Um filme brasileiro para agradar a
todos.
Nota: 9,2
Título Original: 2 Coelhos
Direção: Afonso Poyart
Elenco: Fernando Alves Pinto, Alessandra
Negrini, Caco Ciocler, Roberto Marchese, Carol Miranda, Aldine Muller, Marat Descartes,
Djair Guilherme, Robson Nunes, Amanda Banffsy, Norival Rizzo, Angela Sbrina
Boing Boig Sabrina, Thaíde, Thogun, Afonso Poyart e Neco Villa Lobos
Produção: Angela Farinello, Rosana Oda,
Afonso Poyart e Christiano Sensi
Roteiro: Afonso Poyart e Izaías Amalda
Ano: 2012
Duração: 108 min.
Gênero: Ação / Comédia
Edgar volta dos Estados Unidos após uma
temporada naquele país, o motivo: atropelou e matou uma mulher e seu filho.
Enquanto vivia lá, o pai de Edgar contratou Walter, o pai do menino morto, para
trabalhar em seu restaurante. Quando Edgar chega no Brasil, resolve por em
prática um plano que fará com que políticos e bandidos se choquem, dando uma
lição nos dois segmentos corruptos do país e se dando bem arrancando um
dinheiro advindo de roubos e propinas. Entretanto, tudo o que Edgar está
fazendo vai muito além de apenas dar uma lição em bandidos.
O longa é narrado em off, pelo
protagonista Edgar, contando-se as histórias dos protagonistas centrais e
mostrando o dia-a-dia deles. Além disso, a narrativa não é linear, indo e
voltando no tempo, o que explica, de forma maravilhosa, tudo o que aconteceu
até ali, como aconteceu e a forma genial com a qual as histórias de cada
personagem se entrelaçam. Achei que o filme seria uma daquelas ótimas comédias
satíricas brasileiras, todavia, vai bem além, e, de forma geral, se deve a um
roteiro inacreditável, melhor do que muitos roteiros de grandes filmes
americanos desse ano, pois não confunde ao dar voltas e mais voltas para contar
todas as histórias, cria personagens únicos que fazem o espectador se identificar
de uma forma ou outra e não deixa com que as pontas se percam, une tudo em um
desfecho imprevisível e não menos que perfeito.
Acrescente a isso, a direção e a edição de Afonso Poyart – que havia
realizado apenas o curta “Eu te Darei o Céu” (2005) – são ótimas, escolhendo os
momentos mais oportunos para filmar com câmera de mão (alternativa que eu acho
terrível, mas que cai perfeitamente nesse filme), e sendo ótimo em cada tomada
de ação, trazendo-nos as ruas de uma grande cidade, favelas e belos lugares
como pano de fundo de tiroteios, explosões e muita ação. Além disso, o filme
inova com efeitos visuais excelentes – equiparando-se com o fantástico “Tropa
de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro” (2010) -, animações na apresentação dos
personagens, referências a diversidade cultural do país. Mas, nada disso se
compara a crítica mais que necessária feita a corrupção brasileira: para que um
grande traficante possa se livrar de seus crimes, ele tenta subornar um
deputado estadual – o mesmo que influenciou o juiz que absolveu Edgar dos
assassinatos -, e mais: crítica a desordem pública da sociedade brasileira,
mostrando a forma louca com a qual é organizada a hierarquia das
favelas/subúrbios em contraponto aos bairros de classes mais elevadas, por fim,
ainda critica os profissionais corruptos que estão nos nossos tribunais,
mandando e desmandando apenas visando seu próprio bem. A trilha sonora, de
André Abujamra e Marcio Nigro, é muito característica pela diversidade de nosso
próprio país, indo de Radiohead e Kings and Queens, passando por Titãs e Lenine
e chegando nos Avassaladores – aquele grupo que tem, como maior sucesso, o funk
“Sou Foda” -, assim como quase tudo no filme, mais um trunfo.
