A clássica comédia água com açúcar liderada
por Julia Roberts.
Nota: 8,5
Título Original: My Best Friend’s Wedding
Direção: P. J. Hogan
Elenco: Julia Roberts, Dermant Mulroney, Cameron Diaz, Rupert Everett, Philip
Bosco, M. Emmet Walsh, Rachel Griffiths, Carrie Preston, Susan Sullivan, Chris
Masterson
Produção: Ronald Bass, Jerry Zucker
Roteiro: Ronald Bass
Ano: 1997
Duração: 105 min.
Gênero: Comédia / Romance
Julianne e Michael foram os melhores
amigos na juventude, além disso, acabou rolando um clima e os dois tiveram um
momento “amizade colorida”. Todavia, esse tempo passou e eles acabaram se
distanciando fisicamente um do outro. Apesar dessa distância, um tempo depois
Michael liga para Julianne e conta que irá casar em três dias e quer que ela
seja a madrinha. O problema é que Julianne descobriu que sempre foi apaixonada
por ele e precisa correr contra o tempo para acabar com esse casamento.
Cinematograficamente falando, esse filme
não contribuiu em nada de muito relevante, além do fato de ter sido uma das
grandes comédias de sua época, entretanto o fato é que, popularmente, o longa
conquistou o mundo todo. Isso se deve, talvez, ao fato de ser original a
história de uma mulher tomando as rédeas e tentado conquistar um homem ao invés
de apenas acabar com a vida de sua rival, digo, Julianne até tenta provar que a
noiva de Michael é pouco para ele se comparado a ela, mas o que ela mais tenta
fazer é mostrar para ele como ele ainda a ama e a deseja. Ao menos, é isso o
que Julianne coloca em sua própria cabeça e faz virar algo real, afinal, para
ela, não há como duas pessoas com a história deles se esquecerem tão fácil. A
grande sacada do filme está na confusão de sentimentos dos protagonistas, digo,
quem nunca sentiu que estava completamente apaixonado por amigo ou uma amiga,
e, na realidade, tudo não passava de devaneios de uma mente perturbada ou
pervertida? Há ainda aqueles que passaram por isso, e nunca esqueceram essas
paixões, mesmo que elas não tenham sido concretizadas. Por fim, existem aqueles
que amaram os amigos e, surpreendentemente, foram correspondidos e viveram uma
boa vida juntos. Enfim, durante o longa somos pegos de surpresa pela nossa
própria falta de que lado tomar na história: estamos do lado de Julianne, que
deseja voltar a ter laços mais estreitos com o homem que acredita amar, ou
achamos mais correto defender a noiva de Michael, uma jovem apaixonada que está
perdida em meio aos planos de Julianne? E será mesmo que Julianne ama Michael,
ou ela apenas está com ciúmes por que ele encontrou alguém que ela acredita que
preencherá o vazio que ele sente pela ausência dela? E quanto ao pobre Michael?
O que ele deve fazer para conseguir equilibrar tudo? No final das contas,
Julianne vira aquele típico personagem que surgiu em meados dos anos 90 e não
deixaram o gosto do povo até hoje: o do anti-heroi que defende seu próprio bem,
não que ele queira destruir os outros a sua volta como fazem os vilões, ele
apenas deseja ser feliz, e o resto que se dane. Em meio a toda essa confusão,
está a ótima trilha sonora do filme, composta por James Norton Howard e com
grandes clássicos dos anos 90 como “I Say A Little Prayer”, cantada no jantar
de noivado de Michael pelo melhor amigo gay de Julianne.
A década de 1990 foi marcada pela definitiva
entrada de Julia Roberts no cinema: conquistou o público e a crítica com “Uma
Linda Mulher”, chegando a ser indicada ao Oscar de melhor atriz pelo papel. Mas
aqui devemos falar sobre sua atuação como Julianne que, bem como no filme do
começo dos anos 90, é uma comédia bem construída que exige um bom desempenho de
Roberts, pois, é aqui que ela deve mostrar um pouco de maturidade em alguns
sentidos e a adolescente em está dentro de todo ser humano em outros, por uma
lado ela precisa agir conscientemente para que tudo de certo, por outro, ela
precisa voltar à época em que ela e Michael eram dois jovens bobos que acabaram
tendo um romance. Ao lado de Roberts está Dermot Mulroney, como Michael, um
homem apaixonado, típico desse tipo de história: ele não percebe que Julliane
está apaixonada por ele, e apenas acredita que ela está tentado fazer o melhor
para ser uma boa madrinha em seu casamento. As cenas mais cômicas do longa
ficam a cargo de Cameron Diaz e Rupert Everett. Ela é Kimberly, a noiva, uma
jovem de vinte anos que está realizada por concretizar o tal sonho do
casamento, uma menina bobinha criada na riqueza que só se importa com o amor e
vê em Michael em homem integro, bonito e inteligente com quem poderá casar, ter
filhinhos lindos e loiros e viver feliz para o resto da vida. Everett é o amigo
gay de Julianne, George, talvez o mais racional do elenco principal, é dele a
árdua tarefa de deixar claro a Julianne que o que ela está fazendo é uma
completa loucura, mas que ele estará ao seu lado para qualquer momento, é a
perfeita representação do amigo fiel que está ao nosso lado para qualquer
momento.
“O Casamento do Meu Melhor Amigo” talvez
seja, ao lado de “Uma Linda Mulher”, um dos grandes marcos da comédia
inteligente pós moderna. É claro que é algo difícil encontrar homens
heterossexuais que assumam gostar de ambos os filmes, entretanto, o que está em
jogo aqui é a forma como os temas são abordados, e não o público ao qual os
filmes se destinam. Em termos de qualidade, “Casamento” é uma comédia que vale
mais a pena ser assistida que centenas de comédias no estilo americano,
realizadas ou por pessoas tão estúpidas e imbecis quanto o próprio resultado da
trama, ou por seres intelectualmente muito superiores aos que assistiram aos
filmes, e que só estão interessados nos lucros que uma comédias dessas possa
gerar. O fato é que, ao trazer uma comédia romântica com uma protagonista que
deseja roubar o noivo de outra, o filme nos apresenta uma anti-heroína
impossível de não se apaixonar e torcer do começo ao fim, dando ao filme uma
característica totalmente original e única. Quanto ao público que se deseja
atingir, é óbvio que são o público feminino e o homossexual – parcela da
população que estava em alta na época -, e quanto a esse objetivo, de fato,
poucos filmes foram tão bem sucedidos.
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