segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

108. NUNCA MAIS, de Michael Apted


Nada muito grandioso, mas um bom longa sobre a força feminina.
Nota: 7,0


       Título Original: Enough
        Direção: Michael Apted
       Elenco: Jennifer Lopez, Billy Campbell, Tessa Allen, Juliette Lewis, Dan Futterman, Noah Wyle, Fred Ward, Janet Carroll, Bill Cobbs, Bruce A. Young
       Produção: Bob Cowan, Irwin Winkler
       Roteiro: Nicholas Kazan
       Ano: 2002
       Duração: 115 min.
       Gênero: Drama / Thriller

'     Slim é uma bela mulher que trabalha como garçonete, certo dia é abordada da forma mais clichê possível por um homem. Outro homem interrompe a catada e Slim acaba se apaixonando e casando com ele. O casal vive feliz durante alguns anos, mora em uma casa imensa, tem uma filha e uma vida social ótima. Entretanto, Mitch Hiller não era tudo aquilo o que Slim pensava: quando ela descobre que ele tem uma amante e resolve tirar satisfações ele deixa bem claro que quem manda ali é ele e que o papel da esposa é aturar o que o marido faz e diz. Agora Slim terá de escolher entre permanecer ao lado do marido agressivo ou lutar contra ele.
      Michael Apted dirigiu filmes simpáticos como “Nas Montanhas dos Gorilas” (1988), longas de ação para adultos como “007 – O Mundo não é o Bastante” (1999) e produções destinadas para o público infanto-juvenil como “As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada” (2010). Dentre seus filmes, “Nunca Mais” se aproxima dos destinados ao público adulto, que é mais capaz de compreender o que se passa na cabeça da personagem principal e avaliar as atitudes tanto dela – que está desesperada para se ver longe do marido, protegendo sua vida e, principalmente, a da filha do casal – quanto dele – um homem descontrolado que está mais acostumado a ter tudo sobre o seu controle, e parece não ver no divórcio uma alternativa plausível. Dentre os mais diversos fatos a serem observados durante o enredo, talvez o maior deles seja a escolha de Slim: ficar e permanecer ao lado do homem agressivo – isso implicaria em aquentar as traições e um tapa aqui e outro ali de vez em quando, mas ela e a filha ainda teriam uma vida confortável como sempre tiveram desde que Slim se casou -; fugir e deixar tudo para trás – o que provocaria a fúria de Mitch e faria com que ele, provavelmente fosse atrás das duas -; correr até seu pai biológico e pedir ajuda – apesar de o homem ser rico, ele poderia negar qualquer coisa para a jovem, e ela se veria em outro grande problema, afinal, o próprio pai poderia delatá-la ao marido -; dar um jeito de assassinar o marido e provar que foi em legítima defesa – isso significaria deixar a filha sem pai, mas elas teriam tudo o que se precisam para viver, paz e dinheiro, o trauma da perda do pai se compensaria mais tarde. Enquanto Slim pensa, entretanto, o tempo corre e ela deve fazer alguma coisa para preservar sua vida e de sua filha, e é aí que está o melhor do filme: o roteiro não chega a ser chato, elas fogem um pouco, correm para aqui e para ali e, no momento em que tudo começaria a ficar monótono, Slim resolve enfrentar o marido e mostrar do que ela é capaz. David Arnold, compositor de trilhas sonoras de pouco menos de meia dúzia dos 23 longas da franquia “007”, assina a boa trilha sonora desse filme, nada de mais, apenas um bom trabalho.
        Jennifer Lopez é uma das atrizes mais simpáticas e sexys do cinema da última década, todavia, não é uma coisa fácil encontrar uma interpretação realmente boa dela como atriz. Aqui ela está satisfatória demonstrando as aflições de uma mãe quando a vida de sua única filha corre perigo, além disso, o medo e a determinação se fazem presentes o tempo todo. Billy Campbell é um Mitch natural apenas nos momentos agressivos, o problema, nesse contexto, fica nas cenas que o ator precisa ser um pouco mais sério, é aí que sua interpretação fica exagerada demais e tudo vai a baixo. Tessa Allen, uma jovem atriz que não realizou muitos trabalhos após esse, é a pequena Gracie, é raro ver uma atriz se sair bem em com uma personagem que precisa lidar com o sofrimento de ter um divórcio tão conturbado entre seus pais, a menina tinha apenas seis anos na época, mas parece estar vivendo a situação na vida real. No restante do elenco, temos os amigos de Slim, Juliette Lewis e Dan Futterman, o pai de Slim, Fred Ward e a mãe de Mitch, Janet Carroll.
       Filmes sobre mulheres que são mal tratadas pelos maridos e resolvem fazer alguma coisa a respeito para mostrar que merecem mais respeito é algo bem comum vindo de Hollywood, e é esse o problema. Sendo comum, os filmes que abordam esse tema se tornaram algo muito clichê e sem graça, no entanto, “Nunca Mais” possui um roteiro, no mínimo, interessante. Talvez seja a forma como ele acaba sendo abordado ou a montagem muito diferenciada – o que é um risco tremendo para qualquer produção -, talvez, ainda, sejam as atuações um pouco fracas, enfim, tudo acaba contribuindo para uma produção agradável de se assistir prestando a atenção apenas uma vez na vida, as outras, podem ser apenas para passar o tempo.


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