Além da excelente direção, do roteiro de
tirar o fôlego e da trilha sonora que casa perfeitamente com a diversidade
brasileira, há um elenco forte e muito simples e natural em suas
interpretações. Ao começar pelo protagonista, Edgar é vivido por Fernando Alves
Pinto, ator de três dezenas de trabalhos, em sua maioria filmes, apesar de não
conhecer o trabalho de Fernando, fiquei mais que satisfeito com sua atuação, achei
o ator perfeito para o papel, pois é sua responsabilidade levar toda a história
e dar qualquer nexo a ela, juntando cada pedaço e cada história; em algumas
cenas é exigido aquele clássico teor dramático, sem ironia ou sátira, mas, na
maioria, Edgar está debochando da falta de vergonha com a qual se rouba no
Brasil e a falta de noção da população por ter tudo isso sobre seu olhos e se
fingir de cego. Alessandra Negrini é Julia, a mulher de um advogado safado, que
na verdade é a mulher do traficante Maicom, no início sua personagem é um pouco
apagada, mas com o desenrolar da trama ela se torna essencial e uma grande peça
na história, e isso se deve ao fato de Negrini estar impressionante como uma
jovem perturbada por seus próprios motivos e querer ser feliz da melhor forma
possível, acredito que poucas atrizes poderiam ser tão completas para a
personagem. Marat Descartes - de “É Proibido Fumar” (2009) e da ótima série
“Maysa – Quando Fala o Coração” (2009), onde viveu o ator gaúcho Carlos Alberto
– é Maicom, um perigoso bandido que está sendo investigado pela justiça há três
anos, e que pretende subornar o deputado Jader, para poder se safar de seus
crimes, Descartes nos mostra o típico traficante e chefe de grandes favelas,
crimes e organizações criminosas, sem ter pena de quem tenta lhe passar a perna
e pensando somente em seu bem, a linguagem e as expressões utilizadas pelo ator
contribuem ainda mais para a riqueza de sua atuação. Por fim, Caco Ciocler –
por sinal, ótimo na novela da Rede Globo “Salve Jorge”, onde vive o
descontrolado Celso -, está, como sempre, excelente no papel de Walter, apesar
de aparecer pouco no filme, é uma peça tão essencial quanto qualquer outro, e
nos mostra as frustrações do homem que perdeu tudo o que tinha, pensa em se
vingar de quem lhe tirou tudo e ainda consegue sonhar com um futuro mais
interessante pela frente.
“2 Coelhos” é um título que se refere a
tarefa de Edgar: aparentemente, acabar com um político e com um traficante,
dois bandidos, com um paulada só. No entanto, é mais que isso: Edgar usa toda
essa história para dar duas cajadadas e preparar um futuro melhor para personagens
que merecem um futuro melhor, mostrando que ainda existem pessoas que pensam em
si e no restante dos indivíduos a sua volta. No final das contas, o filme é uma
produção sobre compaixão, amor, felicidade, amizade e paixão que, ao se
contrapor com a corrupção, a maldade, a bandidagem e os roubos desenfreados dos
políticos no Brasil, vai contra todos os credos da indústria cinematográfica
brasileira e cria um filme que alia críticas à corrupção e a boa e velha
comédia debochada que poucas pessoas, que não os brasileiros, sabem fazer,
criando um filme único e histórico para
cinema moderno de nosso país.
VENCEDORES OSCAR 2013, com comentários:
Melhor
Filme:
Argo – apesar da não indicação de Ben Affleck, venceu a categoria mais
importante da premiação. Não concordo com o que a Academia fez, pelo simples
fato de que se era para dar o prêmio de melhor filme a Argo, por que ignoraram
Affleck?o. Uma pena que o longa não tenha vencido mais prêmios, pois pareceu
mais um consolo para Affleck, não que o longa não mereça, mas o resultado
acabou sendo estranho. Affleck, como produtor, fez um discurso ótimo, realmente
emocionado, agradecendo aos colegas, esposa e a Academia, humilde e o melhor
discurso da noite, um ótimo vencedor, um ótimo perdedor, no final das contas: o
melhor resultado, mas insisto, uma pena Affleck não ter sido indicado, ele
merecia!
Melhor
Filme Estrangeiro:
Amor, de Michael Haneke, da França – assisti apena a esse filme.
Melhor
Direção:
Ang Lee, por As Aventuras Pi – inacreditável, mas, realmente, uma das mais
perfeitas direções, um filme belíssimo e que exige muito trabalho de toda a
equipe, especialmente do diretor da produção. Parece que Lee tem a sina de
vencer na direção e perder como melhor filme.
Melhor
Ator:
Daniel Day-Lewis, por Lincoln – fez piada durante o discurso e deixou claro o
que todos falam: ele é o Meryl Streep do ano, perfeito, nada podia ser melhor
na categoria! Um dos melhores atores vivos recebendo o prêmio da melhor atriz
viva, uma americana que viveu uma das mais importantes figuras femininas
inglesa, ele, um inglês vivendo um dos mais importantes presidentes americanos.
