sábado, 23 de fevereiro de 2013

093. (ESPECIAL OSCAR 2013) O LADO BOM DA VIDA, de David O. Russel


Uma comédia verdadeira como não se via há muito tempo.
Nota: 9,4


Título Original: Silver Linings Playbook
Direção: David O. Russel
Elenco: Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Jacki Weaver, Chris Tucker, Anupam Kher, John Ortiz, Shea Whigham, Julia Stiles
Produção: Bruce Cohen, Donna Gigliotti, Jonathan Gordon, Bob Weinstein, Harvey Weinstein
Roteiro: David O. Russel e Matthew Quick (romance)
Ano: 2012
Duração: 121 min.
Gênero: Comédia / Drama / Romance

Patrick já é um homem beirando a casa dos trinta anos quando pega sua esposa, Nikki, tomando banho com o professor de história da escola onde trabalham, e, para piorar, os dois estavam ouvindo a música do casamento de Pat e Nikki. Frente ao ataque de fúria que Patrick tem ao ver a cena, acaba sendo internado em um hospital psiquiátrico. Oito meses depois, Patrick sai do hospital pronto para reconquistar Nikki e voltar a ser feliz em sua vida de casado, entretanto, Nikki não está tão disposta a recebê-lo de volta e o encontro com a bela – e também perturbada – Tiffany, fará com que tudo vire de cabeça para baixo.


David O. Russel ganhou espaço no cinema com o longa “O Vencedor” (2010), que foi indicado aos Oscars de melhor filme, direção, roteiro, edição e atriz coadjuvante (Amy Adams) e vencedor nas categorias de melhor ator coadjuvante (Christian Bale) e de melhor atriz coadjuvante (Melissa Leo). A simplicidade e naturalidade com a qual o diretor tratou o longa de 2010 também está presente em “O Lado Bom da Vida”. Cada personagem é um ser humano normal, sem muitas riquezas ou pobrezas, são todos pessoas tentado ganhar a vida a seu próprio modo, mas que precisam enfrentar problemas tão reais quanto os que qualquer outro ser humano deve enfrentar para ter uma vida digna. Patrick, por exemplo, precisa enfrentar o fato de ter sido traído por sua esposa, além disso, é sabido da necessidade de um doente aceitar seus problemas para se tratar e, ao sair do hospital, é bem o contrário que ocorre com Pat. Nesse contexto, não podemos deixar de observar as atitudes do pai de Patrick: um homem estressado que precisa tanto quanto o filho de auxílio psiquiátrico, pois seus pequenos vícios e suas atitudes agressivas estão entre os agentes externos que provocaram o estouro de emoções que descontrolou Patrick. Além disso, a relação entre Patrick e seu pai não é das melhores, pois os dois convivem pouco e, apesar de serem muito parecidos e terem gostos semelhantes, são distantes por serem, ambos, orgulhosos e não admitirem que é preciso uma aproximação. A trilha sonora do longa é composta por Danny Elfman, e é aqui que ele nos mostra o quanto pode ser flexível, deixando  títulos como “A Fantástica Fábrica de Chocolates” (2005), “Chicago” (2002) e “Dragão Vermelho” (2002) de lado e retomando um estilo mais descontraído e simples como o visto em “Milk – A Voz da Igualdade” (2008), “Um Homem de Família” (2000) e “Em Qualquer Outro Lugar” (1999) ; esse ano o compositor ainda esteve nos indicados ao Oscar “Franenweenie” (melhor animação – 2012) e “Hitchcock” (melhor maquiagem – 2012).


