Um dos filmes, visualmente, mais belos do
cinema.
Nota: 9,0
Título Original: Michael Mann
Direção: Michael Mann
Elenco: Daneil Day-Lewis, Madeleine Stowe, Russell Means, Eric Shweig,
Produçaõ: Hunt Lowry e Michael Mann
Roteiro: Michael Mann, Christopher Crowe, John L. Balderston, Paul
Perez, Daniel Moore, Philip Dunne (roteiro de 1936) e James Fenimore Coopper
Ano: 1992
Duração: 112 min.
Gênero: Drama / Romance / Aventura
Em meio à Guerra dos Sete Anos (1756 –
1763) travada entre os franceses que viviam no Canadá e os ingleses que viviam
nos EUA, pela colônia da Inglaterra, Nathaniel – um branco adotado por um
moicano -, Chingachgook – o pai adotivo – e Uncas – o filho de Chingachgook -,
decidem não participar do confronto. Entretanto, por meio das forças do
destino, um grupo de oficiais ingleses é traído e atacado por nativos que
estavam mancomunados com os franceses. Ao salvar o que restou desse grupo –
Major Duncan Heyward e as filhas do Coronel Edmund Munro, Cora e Alice -, fica
claro que a vida de todos mudará drasticamente.
As guerras e conflitos antes, durante e
depois da Independência dos Estados Unidos da América – antiga colônia da
Inglaterra -, exterminaram com os índios do país, isso, por que o povo europeu,
obviamente, acreditava ser superior aos reais nativos da região. Apesar de o
longa envolver um belo romance entre Cora e Nathaniel, é exatamente dos índios
e de sua exterminação nos EUA que esse filme trata. Por um ângulo, vemos a
cultura dos nativos, seus ritos – logo na abertura do filme eles matam um
animal, mas, antes de mais nada, agradecem aos Deuses e pedem para que os
mesmos recebam a alma do bicho -, suas crenças e suas tradições. Em contraste a
isso, assistimos a triste humilhação deles para com eles mesmos, pois descobrem
que precisarão estar ao lado de um dos homens brancos para lutar pelo país, de
outra forma, serão mortos, por outro lado, os índios lutam sem ter certeza
alguma de seu destino, se serão mortos, se poderão permanecer como livres ou
escravos ou se poderão seguir com suas vidas normalmente sem perturbar os
colonizadores.
Michael Mann, triplamente indicado ao
Oscar por “O Informante” (1999) e diretor de “Fogo Contra Fogo” (1995),
“Colateral” (2004) e, mais recentemente, “Inimigos Públicos” (2009) tem, em “O
Último dos Moicanos”, se não o seu melhor trabalho, o mais belo, afinal, por
ser uma guerra ambientada em meio ao continente norte-americano ainda sem ter
sido desbravado, estamos em uma selva imensa sem cidade alguma, além disso, os
fortes e trincheiras das batalhas são o que há de mais próximo de civilização
por perto. Nesse contexto, a fotografia do longa, de Dante Spinotti – indicado
ao Oscar por “Los Angeles – Cidade Proibida” (1997) e “O Informante”-, é uma
das mais belas já vistas, sendo possível compará-la com a trilogia épica de “O
Senhor dos Aneis” – claro que tudo com mais sobriedade e simplicidade, afinal,
estamos em um mundo totalmente real chamado Estados Unidos da América -, mas
não se pode negar que o trabalho de Spinotti está fantástico. Se existe alguma
coisa pela qual Randy Edelman deve agradecer a Deus é por ter tido a chance de
encarar a trilha sonora desse filme, isso, por que não há absolutamente nenhum
filme em sua carreira, além desse, que a salve de ser uma completa catástrofe,
não que as trilhas sejam ruins, mas os filmes são péssimos; se por um lado os
filmes da carreira de Edelman são ruins, vemos o contrário na carreira de seu
parceiro no longa, Trevor Jones.
O inglês Daniel Day-Lewis vive
Nathaniel, um homem branco criado por índios que jamais renegou o que os nativos
fizeram por ele. Sua interpretação é rica ao mostrar a grande diferença entre
ele e os demais brancos que lutam na guerra: Nathaniel compreende o povo
indígena, e mais, luta por eles como se lutasse por seu próprio povo, afinal,
ele vê os moicanos como sua própria família; além disso, poucos atores
conseguem tanta naturalidade quando Lewis ao retratar qualquer personagem, e,
talvez, seja por isso, que o ator não é visto em filmes e mais filmes a cada
ano, nesse contexto, todas as suas interpretações se tornam ótimas. Madeleine
Stowe é a jovem Cora, logo no início do longa ela parece apenas uma bela
mulher, daquelas idiotas típicas desse tipo de filme, no estilo Scarlett O’Hara
em “... E O Vento Levou” (1939), todavia, o que nos é apresentado é uma jovem inteligente
e corajosa, que não tem medo de enfrentar a guerra pelas pessoas que ama ou por
si própria. Um dos maiores trunfos da história se dá no romance entre as personagens
de Lewis e Stowe, isso, por que, não vemos aquele tipo chato de romance entre
duas pessoas apaixonadas sem pensar em todas as consequências do que fazer,
Nathaniel e Cora são racionais e sabem que isso é preciso, afinal, eles estão
em uma guerra. A sobriedade e a clareza que somente almas mais velhas possuem
toma conta da atuação de Russell Means, que vive o patriarca Chingachgook, o
ator nos traz algo singelo, sem muito a ser dito além das óbvias referências
aos índios, mas quando é preciso o ator mostrar o sofrimento e a dor, ele o faz
com uma classe incomparável. Em contra ponto aos mocinhos citados a cima, temos
Magua, um detestável traidor, o típico vilão que não está fazendo nada por seu
país (como os franceses ou ingleses, que lutam pela sobrevivência e pelo
patriotismo às suas respectivas nações), ele luta por vingança, e é nisso que
consiste a beleza da interpretação de Wes Studi.
Guerra, vingança, paixão, família e
tradição foram os centros de muitos filmes da história da Sétima Arte,
entretanto, poucos atingem a proeza de abordar todos eles em apenas uma
história entrelaçando fatos e acontecimentos, reais ou fictícios, formando um
roteiro rico, que, por sua vez, traz a possibilidade de grandes atuações, com
tanto que tenhamos uma boa direção. Tudo isso, é visto em “O Último dos
Moicanos”, um filme com certa simplicidade em seus fatos, mas que propõe
reflexões e nos apresenta o mais belo de uma cultura há muito destruída e
marginalizada. Acrescente a isso, volto a destacar o romance entre os
protagonistas: não é preciso beijos e cenas quentes de um sexo sem compromisso,
cheio de paixão e desejo, Nathaniel e Cora mostram o amor que sentem um pelo
outro apenas com olhares. E se todo o restante do filme serve apenas como pano
de fundo para a história do casal, que seja, ao menos uma produção é séria o
suficiente para mostrar como um amor pode ser realmente verdadeiro.
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