sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

114. BATMAN - O CAVALEIRO DAS TREVAS, de Christopher Nolan


O melhor filme do gênero na história do cinema.
Nota: DEZ


Título Original: The Dark Knight
Direção: Christopher Nolan
Elenco: Christian Bale, Heath Ledger, Aaron Eckhart, Michael Caine, Gary Oldman, Morgan Freeman, Maggie Gyllenhaal
Produção: Christopher Nolan, Emma Thomas, Charles roven, Lorne Orleans
Roteiro: Christopher Nolan, Jonathan Nolan, David S. Goyer e Bob Kane (quadrinhos)
Ano: 2008
Duração: 152 min.
Gênero: Drama / Ação / Thriller

Enquanto o jovem promotor Harvey Dent inicia a tão sonhada limpa dos criminosos da maior cidade do mundo, Gothan City, os mafiosos planejam sua morte, armam para que o agente Gordon não pegue o dinheiro deles e continuam manipulando toda a cidade. Para piorar, um novo criminoso está à solta, como se não bastasse, Coringa – como o homem gosta de ser chamado -, não é comandado pela máfia ou pelos políticos corruptos, e sim, por sua própria mente insana e depravada. Agora, a polícia terá de admitir Batman como um heroi, e pedir sua ajuda na luta contra o Coringa, antes que seja tarde demais.


Após o sucesso de “Batman Begins”, era, simplesmente impossível, imaginar que não viriam mais filmes sobre o Homem Morcego, nossa sorte, é que a equipe de produção, o elenco, os roteiristas e a direção continuaram os mesmos e tivemos, contra quase todos os credos da indústria cinematográfica, o melhor filme da trilogia de Nolan. Digo isso, por que, primeiramente, sequências não costumam ser bons filmes, geralmente elas são uma catástrofe ou, na melhor das hipóteses, se equiparam ao filme de origem, além disso, o terceiro longa da série foi esperado por todos, e a esperança acerca do mesmo lhe deixou em desvantagem. É difícil comparar um filme com o outro, mas, o grande trunfo de Nolan aqui é um dos maiores vilões da história do cinema e, sem dúvida, o melhor vilão do Século XXI. Em “Batman Begins” conferimos os motivos que levaram Bruce Wayne a se tornar “Batman”, descobrimos porque o símbolo do heroi é um morcego, compreendemos as razões pelas quais Wayne luta por Gotham City, uma cidade, aparentemente, há muito perdida para os mafiosos e ladrões baratos e confrontamos algumas características da vida pessoal de Bruce, vendo que, umas o derrotam, e outras o elevam a um grande homem, mas um homem normal, que anseia por poder passar sua vida ao lado de quem ama. Nessa sequência, apenas esse tal amor volta a ser visto com alguma relevância – além, é claro, dos inesquecíveis Alfred (o mordomo de Wayne, e, mais que um empregado, a única pessoa que o conhece por completo), Lucius Fox (outra herança do pai de Bruce, o homem que cuida de todos os negócios relacionados ao heroi) e o policial Gordon (aqui ele virá a ser o comissário Gordon, uma das figuras mais importantes e características da trilogia) – o resto em volta de Wayne acaba mudando de forma drástica, como aconteceria no terceiro filme da trilogia. A esplendida trilha sonora do longa é de Hans Zimmer e James Newton Howard. Para se ter uma vaga idéia do quanto ambos são excelentes em seus trabalhos anteriores ou posteriores a esse, cito alguns que fizeram, separadamente, que possuem algum teor mais semelhante ao trabalho que podemos conferir nesse filme: Hans Zimmer compôs para longas como, “Hannibal” (2001), “Rei Arthur” (2004), “Piratas do Caribe: O Baú da Morte” (2006), “Sherlock Holmes” (2009) e “A Origem” (2010); já James Newton Howard, assinou filmes como, “A Intérprete” (2005), “Conduta de Risco” (2007), “Jogos do Poder” (2007), “O Legado Bourne” (2012) e “Jogos Vorazes” (2012). Ambos são os compositores de “Batman Begins”, curiosamente, e isso foi visto no filme anterior e se repetiria no longa lançado em 2012, “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, a trilha sonora do longa parece perfeita vista no filme, as músicas acompanham os movimentos dos personagens com precisão e não há um tema sequer que não se encaixe no personagem para o qual ele foi escrito, todavia, ouvi-la sem ser no filme pode parecer algo estranho, na realidade, acabará se tornando, com o tempo, algo estranhamente agradável.