As indicações ao Oscar foram uma grande surpresa em algumas categorias para alguns: melhor filme, nenhuma surpresa, afinal, há a possibilidade de dez filmes serem indicados, mesmo sendo uma comédia, ela passa tranquilamente pelo estilo “cult”, o qual a academia parece estar reconhecendo esse ano para fazer uma média, acrescente a isso a indicação de melhor direção o torna um grande favorito; melhor direção para David O. Russel, apesar de parecer certo que Steven Spielberg vença na categoria, acredito que Russel seja o maior concorrente ao seu lado; melhor ator para Bradley Cooper, talvez a maior surpresa do ano, para mim, tendo em vista os filmes que Cooper vem realizando nos últimos anos, estava na hora de conseguir um papel mais sério e importante, o prêmio, mais uma vez, está destinado a “Lincoln” (2012) que tem como indicado o inglês Daniel Day-Lewis, mas, como na categoria citada anteriormente, o maior concorrente de Lewis é Cooper; melhor atriz para Jennifer Lawrence, grande concorrente na disputa, mas a concorrência está acirrada, acredito que fique ente ela e Jessica Chastain, a não ser que a academia resolva fazer uma grande média e honre Emmanuelle Riva por “Amor” (2012); melhor ator coadjuvante para Robert De Niro, após alguns filmes chatos e indignos do talento do veterano, eis um papel a altura de tal ator, apesar de o prêmio estar quase certo para Christoph Waltz, torcerei mais por De Niro, já que Waltz venceu o prêmio em 2009, contra De Niro, que teve sua última indicação há mais de vinte anos, e levando o prêmio em 1981; melhor atriz coadjuvante para Jacki Weaver, o prêmio está entre Anne Hathaway e Sally Field, mas se Weaver vencer será muito merecido, Weaver voltou com tudo no cinema em 2010 com “Reino Animal”, filme que rendeu a primeira indicação da atriz ao Oscar; melhor roteiro adaptado para Russel, talvez uma das categorias mais incertas, por possuir tantos indicados excelentes, acredito que o vencedor será “Argo” (2012); e melhor edição para Jay Cassidy e Crispin Struthers, apesar de ser uma comédia, a indicação é, realmente, merecida, mas, tendo em vista os demais filmes serem dramas épicos ou terem mais ação e suspense, não há chances de vencer nessa categoria.


 Bradley Cooper, como apontei, vinha mostrando que tinha um grande potencial a ser descoberto, bastava um papel mais inteligente que exigisse mais preparação e trabalho em cena, o que temos aqui é algo cem por cento diferente do visto em “Se Beber, Não Case!” (2009) e sua continuação (2011), apesar de, ambos os personagens terem conotações infantis, um deles (“Se Beber...”) apenas não cresceu, o outro está sofrendo de problemas psicológicos, e é aí que se concentra o maior trunfo da interpretação de Cooper, pois Pat se torna um homem digno de pena, não por estar na situação que está, mas por pensar que está melhor e desejar que sua vida volte ao normal, mesmo que ela esteja uma bagunça. Jennifer Lawrence era apenas uma jovem atriz de vinte anos quando foi indicada, pela primeira vez, em 2011 pelo longa “Inverno da Alma” (2010), daí por diante foram sete filmes lançados em dois anos e mais três em produção; no longa, Lawrence vive Tiffany, uma jovem viúva que já estava perturbada antes do marido morrer atropelado, quando o acidente aconteceu, ela enlouqueceu de vez, transou com todos os seus colegas de trabalho e teve sua vida reduzida a morar na garagem reformada da casa dos pais, ao conhecer Pat, Tiffany dá uma volta por cima e mostra como uma mulher com problemas tenta voltar a ter uma vida normal, se o trunfo de Cooper é essa infantilidade e a fraqueza de pessoas com problemas psicológicos, o de Lawrence é exatamente o mesmo. Já o melhor da personagem de De Niro é justo o fator de ele ser tão violento quanto o filho, mas um pouco mais controlado, além disso, o homem ama seu filho e deseja reatar laços que talvez nunca tenham existido, mas não sabe como fazê-lo. Dolores, personagem de Weaver, por outro lado, tem laços grandes com o filho, amando-o incondicionalmente, e, para Weaver, é exatamente esse o trunfo para sua atuação ser tão bela: não há nada mais que possamos ver nas expressões da atriz, que não seja amor.


