Apesar da indiscutível beleza visual, é
muito teatral e longo demais ao contar inúmeras histórias diferentes.
Nota: 8,0
Título Original: Anna Karenina
Direção: Joe Wright
Elenco: Keira Knightley, Aaron
Taylor-Johnson, Jude Law, Matthew Macfadyen , Kelly Macdonald, Domhnall
Gleeson, Ruth Wilson, Alicia Vikander, Olivia Williams, Michelle Dockery, Emily
Watson, Holliday Grainger, Sirley Henderson, Bill Skarsgârd, Cara Devingne,
Hera Hilmar
Produção: Tim Bevan, Paul Webster, Alexander
Dostal, Liza Chasin e Alexandra Ferguson
Roteiro: Tom Stoppard e Leo Tolstoy
(romance)
Ano: 2012
Duração: 129 min.
Gênero: Drama
Anna Karenina é uma aristocrata na
Rússia no século 19 que está casada com o velho Alexei Karenin, um homem frio
que já não dá mais tanta atenção a sua esposa. Dessa forma, Anna acaba se
apaixonando perdidamente pelo conquistador Conde Vronsky, apesar de o Conde
amá-la tanto quanto ela o ama, Anna precisa decidir se quer permanecer ao lado
do filho e de Karenin, ou se quer se aventurar em uma paixão louca com Vronsky,
ao mesmo tempo em que isso acontece, o irmão de Anna, Oblonsky, e sua esposa,
Dolly, vivem uma crise conjugal por ele estar traindo a esposa. Além disso,
Konstantin Levin, amigo de Oblonsky, tenta conquistar o coração de Kitty, amiga
de Anna.
Acredito que Joe Wright seja um dos
diretores modernos mais preocupados com a estética de seus filmes. Sua carreira
no cinema se resume em sete anos (2005 – 2012), cinco filmes – “Orgulho &
Preconceito” (2005), “Desejo e Reparação” (2007), “O Solista” (2009), “Hanna”
(2011) e “Anna Karenina” – e 15 indicações ao Oscar (todas pelos seus trabalhos
ao lado de Keira Knightley, os de 2005, 2007 e “Karenina”). Apesar de achar
seus trabalhos, especialmente os com Knightley, muito bons, sendo os únicos que
a atriz está realmente bem, esse me decepcionou muito. A idéia de usar um
estilo semelhante ao de Federico Fellini em suas grandes obras não caiu bem
para esse longa, que poderia ser bem menos teatral e mais real, o que quero
dizer é que os filmes de Fellini eram incríveis, mas não possuíam nexo algum,
nem suas história malucas, muito menos a forma como o mestre as reproduzia,
entretanto, a história de Anna Karenina e toda sua trupe possui detalhes que a
tornam totalmente plausível, e talvez seja essa mistura do real (a história de
Anna) com o irreal (a forma como foi filmado) que torne o filme algo inferior
ao esperado. Além disso, os gestos e feições das personagens são tão
caracterizados e perfeitos que tudo parece um imenso espetáculo de balé.
Acrescente a isso, as principais atuações do longa são caricatas demais e
nenhum ator protagonista consegue segurar as pontas do filme ou trazer a
verdadeira essência de seu personagem. Por fim, são muitas histórias em
diferentes lugares, com diferentes pessoas para um filme tão diferenciado com
tanto tempo de duração.
