Uma comédia verdadeira como não se via
há muito tempo.
Nota: 9,4
Título Original: Silver Linings Playbook
Direção: David O. Russel
Elenco: Bradley Cooper, Jennifer
Lawrence, Robert De Niro, Jacki Weaver, Chris Tucker, Anupam Kher, John Ortiz,
Shea Whigham, Julia Stiles
Produção: Bruce Cohen, Donna Gigliotti, Jonathan Gordon, Bob Weinstein,
Harvey Weinstein
Roteiro: David O. Russel e Matthew Quick
(romance)
Ano: 2012
Duração: 121 min.
Gênero: Comédia / Drama / Romance
Patrick já é um homem beirando a casa
dos trinta anos quando pega sua esposa, Nikki, tomando banho com o professor de
história da escola onde trabalham, e, para piorar, os dois estavam ouvindo a
música do casamento de Pat e Nikki. Frente ao ataque de fúria que Patrick tem
ao ver a cena, acaba sendo internado em um hospital psiquiátrico. Oito meses
depois, Patrick sai do hospital pronto para reconquistar Nikki e voltar a ser
feliz em sua vida de casado, entretanto, Nikki não está tão disposta a recebê-lo
de volta e o encontro com a bela – e também perturbada – Tiffany, fará com que
tudo vire de cabeça para baixo.
David O. Russel ganhou espaço no cinema
com o longa “O Vencedor” (2010), que foi indicado aos Oscars de melhor filme,
direção, roteiro, edição e atriz coadjuvante (Amy Adams) e vencedor nas
categorias de melhor ator coadjuvante (Christian Bale) e de melhor atriz
coadjuvante (Melissa Leo). A simplicidade e naturalidade com a qual o diretor
tratou o longa de 2010 também está presente em “O Lado Bom da Vida”. Cada
personagem é um ser humano normal, sem muitas riquezas ou pobrezas, são todos
pessoas tentado ganhar a vida a seu próprio modo, mas que precisam enfrentar
problemas tão reais quanto os que qualquer outro ser humano deve enfrentar para
ter uma vida digna. Patrick, por exemplo, precisa enfrentar o fato de ter sido
traído por sua esposa, além disso, é sabido da necessidade de um doente aceitar
seus problemas para se tratar e, ao sair do hospital, é bem o contrário que
ocorre com Pat. Nesse contexto, não podemos deixar de observar as atitudes do
pai de Patrick: um homem estressado que precisa tanto quanto o filho de auxílio
psiquiátrico, pois seus pequenos vícios e suas atitudes agressivas estão entre
os agentes externos que provocaram o estouro de emoções que descontrolou
Patrick. Além disso, a relação entre Patrick e seu pai não é das melhores, pois
os dois convivem pouco e, apesar de serem muito parecidos e terem gostos
semelhantes, são distantes por serem, ambos, orgulhosos e não admitirem que é
preciso uma aproximação. A trilha sonora do longa é composta por Danny Elfman,
e é aqui que ele nos mostra o quanto pode ser flexível, deixando títulos como “A Fantástica Fábrica de
Chocolates” (2005), “Chicago” (2002) e “Dragão Vermelho” (2002) de lado e
retomando um estilo mais descontraído e simples como o visto em “Milk – A Voz
da Igualdade” (2008), “Um Homem de Família” (2000) e “Em Qualquer Outro Lugar”
(1999) ; esse ano o compositor ainda esteve nos indicados ao Oscar
“Franenweenie” (melhor animação – 2012) e “Hitchcock” (melhor maquiagem –
2012).
As indicações ao Oscar foram uma grande
surpresa em algumas categorias para alguns: melhor filme, nenhuma surpresa, afinal, há a possibilidade de dez
filmes serem indicados, mesmo sendo uma comédia, ela passa tranquilamente pelo
estilo “cult”, o qual a academia parece estar reconhecendo esse ano para fazer
uma média, acrescente a isso a indicação de melhor direção o torna um grande
favorito; melhor direção para David O.
