sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

115. O ADVOGADO DO DIABO, de Taylor Hackford


O Satã não podia ser melhor!
Nota: 9,0


Título Original: The Devil’s Advocate
Direção: Taylor Hackford
Elenco: Keanu Reeves, Al Pacino, Charlize Theron, Jeffrey Jones, Judith Ivey, Connie Nielsen, Craig T. Nelson, Tamaa Tunie, Debra Monk, Vyto Ruginis
Produção: Anne Kopelson, Arnold Kopelson, Arnon Milchan
Roteiro: Jonathan Lemkin, Tony Gilroy e Andrew Neiderman (romance)
Ano: 1997
Duração: 144 min.
Gênero: Thriller / Drama

Kevin Lomax é o melhor advogado da Flórida no momento, nunca perdeu uma causa e vive uma ótima vida ao lado de sua esposa Mary Ann Lomax. Quando Kevin livra um estuprador da cadeia, surpreendentemente é convidado pelo representante do poderoso John Milton para ir para Nova York. Ao chegar lá, Kevin e Mary Ann encontram uma vida melhor que o esperado, cheia de mordomias e riquezas. Entretanto, enquanto ela começa a desconfiar de tanta perfeição, Kevin se enreda cada vez mais nas mentiras e tramóias de Milton, as quais o levam para um caminho, aparentemente, sem volta.


Não é preciso começar a assistir ao filme, muito menos chegar até seu desfecho, para perceber que John Milton - aqui interpretado por Al Pacino – é o Diabo em pessoa, aparentemente, algo que somente será descoberto no fim do filme, o homem não está possuído pela alma do Satã, ele é, literalmente, o Demônio em pessoa. Durante a trama, apesar de o enredo parecer mostrar outras coisas, o Diabo é apenas a representação dos pecados, do medo, da dúvida e dos receios que enredam os seres humanos e os fazem cair em desespero. Nesse contexto, Milton pode até fazer parecer que ele é uma espécie de vilão, mas, analisando tudo mais a fundo, percebemos o quanto o personagem pode enlouquecer as pessoas e controlá-las, tal qual, como já disse, o medo, a dúvida, os pecados, etc. O vencedor do Oscar e diretor do longa “Ray” (2004), Taylor Hackford é quem lidera essa produção excelente, mas, obviamente, não é apenas o seu ótimo trabalho que torna esse filme algo tão, absurdamente, agradável. Andrzej Bartkowiak é o diretor de uma fotografia bela, apesar de o longa acontecer todo em ambiente urbano. Além disso, James Newton Howard – indicado ao Oscar oito vezes por longas como: “O Fugitivo” (1993), “O Casamento do Meu Melhor Amigo” (1997) e “Conduta de Risco” (2007) – é o compositor de uma trilha sonora rica e, como de costume, extremamente propícia para cada cena ou personagem do longa.


Keanu Reeves é aquele tipo de ator imprevisível, que está péssimo em alguns filmes e ótimos em outros, sem meio termo. Aqui, graças ao excelente roteiro, ou ao personagem incrível ou ao restante do elenco ser ótimo, Reeves está nesse segundo grupo de atuações: o das ótimas. Como Kevin, Reeves nos proporciona um jovem advogado louco para crescer profissionalmente, mas que se vê confuso ao perder a esposa para a suposta loucura e analisar como deixou tantos criminosos livres durante tanto tampo. Charlize Theron nunca foi uma atriz incrível, mas também nunca decepciona em seus filmes, aqui ela é uma Mary Ann simpática, iludida com o mundo dos ricos e bem pervertida, que não liga para saber quem são os culpados, apenas deseja que o marido faça seu trabalho e ganhe dinheiro; nos momentos de loucura ela se mostra uma pessoa totalmente perturbada, com medo de tudo o que possa a estar rodeando. Dentre todo o resto do grande elenco do filme, não há mais ninguém que mereça grande destaque que não seja o incrível Al Pacino. Um dos maiores mestres da atuação do cinema moderno, Pacino não poderia decepcionar em um papel tão sarcástico e debochado, não aprece que qualquer coisa perturbe o ator durante o longa por ele estar interpretando um ser tão avesso ao que as pessoas depositam sua fé; ao encarar John Milton, Pacino nos traz mais uma de suas grandes atuações, depravado, determinado e com a luxúria e a vaidade acima de qualquer coisa, ele está, mais uma vez inacreditável.


É sabido que Lúcifer, o anjo caído, possui diversas facetas – até porque, a palavra, vinda do latim, significa “portador de luz” -, sendo assim, pode assumir várias formas, apossar-se de qualquer ser vivo, confundir nossos sentidos, convencer-nos a realizarmos coisas que nós nem sabíamos que poderíamos fazer. E é bem isso o que esse filme mostra, mas acaba indo além propondo que nossos atos não são culpa apenas dos demônios que carregamos dentro de nós, e sim por um conjunto de fatores que formam a personalidade consumista de todos os seres humanos que nos tornamos após a aderência dos ideais capitalistas. Acrescente a isso, é falado muito sobre a vaidade – um dos sete pecados capitais/mortais ditados pela santa Igreja Católica -, o que pode servir a uma crítica direta aos próprios envolvidos com esse louco mundo do entretenimento – atores, cantos, produtores, modelos, jornalistas – que se preocupam o tempo todo com a forma como irão parecer para o mundo. E é usando essa preocupação que, no filme, o Diabo toma a consciência dos homens como se eles fossem fantoches, induzindo-os a realizarem coisas terríveis, pra si e para outras pessoas. Na realidade, a vaidade acaba sendo, não apenas o pecado mais agradável para o Satã, mas, também o mais aterrorizante para o restante da humanidade.


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