Melhor
Atriz:
Jennifer Lawrence, por O Lado Bom da Vida – ao menos um prêmio importante para esse
filme maravilhoso. Apesar de desejar que Emmanuele Riva vencesse o prêmio,
parabéns a essa atriz que tem tudo para ser maravilhosa, fico triste em ver que
Riva não terá mais sua chance. Lawrence merece, mas terá outras chances. No entanto,
apesar do filme ser previsível, para mim é o melhor!
Melhor
Ator Coadjuvante:
Christoph Waltz, por Django Livre – mais que merecido, o ator está fantástico.
Melhor
Atriz Coadjuvante:
Anne Hathaway, por Os Miseráveis – segunda indicação da atriz, após cantar, de
forma perfeita, “I Dreamed a Drem” era óbvio que arrebataria os corações dos
americanos, mais que merecido! Finalmente o Oscar de Mia de “O Diário da
Princesa”.
Melhor
Roteiro Original:
Django Livre, para Quentin Tarantino – o longa se enforca a partir da chacina
básica de Tarantino, mas era óbvio, ao menos as criações das personagem são bem
feitas.
Melhor
Roteiro Adaptado:
Argo, para Chris Terrio – apesar de tudo, ainda prefiro “O Lado Bom da Vida”,
mas foi merecido, ótimo roteiro, com uma história bem esclarecida – preciso
fazer uma resalva: há muitos furos no roteiro, mas é uma homenagem ao cinema,
então era meio óbvio.
Melhor
Direção de Arte:
Lincoln – ao menos uma categoria técnica para um filme tão belo e bem feito, as
reconstruções são fantásticas.
Melhor
Figurino:
Anna Karenina – como já disse, o filme mais belo visualmente do ano e o
figurino é um dos principais contribuintes para isso.
Melhor
Maquiagem e Penteado:
Os Miseráveis – apesar de ser muito bem feito, acho o trabalho de O Hobbit
melhor.
Melhor
Trilha Sonora:
As Aventuras de Pi – Mychael Danna nos apresentou uma bela trilha sonora, mas,
como disse Joé Wilker, apenas eficiente, torcia muito por Anna Karenina.
Melhor
Canção Original:
“Skyfall”, de Adele e Paul Epworth, apesar, de como apontou José Wilker na
ótima transmissão da Rede Globo (só peço, apresentem toda a premiação, por
favor): “Canções de 007 são como sambas enredo, jogam um tema e o autor precisa
se virar naquilo ali”, mas a interpretação de Adele, o contexto do filme, a
letra enigmática de Adele e Paul Epworth e o filme excelente que merecia estar
entre os melhor filmes, fazem merecer, finalmente a maldição das canções de 007
foi quebreda! É a primeira vez que uma canção tema dos filmes de Bond vence na
categoria.
Melhor
Fotografia:
As Aventuras de Pi – todos os prêmios técnicos que o longa recebeu são
merecidos.
Melhor
Montagem:
Argo, - apesar de achar merecido, preferia, novamente, ver A Hora Mais Escura,
mas é bom ver Argo ganhar algum prêmio antes de vencer o principal prêmio da
noite: melhor filme do ano.
Melhor
Edição de Som:
A Hora Mais Escura – o filme é incrível e a equipe técnica é ótima, mais outra
pena pelo 007. E eis a surpresa, foi um
empate: 007 – Operação Skyfall, não podia ser melhor. Empate é algo raro,
somente para constar.
Melhor
Mixagem de Som:
Os Miseráveis – as músicas não foram dubladas nesse melhor musical do ano,
premio mais que merecido, uma pena que 007 – Operação Skyfall perca mais um.
Melhor
Efeitos Especiais:
As Aventuras de Pi – preferiria que O Hobbit tivesse levado, mas mais um prêmio
merecido pela criação belíssima do tigre.
Melhor
Filme Animação:
Valente – simples: não é a melhor animação do ano.
Melhor
Curta Metragem de Animação: Paperman – todos os indicados eram ótimos, prêmio
merecido.
Melhor
Filme Documentário:
Searching for a Sugar Man – não assisti nenhum dos indicados, mas já foi
reconhecido em ao menos uma dezena de prêmios.
Melhor
Filme Documentário Curta Metragem: Inocente – não assisti nenhum dos
indicados.
Melhor Filme Curta Metragem: Curfew – não assisti
nenhum dos indicados.
CONTAGEM DA DISTRIBUIÇÃO DE PRÊMIOS:
As Aventuras Pi - 4 prêmios - Confira a crítica aqui.