Bradley Cooper e Jennifer Lawrence nos apresentam duas personagens tão normais quanto qualquer um de nós, e mais, o fazem de forma inacreditavelmente respeitável. Além deles, todo o resto do elenco compõe uma sociedade normal, como a de qualquer ser humano que vá assistir a esse filme, são pais, mães, amigos, irmãos que, por vezes, acabam mal tratando e ferindo os sentimentos de seus próximos, não por diversão, mas por que errar é humano. Mais humano ainda, é ver as diferenças e defeitos de quem está próximo e aceitar tudo isso, fazendo o possível para ajudar os amigos ou familiares a ultrapassar os obstáculos que a vida coloca em nossa frente. Afinal, a vida e os destinos só fazem isso para nos engrandecer, mostrar a nós mesmos do que somos capazes, nos fazer enxergar o quanto estamos despreparados, e, vendo isso, buscar pela mudança, buscar melhorar não apenas por nós mesmos, mas por todos a nossa volta. Provando, dessa forma, a nós e nossos próximos do que somos, realmente, capazes. “O Lado Bom da Vida”, no final das contas, nos apresenta exatamente isso: em meio aos problemas, diferenças, dúvidas, medos e agressões que sofremos em nosso dia-a-dia, nada melhor que olhar bem para os lados e procurar algo de engraçado, algo bonito, algo que valha a pena viver, nada melhor que procurar o lado bom de tudo o que nos é oferecido pela vida.


PRÊMIOS DOS SINDICATOS EM 2013 (RUMO AO OSCAR 2013 AMANHÃ):

PRODUCERS GUILD AWARDS 2013 (Prêmio do Sindicato dos Produtores)
Melhor Filme: Argo
Melhor Filme de Animação: Detona-Ralph
Melhor Documentário: Searching For Sugar Man

ART DIRECTORS GUILD AMERICA 2013 (Prêmio do Sindicato dos Diretores de Arte)
Filme de Época: Anna Karenina
Filme de Fantasia: As Aventuras de Pi
Filme Contemporâneo: 007 – Operação Skyfall

DIRECTORS GUILD OF AMERICA 2013 (Prêmio do Sindicato dos Diretores)
Melhor Direção em ficção: Ben Affleck, por Argo
Melhor Direção em Documentário: Malik Bendjelloul, por Searching for Sugar Man

WRITERS GUILD OF AMERICA 2013 (Prêmio do Sindicato dos Roteiristas)
Roteiro Original: Mark Boal, por A Hora Mais Escura
Roteiro Adaptado: Chris Terrio, por Argo
Roteiro para Documentário: Malik Bendjelloul, por Searching for Sugar Man

MOTION PICTURES SOUD EDITORS AWARDS 2013 (Prêmio do Sindicato dos Editores de Som)
Melhor Edição de Som - Música em um Filme: As Aventuras de Pi
Melhor Edição de Som - Musical em um Musical: Os Miseráveis
Melhor Edição de Som - Diálogo em um Filme: As Aventuras de Pi
Melhor Edição de Som – Efeitos Sonoros em um Filme: 007 – Operação Skyfall
Melhor Edição de som – Efeitos Sonoros e Diálogos em um Filme de Animação: Detona Ralph
Melhor Edição de Som – Efeitos Sonoros e Diálogos em um filme de Língua Estrangeira: Ferrugem e Osso (França)
Melhor Edição de Som – Efeitos Sonoros, Diálogos e Música em um Filme Documetário: Last Call At The Oasis

AMERICAN CINEMA EDITORS AWARDS 2013 (Prêmio do Sindicato dos Editores)
Melhor Edição em Filme Drama: Argo, de William Goldenberg, A. C. E.
Melhor Edição em Filme Comédia ou Musical: O Lado Bom da Vida, de Jay Cassidy, A. C. E. e Chrispin Struthers
Melhor Edição em Filme Animação: Valente, de Nicholas C. Smith, A. C. E. e Robert Grahamjones, A. C. E.
Melhor Edição em Filme Documentário: Searching for Sugar Man, de Malik Bendjelloul

CINEMA AUDIO SOCIETY AWARDS 2013
Melhor Filme: Os Miseráveis
Melhor Filme de Animação: Valente
  
COSTUME DESIGNERS GUILD AWARDS 2013
Melhor Figurino de Época: Anna Karenina, de Jacqueline Durran
Melhor Figurino Fantasia: Espelho, Espelho Meu, de Eiko Ishioka
Melhor Figurino Contemporâneo: 007 – Operação Skyfall, de Jany Temime


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