Na tentativa de ser um grande filme
sobre a vida surge uma catástrofe.
Nota: 6,5
Título Original: The Words
Direção e Roteiro: Brian Klugman e Lee
Sternthal
Elenco: Bradley Cooper, Jeremy Irons, Dennis Quaid, Johan Hannah, Zoe
Saldana, Michael McKean, Ben Barnes, Nora Arnezeder
Produção:Michael Benaroya, Tatiana
Kelly, Jim Young
Ano: 2012
Duração: 97 min.
Gênero: Drama / Romance
Clay Hammond é um renomado escritor que
conta a história de seu livro no lançamento de sua obra, repleto de jornalistas
e convidados. A estória gira em torno de
Rory Jansen, um jovem escritor que tenta escrever um bom livro desde que
se formou. Entretanto, mesmo estando feliz com a esposa, Dora, nada é tão fácil
quanto parece na vida, e Rory encontra problemas. Em um dado momento, o
escritor consegue terminar seu livro e o entrega a um agente, que acha tudo
ótimo, muito bonito, muito inteligente, mas que diz que não irá publicar por ser
algo muito bom para um iniciante. Um tempo depois Rory se torna um sucesso com outro
livro sobre um homem e uma mulher apaixonados na Europa em plena Guerra, o
único problema é que o livro não foi escrito por ele, e, agora, o homem que
conta sua vida na obra se apresenta para Rory.
Antes de mais nada, é preciso lembrar
que tanto Brian Klugman quanto Lee Sternthal são um pouco jovens para realizar
um longa com tanto apelo emocional e que nos faça refletir como deveria, além
disso, são eles os roteiristas de “Tron – O Legado” (2010). Dessa forma, não se
podia esperar um filme com muito a ser dito. Na realidade, o que acontece é uma
imensa catástrofe: temos, no contexto da produção, três histórias bem
diferenciadas, mas nenhuma delas bem explicada ou argumentada. A primeira, em
ordem cronológica se tudo aconteceu realmente, é a do homem que escreveu o
livro original publicado por Rory; a segunda, é a história de Rory, que não
fica muito clara se é apenas ficção ou é uma autobiografia de Hammond; a
terceira e última é a história do próprio Clay Hammond, um bom escritor, mas
solitário e com a cabeça cheia de pensamentos. O problema fica exatamente no
fato de Hammond estar contando a história, o que deveria ter acontecido para
que o longa fosse tudo aquilo que pode-se esperar era o seguinte: esqueçam
Hammond, a história seria sobre Rory Jensen e a dificuldade de se escrever um
livro ou qualquer outra coisa que exija um pouco do intelecto do talento humano
– a única coisa boa do filme é isso, ao menos para os escritores que assistirem
ao filme, ali estará algo para se identificar -, após algum tempo, o escritor
verdadeiro do livro apareceria, mas, ao invés de ele contar sua história de uma
tacada só, ele e Rory se encontrariam várias vezes e os dois teriam a chance de
escreverem alguma coisa juntos, e daí viria lição de honestidade, superação,
bondade e a reflexão sobre o certo e errado e o que deve ser feito da vida, no
desfecho mais dramático possível o homem morreria e Rory e Dora teriam um filho
ao qual dariam o nome do velho. No entanto, o que nos é apresentado é uma
confusão de histórias, onde não sabemos se há relações diretas entre os
personagens ou se tudo não passa apenas de uma ficção barata.
Bradley Cooper e Jeremy Irons, e as
respectivas parceiras de seus personagens na trama, são a única coisa que
presta em todo o longa, Dennis Quaid e Olivia Wilde são o que estragam tudo,
não apenas por o enredo que os envolve ser chato, mas pelo fato de que eles
apenas pioram a situação. Cooper é Rory Jansen, como disse, talvez a melhor
coisa seja assistir às cenas do ator em que ele não consegue escrever nada,
afinal nada surge em sua mente, e tudo o que surge parece não prestar, em
contra ponto, vemos, também, cenas em que ele tem ótimas inspirações e escreve
feito louco. Zoe Saldana é a esposa, Dora Jansen, de tempos em tempos atrizes
bonitas, talentosas e simpáticas surgem, e a naturalidade toma conta de alguns
de suas interpretações, é o que acontece com Saldana, que, direto do chato
“Avatar” (2009), nos proporciona uma mulher sonhadora que deseja conquistar
tais sonhos com os pés no chão, para ser feliz ao lado do marido. Jeremy Irons
jamais conseguirá encarar algum personagem e fazê-lo de forma ruim, nem que ele
tente, pelo simples fato: naturalmente esse homem é incrível, como aqueles cantores
que não precisam forçar a voz, Irons jamais precisou forçar seu carisma ou seu
talento. Dennis Quaid e OliviaWilde – ele, Clay Hammond, ela, uma vadia que
está atrás do escritor -, estão péssimos e estragam uma história interessante,
tornando-a uma catástrofe total.
A intenção de Brian Klugman e Lee
Sternthal, como a de tantos outros diretores, é boa, e a proposta do filme de
trazer essa reflexão sobre roubar ou não idéias dos outros e até que ponto vale
toda essa busca pela fama, dinheiro e glamour já está velha no cinema. Apesar
disso, a história é boa e, se fosse contada de maneira certa, talvez
funcionasse exatamente como uma forma inovadora de mostrar às pessoas que
existe algo mais importante que fazer sucesso. O filme, no final das contas,
acaba sendo um pouco parecido com o primeiro livro que Rory Jansen tenta
lançar: no longa, o livro é sobre jovens revoltados – o que traz ótimas
reflexões, sempre -, mas se negam a publicá-lo por ser reflexivo demais para um
autor tão novato, o mesmo acontece com essa produção, a única diferença é que o
filme tenta fazer reflexões de forma inteligente e bem vindas, mas,
diferentemente da obra de Jansen, vira um fracasso.
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