acontecem das dependências da CIA no
Paquistão.
O título, traduzido livremente, seria
“Zero Escuro Trinta”, na realidade, uma expressão utilizada pelos militares
norte-americanos para designar “meia-noite” e meia, a hora mais escura para se
matar Bin Laden, sendo uma referência ao momento exato em que o terrorista foi
assassinado. Fazendo das palavras da colunista do iG, Luísa Pécora, “Bigelow
transforma ucomplexa discussão morel em um exclente filme de ação, polêmico e necessário”,
o que me faz voltar ao pequeno problema que, provavelmente tirou Bigelow da
corrida pelo Oscar de melhor direção do ano, o que chamou a atenção da maior
parte das pessoas foi a forma como a protagonista não fala ou faz nada a
respeito, nem ao menos uma fala para dizer como ela reprova tudo aquilo – eu me
satisfiz bem com as feições quando vê o homem sendo torturado. Em contra ponto
a isso, para mim, o pior fica mesmo em uma das maiores cenas do longa onde um
dos chefes do Paquistão chama a tenção de todos por não estar tendo nenhum
resultado, interpretado por Mark Strong, ele diz: “I want targets! Do your
fuking jobs, bring me people to kill”, ao pé da letra traduzido como, “Eu quero
alvos! Façam a porra de seus trabalhos, tragam-me pessoas para matar”. Não que
pessoas como Osama Bin Laden não mereçam morrer, mas não se pode esperar pelo
Oscar de melhor filme quando se pede pessoas para matar. Pois é, são os
direitos humanos e a hipocrisia dizendo o quanto está errado mostrar a verdade.
Uma pena.
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