sábado, 23 de fevereiro de 2013

094. O CASAMENTO DO MEU MELHOR AMIGO, de P. J. Hogan


A clássica comédia água com açúcar liderada por Julia Roberts.
Nota: 8,5


Título Original: My Best Friend’s Wedding
Direção: P. J. Hogan
Elenco: Julia Roberts, Dermant Mulroney, Cameron Diaz, Rupert Everett, Philip Bosco, M. Emmet Walsh, Rachel Griffiths, Carrie Preston, Susan Sullivan, Chris Masterson
Produção: Ronald Bass, Jerry Zucker
Roteiro: Ronald Bass
Ano: 1997
Duração: 105 min.
Gênero: Comédia / Romance

Julianne e Michael foram os melhores amigos na juventude, além disso, acabou rolando um clima e os dois tiveram um momento “amizade colorida”. Todavia, esse tempo passou e eles acabaram se distanciando fisicamente um do outro. Apesar dessa distância, um tempo depois Michael liga para Julianne e conta que irá casar em três dias e quer que ela seja a madrinha. O problema é que Julianne descobriu que sempre foi apaixonada por ele e precisa correr contra o tempo para acabar com esse casamento.


Cinematograficamente falando, esse filme não contribuiu em nada de muito relevante, além do fato de ter sido uma das grandes comédias de sua época, entretanto o fato é que, popularmente, o longa conquistou o mundo todo. Isso se deve, talvez, ao fato de ser original a história de uma mulher tomando as rédeas e tentado conquistar um homem ao invés de apenas acabar com a vida de sua rival, digo, Julianne até tenta provar que a noiva de Michael é pouco para ele se comparado a ela, mas o que ela mais tenta fazer é mostrar para ele como ele ainda a ama e a deseja. Ao menos, é isso o que Julianne coloca em sua própria cabeça e faz virar algo real, afinal, para ela, não há como duas pessoas com a história deles se esquecerem tão fácil. A grande sacada do filme está na confusão de sentimentos dos protagonistas, digo, quem nunca sentiu que estava completamente apaixonado por amigo ou uma amiga, e, na realidade, tudo não passava de devaneios de uma mente perturbada ou pervertida? Há ainda aqueles que passaram por isso, e nunca esqueceram essas paixões, mesmo que elas não tenham sido concretizadas. Por fim, existem aqueles que amaram os amigos e, surpreendentemente, foram correspondidos e viveram uma boa vida juntos. Enfim, durante o longa somos pegos de surpresa pela nossa própria falta de que lado tomar na história: estamos do lado de Julianne, que deseja voltar a ter laços mais estreitos com o homem que acredita amar, ou achamos mais correto defender a noiva de Michael, uma jovem apaixonada que está perdida em meio aos planos de Julianne? E será mesmo que Julianne ama Michael, ou ela apenas está com ciúmes por que ele encontrou alguém que ela acredita que preencherá o vazio que ele sente pela ausência dela? E quanto ao pobre Michael? O que ele deve fazer para conseguir equilibrar tudo? No final das contas, Julianne vira aquele típico personagem que surgiu em meados dos anos 90 e não deixaram o gosto do povo até hoje: o do anti-heroi que defende seu próprio bem, não que ele queira destruir os outros a sua volta como fazem os vilões, ele apenas deseja ser feliz, e o resto que se dane. Em meio a toda essa confusão, está a ótima trilha sonora do filme, composta por James Norton Howard e com grandes clássicos dos anos 90 como “I Say A Little Prayer”, cantada no jantar de noivado de Michael pelo melhor amigo gay de Julianne.


A década de 1990 foi marcada pela definitiva entrada de Julia Roberts no cinema: conquistou o público e a crítica com “Uma Linda Mulher”, chegando a ser indicada ao Oscar de melhor atriz pelo papel. Mas aqui devemos falar sobre sua atuação como Julianne que, bem como no filme do começo dos anos 90, é uma comédia bem construída que exige um bom desempenho de Roberts, pois, é aqui que ela deve mostrar um pouco de maturidade em alguns sentidos e a adolescente em está dentro de todo ser humano em outros, por uma lado ela precisa agir conscientemente para que tudo de certo, por outro, ela precisa voltar à época em que ela e Michael eram dois jovens bobos que acabaram tendo um romance. Ao lado de Roberts está Dermot Mulroney, como Michael, um homem apaixonado, típico desse tipo de história: ele não percebe que Julliane está apaixonada por ele, e apenas acredita que ela está tentado fazer o melhor para ser uma boa madrinha em seu casamento. As cenas mais cômicas do longa ficam a cargo de Cameron Diaz e Rupert Everett. Ela é Kimberly, a noiva, uma jovem de vinte anos que está realizada por concretizar o tal sonho do casamento, uma menina bobinha criada na riqueza que só se importa com o amor e vê em Michael em homem integro, bonito e inteligente com quem poderá casar, ter filhinhos lindos e loiros e viver feliz para o resto da vida. Everett é o amigo gay de Julianne, George, talvez o mais racional do elenco principal, é dele a árdua tarefa de deixar claro a Julianne que o que ela está fazendo é uma completa loucura, mas que ele estará ao seu lado para qualquer momento, é a perfeita representação do amigo fiel que está ao nosso lado para qualquer momento.


“O Casamento do Meu Melhor Amigo” talvez seja, ao lado de “Uma Linda Mulher”, um dos grandes marcos da comédia inteligente pós moderna. É claro que é algo difícil encontrar homens heterossexuais que assumam gostar de ambos os filmes, entretanto, o que está em jogo aqui é a forma como os temas são abordados, e não o público ao qual os filmes se destinam. Em termos de qualidade, “Casamento” é uma comédia que vale mais a pena ser assistida que centenas de comédias no estilo americano, realizadas ou por pessoas tão estúpidas e imbecis quanto o próprio resultado da trama, ou por seres intelectualmente muito superiores aos que assistiram aos filmes, e que só estão interessados nos lucros que uma comédias dessas possa gerar. O fato é que, ao trazer uma comédia romântica com uma protagonista que deseja roubar o noivo de outra, o filme nos apresenta uma anti-heroína impossível de não se apaixonar e torcer do começo ao fim, dando ao filme uma característica totalmente original e única. Quanto ao público que se deseja atingir, é óbvio que são o público feminino e o homossexual – parcela da população que estava em alta na época -, e quanto a esse objetivo, de fato, poucos filmes foram tão bem sucedidos.


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