Desrespeitando todos os costumes, o
filme mais irreverentemente agradável do ano.
Nota: 8,7
Título Original: Ted
Direção: Seth MacFarlane
Elenco: Mark Wahlberg, Mila Kunis, Seth
MacFarlane, Bretton Manley, Joel McHale, Giovanni Ribisi, Patrick Warburton,
Matt Walsh, Aedin Mincks, Bill Smitrovich, Patrick Stewart, Norah Jones, Sam J.
Jones, Tom Skerritt
Produção: Jason Clark, John Jacobs, Seth MacFarlane, Scott Stuber
Roteiro: Seth MacFarlane, Alec Sulkin e Wellesley Wild
Ano: 2012
Duração: 106 min.
Gênero: Comédia / Drama / Fantasia
Quando jovem, John Bennett não tinha
nenhum amigo e era filho único, sendo assim, quando ganhou um pequeno e tradicional
ursinho de pelúcia no dia de Natal, pediu a Deus que Ted pudesse conversar com
ele e ser seu melhor amigo para todo o sempre. Inacreditavelmente, o pedido foi
atendido e John acordou com Ted falando, o urso tornou-se famoso, deu entrevistas,
teve fãs, mas, como tudo o que é bom dura pouco – ainda mais para celebridades
instantâneas -, John cresceu e Ted ficou esquecido pelo povo, entretanto, a
amizade dos dois permaneceu, fazendo com que John apenas crescesse, e
continuasse uma criança. Todavia, Bennett já passou dos trinta e precisa tomar
tenência para não perder seu emprego e deixar a mulher de sua vida escapar-lhe
pelos dedos, ao mesmo tempo em que precisa permanecer ao lado de seu eterno
melhor amigo, Ted.
Não gosto da maior parte das interpretações
de Mark Wahlberg, não acreditava no potencial de Seth MacFarlane para dirigir,
roteirizar, produzir e dublar qualquer filme e não acreditava que um longa onde
um homem que já passou dos trinta anos possui um urso que fala pudesse dar
certo. Eu estava errado. Por um simples fato: tudo o que imaginei que seria
esse filme estava errado, e foi por isso que não medi espaço para o parágrafo
anterior e expliquei exatamente o que aconteceu. Antes de ler algo relevante
sobre o longa, achava que o filme era sobre um homem de mais de trinta anos que
ainda tinha aquela mania estranha de falar com seus bichinhos de pelúcia, mas
muito pelo contrário, Ted realmente fala, e como fala. Além disso, o urso
“cresceu” assim como John, e tornou-se um ser tão repugnante quanto se possa
imagina. Lembro-me de quando o filme foi lançado ouvir as pessoas comentarem o
quão terrível era aquele ursinho fumando maconha, no entanto, existem centenas
de coisas muito piores que esse ser pode fazer, e fumar maconha é apenas a mais
básica delas. Ted dirigi carros sem nem enxergar a rua direito, Ted consome
bebidas alcoólicas loucamente, Ted contrata prostitutas que defecam no chão,
Ted fala palavrões a torto e direito, Ted faz gestos obscenos para qualquer
pessoa que vê na rua, Ted faz sexo em seu local de trabalho, Ted chama John
para fumar maconha e assistir a programas de TV quando John deveria estar
trabalhando, Ted inventou uma musiquinha ridícula para quando ele e John ficam
com medo da chuva. Enfim, Ted faz tudo o que nossos pais nos mandam não fazer,
e mais um pouco. Ted faria até mesmo Dercy Gonçalves se sentir uma santa. Nesse
contexto, podemos absorver centenas de coisas durante o filme, mas a principal
delas é bem básica: Ted representa, da forma mais filosófica possível, a
ruptura dos padrões sócias pré-estabelecidos por nossos antepassados, e o faz
de forma tão única que torna esse filme algo sensacional. A canção “Everybody
Needs a Best Friend” está indicada ao Oscar de melhor canção original, e, para
mim, apesar de adorar “Skyfall”, de Adele, é a que mais se encaixa no filme
entre as indicadas.
Como disse anteriormente, Mark Wahlberg
está surpreendente como John, isso, por que, é dele a responsabilidade de
humanizar as atitudes de Ted, ou seja, John, ao contrário do urso, precisa,
digo, necessita, impresindivelmente de um emprego, precisa trabalhar e ganhar
dinheiro, e é aí que está o trunfo do ator: o personagem tenta, mas a tentação
de estar ao lado de seu melhor amigo e permanecer em casa bebendo, fumando e
vadiando é muito maior que a vontade de trabalhar e ganhar a vida, Wahlberg
está tão bem exatamente por isso, em alguns momentos é um homem feito, que sabe
da necessidade de ser alguém na vida, bem como em segundos depois volta a ter a
feição confusa e infantil e se torna o menino com o ursinho de pelúcia
novamente. MacFarlene é a voz de Ted, sobre ele apenas podemos dizer que faz
Ted parecer ainda mais engraçado e idiota, nada além. Mila Kunis é Lori, a
namorada de John, como era de se esperar, Kunis está muito bem no papel, que,
aliás não tem nada de mais e acaba sendo apenas a parte feminina da história:
uma mulher decidida, apaixonada e com grandes perspectivas para o futuro, as
mulheres não podiam estar melhor representadas. A parte chata e, por vezes,
ruim do filme fica a cargo de Joel McHale – o chefe de Lori – e da dupla
composta por Giovanni Ribisi e Aedin Mincks – pai e filho que desejam
comprar/roubar Ted -, apesar das interpretações ruins, suas personagens são o
que há de mais debochado no filme, nos remetendo aos grandes filmes de
Hollywood que tem como enredo o sequestro de qualquer personagem estúpido o
abuso nojento de poder.
Ted representa tudo o que os seres
humanos desejavam fazer um dia, Ted representa um desabafo social de todos os
seres humanos, que gostariam de jogar tudo para o alto e viver uma vida cheia
de emoções bem diferentes das encontradas no abismo da rotina, no qual todos
acabamos caindo um dia. John representa a maior parcela de seres humanos do
sexo masculino no mundo: eles (nós) poucas vezes passam dos quinze anos de idade,
permanecendo naquela faixa etária terrível onde os hormônios estão a flor da
pele e a luxúria por descobrir coisas novas é inevitável. Lori é a parte mais
séria, o que prova que homens só se tornam verdadeiros homens, deixando de
serem garotos, a partir do momento em que encontram com uma mulher disposta a
fazer aparecer o tal homem. O filme em si se torna algo tão engraçado e irônico
que mesmo seus momentos sérios parecem debochar do que a sociedade acredita ser
triste ou deprimente – a exemplo o sequestro de Ted e a tentativa de sair do
emprego que conseguiu, ao invés de permanecer no mesmo. E é aí que o filme
acerta em cheio: não há padrões a serem seguidos, e mesmo o que pode parecer
real e que tenha uma conotação séria se torna algo divertido, sendo assim, o
filme foge tanto dos padrões dramáticos, quanto dos padrões cômicos,
tornando-se um filme único.
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