Christian Bale lidera o elenco como Bruce Wayne/Batman, há pouco a ser dito sobre sua interpretação que eu já não tenha falado na crítica do último filme da trilogia, mas volto a lembrar que ele é o melhor intérprete de todos na pele do heroi, aqui, ele está mais maduro e consciente dos bônus e dos ônus de ser o Homem Morcego e ajudar a todos em Gothan, para mim, essa é a melhor performance do ator encarando Batman. Ao lado de Bale, o vencedor do Oscar de melhor atuação coadjuvante pelo papel brilhante do Coringa, está Heath Ledger, que era um dos melhores atores da época, já era adorado pelo público jovem pela comédia romântica “10 Coisas que eu Odeio em Você” (1999), mas foi em 2006 que ganhou a crítica como o cowboy homossexual em “O Segredo de Brokeback Mountain”, com o qual foi indicado ao Oscar. Apesar de ter morrido antes de o filme ser lançado, foi com o Coringa que o ator foi imortalizado (e foi com o mesmo personagem que elevou o longa a um dos melhores dos últimos anos), vencendo, além do Oscar, dezenas de prêmios e nos proporcionando uma das atuações mais ricas de um vilão vistas na história do cinema, trazendo uma construção perfeita de um homem perturbado, com trejeitos e modos de falar, andar e agir próprios. Aaron Eckhart é Harvey Dent, posteriormente “Duas Caras”, o alter ego do promotor que colocou dezenas de corruptos e bandidos na cadeia, como Dent, Eckhart está simples, apesar de apresentar um homem forte e decidido, ele não tem muito o que mostrar, mas quando sofre um atentado e se torna o perigoso “Duas Caras”, o ator mostra o quanto pode ser competente – falar mais sobre a personagem seria estragar boas surpresas do desfecho do filme, portanto, me reservo ao direito de parar por aqui. A troca de Katie Holmes por Maggie Gyllenhaal no papel de Rachel Dawes, o amor do passado de Wayne e o atual amor de Dent, não foi uma escolha nada feliz, provavelmente convidaram Holmes para voltar ao filme, todavia, devido ao casamento com Tom Cruise, ela “teve” de recusar. Gary Oldman é o policial Gordon que, nesse filme se torna o inesquecível Comissário Gordon, o ator traz, novamente, um homem racional, apegado a família e bem resolvido quanto a não ser corrompido pelos bandidos. Os mais que veteranos Michael Caine e Morgan Freeman vivem, respectivamente, o mordomo Alfred e o diretor das empresas de Wayne, Lucius Fox, há pouco a ser dito sobre ambos, além de que, como de costume, estão excelentes.


O Coringa criado pelos irmãos Nolan e por Heath Ledger é um personagem cheio de contornos, possibilitando diversas interpretações para seus atos, prova disso são as diversas histórias que o vilão conta sobre suas cicatrizes – algumas envolvem um pai bêbado, outras uma esposa ingrata -, todas carregadas de sofrimento e dor, mas tratadas pelo palhaço com muita ironia e desdém. E é nessa ironia que consiste uma das maiores facetas do Coringa: sua fantasia e maquiagem não nos lembram palhaços por qualquer motivo idiota, nos lembram um palhaço pois o homem faz piada de tudo o que o cerca, sem deixar escapar um comentário maldoso ou desnecessário. Segundo alguns comentários, daqueles terríveis que deveriam ficar apenas no set de gravações, Ledger enlouqueceu encarando o Coringa, o que o teria levado ao suicídio. Quanto a Batman, ou Bruce Wayne, ele permanece um homem forte que tenta driblar seus medos para fazer o melhor que pode para a sociedade, nesse filme ele parece mais maduro e nos mostra uma nobreza surreal quando é confrontado com a decisão de fazer o melhor por Gothan – o que destruiria, de vez, com a reputação do heroi criado por ele -, ou fazer o que qualquer homem que deseja permanecer no topo faria. Além desses dois homens inconfundíveis e incomparáveis, temos Harvey Dent, que mais tarde viria a se tornar o “Duas Caras”, no final das contas, tudo o que Dent desejou na vida foi matar cada um dos homens que prendeu, foi aniquilar todos aqueles que lhe fizeram mal ou machucaram o povo da cidade que ama, o problema é quando esse mostro vingativo que todos temos dentro de nós resolve sair e mostrar suas garras.  Por fim, nada mais justo que dizer que este é o melhor filme já feito sobre Batman, e tudo isso, por um simples motivo: ninguém poderá superar a grandiosidade de Heath Ledger como O Coringa, pois, todos nos identificamos um pouco com ele, afinal, todos temos um vilão debochado dentro de nós, esperando a deixa e pronto para deixar de lado a seriedade, e sorrir.




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