Divertido e sexy para as mulheres e uma
boa lição de casa para os homens.
Nota: 8,0
Título Original: Magic Mike
Direção: Steven Soderbergh
Elenco: Channing Tatum, Alex Pettyfer,
Matthew McConaughey, Olivia Munn, Reid Carolin, Cody Horn, Joe Manganiello,
Matt Bomer, Adam rodrigues, Kevis Nash, Gabriel Iglesias
Produção: Reid Carolin, Gregory Jacobs, Channing Tatum e Nick Wechsler
Roteiro: Reid Carolin
Ano: 2012
Duração: 110 min.
Gênero: Comédia / Drama
Mike é um homem de 30 anos que faz strip
para sobreviver, por trás do homem conquistador cheio de músculos e virilidade,
entretanto, está um homem com o sonho de montar sua própria loja de móveis
planejados, e, de dólar em dólar na cueca ele vai juntando o dinheiro para o
tal negócio. Em meio a um de seus outros serviços, ele encontra Adam, um jovem
de 19 anos que parece perfeito para entrar para o negócio de strip, afinal, ele
é jovem, bonitinho, sexy e irá enlouquecer as mulheres mais velhas do
estabelecimento.
Dando apenas esse pobre enredo, “Magic
Mike” parece ser um filme perfeito para mulheres e homossexuais loucos para ver
homens tirando as roupas em um palco ao som de canções como “Like a Virgin” e
“It’s Raining Men”, e seria exatamente apenas isso se o longa não fosse
dirigido por Steven Soderbergh, um dos diretores mais visionários vistos na
última década. Para se ter uma idéia de sua carreira excelente no cinema, que
agradou, até hoje, tanto público quanto crítica, temos, dentre 35 títulos:
“Sexo , Mentiras e Videotape” (1989), “Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento”
(2000), “Onze Homens e Um Segredo” (2001) e suas sequências (2004 e 2007), “O
Segredo de Berlim” (2006), “Confissões de uma Garota de Programa” (2009), “O
Desinformante!” e “Contágio” (2011). Tento em vista tal carreira e o fato de
Soderbergh sempre ter tratado realidades da vida de forma simples e realista, o
filme não podia ser resumido a um público tão seleto. Na realidade, os críticos
se dividem bem quanto ao filme: para as mulheres, o longa é divertido,
inteligente e ajuda a descontrair bastante; para os homens não há palavra
melhor que lixo, afinal, para os críticos masculinos, nada pior que ir ao
cinema e ver homens tirando as roupas. Sou um pouco mais imparcial: tirar a
roupa de homens musculosos e símbolos sexuais – incluindo um ator homossexual
assumido, casado e pai de três filhos – é apenas uma forma de chamar a atenção
de todos, afinal, no fundo, no fundo, o público masculino acaba se interessando
em assistir ao filme ao menos para ver o que chama tanto a atenção de suas
esposas, no mais simples linguajar, aprender o que as mulheres querem. O
problema do filme acaba sendo o foco apenas em Mike e Adam, deixando de lado o
resto dos integrantes do clube onde os dois trabalham, ou seja, as apresentações
parecem um pouco perdidas e aleatórias, apenas para chamar a atenção mesmo,
chegando a ser raro ouvir algum dos atores do clube ter alguma fala, e quando
tem, são curtas e quase desnecessárias.
Channing Tatum quase ganha o atestado de
verdadeiro ator com esse longa, quero dizer, até aqui ele não havia acertado
muito, mas era o erro básico: aceitar ou escolher papeis que não exigem muito
de um ator. Como Mike ele precisa oscilar entre o homem que deseja uma vida
menos agitada e mais séria e o garoto que não saiu do 18 anos e ainda se
diverte com mulheres desconhecidas o desejando em um lugar onde ele está
disposto a tirar a roupa por dinheiro, não que não haja dignidade nesse
trabalho, mas convenhamos, um homem passado dos 35 fazendo isso é ridículo. E é
nessa prática ridícula e deprimente que se sustenta a interpretação de Matthew
McConaughey como Dallas, o proprietário do clube, ele nos traz o perfeito
imbecil que não consegue admitir que essa história de tirar a roupa, ficar de
cueca fio dental em cima de um palco e dançar para mulheres desesperadas para
agarrá-lo é para homens jovens, que ainda conseguem dar conta de qualquer
recado, para se ter uma idéia da atuação de Mcconaughey, ele venceu o prêmio
dos Críticos de Nova Yotk como melhor ator Coadjuvante, uma das premiações mais
importantes da temporada. Adam é vivido por Alex Pettyfer, não há nada de muito
grandioso em sua atuação, a não ser uma ou outra cena em particular, como
aquela em que ele faz seu primeiro strip e os momentos onde ele demonstra
extrema imaturidade em relação a fatos reais, como drogas e bebidas em excesso.
Além dos três, a única pessoa que merece destaque é Cody Horn, que interpreta
Booke, a irmã mais velha de Adam e a única cabeça racional e realmente madura
de todo o elenco. O restante, como disse, acaba não mostrando nada além de
corpos e tino para dança, são eles: Matt Bomer (Ken), Joe Manganiello (Big Dick
Richie), Adam Rodriguez (Tito) e Kevin Nash (Tarzan), apesar disso, Bomer e
Manganiello são protagonistas, respectivamente, dos sucessos na televisão “White
Collar” (2009 -2013) e “True Blood” (2010 -2013).
Em suma, “Magic Mike”, tem boas versões
de músicas que já conhecemos, tem boas atuações, tem uma boa fotografia, uma
boa montagem e uma ótima direção – ótima, mas não a ponto de fazer com que o
longa seja mais que um bom filme. Isso porque, a história é boa, mas a forma
abordada não é das mais inteligentes, e a propaganda feita acerca de toda a
produção de que ela seria um festival de homens semi nus dançando acabou
fazendo com que exatamente essa parte que atraiu tantos espectadores se
tornasse algo pequeno e mostrasse apenas o quão fúteis são os seres humanos,
como o ego sempre precisa ser elevado ao máximo para darmos o melhor de nós.
Nesse contexto, a vida de Mike se torna o centro das atenções, mas acaba
fazendo de seu principal trabalho o segundo plano, a parte divertida e ilusória
da vida de todos ali – menos de Dallas, que vive para aquilo tudo. Em contra
ponto, a produção traz uma nova forma de mostrar essa geração de jovens
perdidos que pararam de crescer no tempo, restando a eles apenas sonhar com um
futuro melhor. Mas talvez assim seja mais digno, afinal, enquanto o tal futuro
esperado não chega, ao invés de se esperar sentado ou de se chorar por coisas que
não acontecem, os jovens fazem o que qualquer ser humano deve fazer para buscar
a felicidade: os jovens batalham, não importa as armas que usam ou a forma como
lutam, o que interessa é sua pré-disposição para a batalha. E aqui, uma coisa
que não falta é disposição.
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