Russel, apesar de parecer certo que Steven Spielberg vença na categoria,
acredito que Russel seja o maior concorrente ao seu lado; melhor ator para Bradley
Cooper, talvez a maior surpresa do ano, para mim, tendo em vista os filmes
que Cooper vem realizando nos últimos anos, estava na hora de conseguir um
papel mais sério e importante, o prêmio, mais uma vez, está destinado a
“Lincoln” (2012) que tem como indicado o inglês Daniel Day-Lewis, mas, como na
categoria citada anteriormente, o maior concorrente de Lewis é Cooper; melhor atriz para Jennifer Lawrence, grande concorrente na disputa, mas a
concorrência está acirrada, acredito que fique ente ela e Jessica Chastain, a
não ser que a academia resolva fazer uma grande média e honre Emmanuelle Riva
por “Amor” (2012); melhor ator
coadjuvante para Robert De Niro, após alguns filmes chatos e indignos do
talento do veterano, eis um papel a altura de tal ator, apesar de o prêmio
estar quase certo para Christoph Waltz, torcerei mais por De Niro, já que Waltz
venceu o prêmio em 2009, contra De Niro, que teve sua última indicação há mais
de vinte anos, e levando o prêmio em 1981; melhor
atriz coadjuvante para Jacki Weaver, o prêmio está entre Anne Hathaway e
Sally Field, mas se Weaver vencer será muito merecido, Weaver voltou com tudo
no cinema em 2010 com “Reino Animal”, filme que rendeu a primeira indicação da
atriz ao Oscar; melhor roteiro adaptado
para Russel, talvez uma das categorias mais incertas, por possuir tantos
indicados excelentes, acredito que o vencedor será “Argo” (2012); e melhor edição para Jay Cassidy e Crispin
Struthers, apesar de ser uma comédia, a indicação é, realmente, merecida,
mas, tendo em vista os demais filmes serem dramas épicos ou terem mais ação e
suspense, não há chances de vencer nessa categoria.
Bradley Cooper, como apontei, vinha mostrando
que tinha um grande potencial a ser descoberto, bastava um papel mais inteligente
que exigisse mais preparação e trabalho em cena, o que temos aqui é algo cem
por cento diferente do visto em “Se Beber, Não Case!” (2009) e sua continuação
(2011), apesar de, ambos os personagens terem conotações infantis, um deles
(“Se Beber...”) apenas não cresceu, o outro está sofrendo de problemas
psicológicos, e é aí que se concentra o maior trunfo da interpretação de Cooper,
pois Pat se torna um homem digno de pena, não por estar na situação que está,
mas por pensar que está melhor e desejar que sua vida volte ao normal, mesmo
que ela esteja uma bagunça. Jennifer Lawrence era apenas uma jovem atriz de
vinte anos quando foi indicada, pela primeira vez, em 2011 pelo longa “Inverno
da Alma” (2010), daí por diante foram sete filmes lançados em dois anos e mais
três em produção; no longa, Lawrence vive Tiffany, uma jovem viúva que já
estava perturbada antes do marido morrer atropelado, quando o acidente
aconteceu, ela enlouqueceu de vez, transou com todos os seus colegas de
trabalho e teve sua vida reduzida a morar na garagem reformada da casa dos
pais, ao conhecer Pat, Tiffany dá uma volta por cima e mostra como uma mulher
com problemas tenta voltar a ter uma vida normal, se o trunfo de Cooper é essa
infantilidade e a fraqueza de pessoas com problemas psicológicos, o de Lawrence
é exatamente o mesmo. Já o melhor da personagem de De Niro é justo o fator de
ele ser tão violento quanto o filho, mas um pouco mais controlado, além disso,
o homem ama seu filho e deseja reatar laços que talvez nunca tenham existido,
mas não sabe como fazê-lo. Dolores, personagem de Weaver, por outro lado, tem
laços grandes com o filho, amando-o incondicionalmente, e, para Weaver, é
exatamente esse o trunfo para sua atuação ser tão bela: não há nada mais que
possamos ver nas expressões da atriz, que não seja amor.
Bradley Cooper e Jennifer Lawrence nos
apresentam duas personagens tão normais quanto qualquer um de nós, e mais, o
fazem de forma inacreditavelmente respeitável. Além deles, todo o resto do
elenco compõe uma sociedade normal, como a de qualquer ser humano que vá
assistir a esse filme, são pais, mães, amigos, irmãos que, por vezes, acabam
mal tratando e ferindo os sentimentos de seus próximos, não por diversão, mas
por que errar é humano. Mais humano ainda, é ver as diferenças e defeitos de
quem está próximo e aceitar tudo isso, fazendo o possível para ajudar os amigos
ou familiares a ultrapassar os obstáculos que a vida coloca em nossa frente.