Se a forma como o longa foi tratado, as
atuações de grandes estrelas do cinema e o roteiro misturar tantas histórias
são um problema, não posso dizer o mesmo sobre toda a parte artística da
produção. O longa está indicado em quatro categorias no Oscar 2013: melhor fotografia para Seamus McGarvey,
já indicado por “Desejo e Reparação”, apesar de nessa categoria ser um forte
concorrente, lutará contra filmes menos teatrais que possuem fotografias e
locais mais abertos, com pouca cor ou que chamam menos a atenção, mas mais
leves e reais; melhor figurino para
Jacqueline Durran, uma das figurinistas mais experientes do ano, para mim o
figurino mais digno de vencer o prêmio, e acredito que vença, até por que levou
o prêmio do Sindicato dos Figurinistas, a não ser que seja desbancado pela três
vezes vencedora Colleen Atwood, por “Branca de Neve e o Caçador”; melhor direção de arte, para Sarah
Greenwood e Katie Spencer, ambas indicadas a quatro Oscars e parceiras de
Wright em seus dois primeiros filmes, apesar dos grandes concorrentes, mais uma
merecida categoria; por fim, e o mais importante, melhor trilha sonora para Dario Marianelli, a trilha de Marianelli
é uma das mais belas e agradáveis dos últimos anos, trazendo características da
região onde se passa a história, apesar disso, não me parece totalmente
original e o tema principal não me é totalmente estranho, mesmo assim, acredito
ser a melhor trilha do ano, apesar de as cinco indicadas serem excelentes. Achei
a montagem do filme extremamente simpática e dentro do contexto da proposta
teatral do diretor, se fosse escolher tiraria “A Hora Mais Escura” do páreo e
daria uma chance a “Anna Karenina”
Como disse acima, apenas Wright para
fazer de Knightley uma atriz completa em seus filmes, entretanto, até mesmo ela
decepciona muito aqui. Está caricata demais, como todo o resto do elenco, faz
caras e bocas desnecessárias o tempo todo e, apesar de gostar muito da atriz,
não convence em nenhum momento o sofrimento e as angústias da personagem; como
se não bastasse, o roteiro do filme trata Anna como uma mulher cheia de
frescuras e muito chata após deixar o marido e ir viver com o amante, parece
que ela deseja que todos a compreendam, esquecendo-se da gravidade (no contexto
histórico) do que fez. Jude Law parecia estar se tornando um ótimo ator, mas
quando o vemos como o velho Alexei perdemos as esperanças de que venha a ser
aquele tipo de ator completo que faz filmes e mais filmes com algum grau de
perfeição, apesar de frio, dá a sua personagem um ar demasiadamente idiota.
Aaron Taylor-Johnson saído de, pasmem infinitas vezes, “Kick-Ass – Quebrando
Tudo” (2010) está longe de ser o galã conquistador que seu personagem deveria
ser. Os outros dois casais centrais da trama vividos por Matthew Macfadyen e
Kelly Macdonald (Oblonsky e Dolly) e Domhnall Gleeson e Alicia Vikander
(Konstantin e Kitty) tem, nos homens, o problema, pois eles são fracos demais;
e nas mulheres, duas pontinhas rápidas de leveza e naturalidade. Para deixar
tudo menos decepcionante Emily Watson e Michelle Dockery estão ótimas como a
simples Condessa Lydia e a extravagante Princessa Myagkay, respectivamente.
A história de Anna Karenina, escrita por
Leo Tolstoy entre 1875 e 1877, narra, paralelamente, os eventos que acontecem
com a protagonista e os que acontecem com Konstantin, um proprietário de terras
apaixonado por uma jovem da alta sociedade russa. Nessa adaptação, apesar dos
problemas, há a fidelidade em mostrar a beleza de se sacrificar por amor (a
ponto de preferir a morte a não poder estar com quem se ama), apesar de tudo
isso ser muito exagerado e desnecessário, o longa acaba sendo o mais belo,
esteticamente falando, do ano. Mas mais que isso, não é preciso muito para
analisar a real vontade de Tolstoy ao escrever essa história, e somente por não
se perder a ponto de esquecer esse detalhe impostantíssimo – talvez o mais
crucial de toda a adaptação - que é necessário assistir a esse filme:
permanecemos com a boa e velha crítica aos costumes exagerados, aos padrões
culturais e sociais que foram se desfazendo durante a humanidade, afinal, essa
ruptura se faz necessária por um simples motivo, ou ela acontece, ou nos vemos
em uma vida cada vez mais controlada, rotineira e, consequentemente,
desesperadora, e quem melhor para romper com padrões que não a Sétima Arte?
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