Argo - 3 prêmios - Confira a crítica aqui.
Searching for a Sugar Man - 1 prêmio
Inocente - 1 prêmio
Paperman - 1 prêmio - Confira a crítica aqui.
Curfew - 1 prêmio
Indomável Sonhadora - não ganhou nenhum prêmio - Confira a crítica aqui.
Inocente - 1 prêmio
Paperman - 1 prêmio - Confira a crítica aqui.
Curfew - 1 prêmio
Indomável Sonhadora - não ganhou nenhum prêmio - Confira a crítica aqui.
Ver a boa distribuição de prêmios mostra o quanto todos os filmes do ano foram merecedores de vencerem os prêmios.
MOMENTOS OSCAR 2013:
A cerimônia iniciou um pouco fraca, mas,
depois da música sobre a aparição de seios no cinema, tudo começou a ficar
melhor e a grande apresentação inicial que estávamos nos acostumando virou
várias apresentações. Ótima mudança!
A
celebração dos 50 anos dos filmes de James Bond foi apresentada por Halle
Barry, que apresentou a montagem belíssima sobre o agente com licença para
matar, que mostrou as Bond Girls (Barry, inclusive, é uma das mais famosas), os
vilões, os temas inesquecíveis, os intérpretes de Bond e as cenas mais famosas.
Mas a maior emoção ficou a cargo de Shirley Bassey cantando a clássica “Goldfinger”,
é incrível como a voz ainda é a mesma, o que tornou sua performance, aplaudida
de pé por todos, mais que memorável. Poucos blocos depois, Adele interpretou a
canção tema do filme 007 – Operação Skyfall: “Skyfall”.
CONFIRA AS CRÍTICAS DO AGENTE 007 NO BLOG, ELAS VÃO DESDE A CRITICA NÚMERO 154 ATÉ A CRÍTICA 172!
CONFIRA AS CRÍTICAS DO AGENTE 007 NO BLOG, ELAS VÃO DESDE A CRITICA NÚMERO 154 ATÉ A CRÍTICA 172!
Mas o maior momento da noite foi a aguardadíssima homenagem
ao musicais da última década:
Chicago: Catherina Zeta-Jones apresentou sua performance
magnífica de “All That Jazz”, impressionande do começo ao fim.
Dreamgrils – Em Busca de Um Sonho: Jennifer Hudson, vencedora
do Oscar de melhor atriz coadjuvante pelo filme, canta uma das músicas do
longa. E que voz tem essa mulher. "Obrigado Lincoln por libertar os negros”!
Aplaudida de pé.
Os Miseráveis – Hugh Jackman entoou a canção indicada ao
Oscar esse ano, “Suddenly”, música composta especialmente para o filme. Mas foi
a entrada de Anne Hathaway, cantando “I Dreamed A Dream” que emocionou a todos. Após ela, veio o elenco principal e coadjuvante do filme, que lotou o palco com
uma inacreditável apresentação. Impossível não se arrepiar com essa que foi uma
das mais memoráveis apresentações do Oscar nos últimos anos.Mais uma vez,
aplaudidos de pé!
Como sempre, o In Memoriam do prêmio foi um dos momentos mais tocantes, ao som do tema de Entre Dois Amores, de John Barry. Produtores, diretores, roteiristas, artistas, fotógrafos, críticos, editores, entre outros que deixaram a indústria cinematográfica no ano de 2012. Logo após a montagem, Barbra Streisand entrou cantando "The Way We Were", homenageando o compositor que morreu no ano passado, Marvin Hamlisch.
A maior surpresa, entretanto, foi Michelle Obama, a primeira-dama, dos Estados Unidos da América, fazer uma aparição no telão e anunciar Argo como o grande vencedor da noite.
Para encerrar a noite com chave de ouro, Seth MacFarlene, ótimo apresentador, por sinal, e Kristin Chenoweth apresentaram um curto musical relembrando várias atrações da noite que não venceram nada, a canção intitulada "Here's to the Losers" colocou o Oscar para dormir e encerrou a cerimônia.
A maior surpresa, entretanto, foi Michelle Obama, a primeira-dama, dos Estados Unidos da América, fazer uma aparição no telão e anunciar Argo como o grande vencedor da noite.
Para encerrar a noite com chave de ouro, Seth MacFarlene, ótimo apresentador, por sinal, e Kristin Chenoweth apresentaram um curto musical relembrando várias atrações da noite que não venceram nada, a canção intitulada "Here's to the Losers" colocou o Oscar para dormir e encerrou a cerimônia.
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