Afinal, a vida e os destinos só fazem isso para nos engrandecer, mostrar a nós
mesmos do que somos capazes, nos fazer enxergar o quanto estamos despreparados,
e, vendo isso, buscar pela mudança, buscar melhorar não apenas por nós mesmos,
mas por todos a nossa volta. Provando, dessa forma, a nós e nossos próximos do
que somos, realmente, capazes. “O Lado Bom da Vida”, no final das contas, nos
apresenta exatamente isso: em meio aos problemas, diferenças, dúvidas, medos e
agressões que sofremos em nosso dia-a-dia, nada melhor que olhar bem para os
lados e procurar algo de engraçado, algo bonito, algo que valha a pena viver,
nada melhor que procurar o lado bom de tudo o que nos é oferecido pela vida.
PRÊMIOS DOS SINDICATOS EM 2013 (RUMO AO OSCAR 2013 AMANHÃ):
PRODUCERS
GUILD AWARDS 2013 (Prêmio do Sindicato dos Produtores)
Melhor
Filme: Argo
Melhor
Filme de Animação: Detona-Ralph
Melhor
Documentário: Searching For Sugar Man
ART
DIRECTORS GUILD AMERICA 2013 (Prêmio do Sindicato dos Diretores de Arte)
Filme
de Época: Anna Karenina
Filme
de Fantasia: As Aventuras de Pi
Filme
Contemporâneo: 007 – Operação Skyfall
DIRECTORS
GUILD OF AMERICA 2013 (Prêmio do Sindicato dos Diretores)
Melhor
Direção em ficção: Ben Affleck, por Argo
Melhor
Direção em Documentário: Malik Bendjelloul, por Searching for Sugar Man
WRITERS
GUILD OF AMERICA 2013 (Prêmio do Sindicato dos Roteiristas)
Roteiro
Original: Mark Boal, por A Hora Mais Escura
Roteiro
Adaptado: Chris Terrio, por Argo
Roteiro
para Documentário: Malik Bendjelloul, por Searching for Sugar Man
MOTION PICTURES
SOUD EDITORS AWARDS 2013 (Prêmio do Sindicato dos Editores de Som)
Melhor
Edição de Som - Música em um Filme: As Aventuras de Pi
Melhor
Edição de Som - Musical em um Musical: Os Miseráveis
Melhor
Edição de Som - Diálogo em um Filme: As Aventuras de Pi
Melhor
Edição de Som – Efeitos Sonoros em um Filme: 007 – Operação Skyfall
Melhor
Edição de som – Efeitos Sonoros e Diálogos em um Filme de Animação: Detona
Ralph
Melhor
Edição de Som – Efeitos Sonoros e Diálogos em um filme de Língua Estrangeira:
Ferrugem e Osso (França)
Melhor
Edição de Som – Efeitos Sonoros, Diálogos e Música em um Filme Documetário:
Last Call At The Oasis
AMERICAN
CINEMA EDITORS AWARDS 2013 (Prêmio do Sindicato dos Editores)
Melhor
Edição em Filme Drama: Argo, de William Goldenberg, A. C. E.
Melhor
Edição em Filme Comédia ou Musical: O Lado Bom da Vida, de Jay Cassidy, A. C.
E. e Chrispin Struthers
Melhor
Edição em Filme Animação: Valente, de Nicholas C. Smith, A. C. E. e Robert
Grahamjones, A. C. E.
Melhor
Edição em Filme Documentário: Searching for Sugar Man, de Malik Bendjelloul
CINEMA
AUDIO SOCIETY AWARDS 2013
Melhor
Filme: Os Miseráveis
Melhor
Filme de Animação: Valente
COSTUME
DESIGNERS GUILD AWARDS 2013
Melhor
Figurino de Época: Anna Karenina, de Jacqueline Durran
Melhor
Figurino Fantasia: Espelho, Espelho Meu, de Eiko Ishioka
Melhor
Figurino Contemporâneo: 007 – Operação Skyfall, de Jany Temime
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